Só 45% das escolas liberam acesso à internet sem fio aos alunos
Confira destaques da TIC Educação, que traz um panorama de uso e acesso a recursos digitais em meio à pandemia
por Vinícius de Oliveira 7 de setembro de 2021
Importante para flexibilizar a aprendizagem por permitir aos professores adotar novas abordagens como o ensino híbrido, a internet sem fio ainda é limitada nas escolas. Segundo dados da mais recente pesquisa TIC Educação, referência sobre dados de acesso e comportamentos de educadores e estudantes online, 94% das escolas brasileiras, públicas e privadas, possuem esse meio de acesso à internet. No entanto, apenas 45% delas liberam essas redes aos alunos.
A pesquisa do CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil) é conduzida pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR), e foi divulgada em 31 de agosto.
A metodologia utilizada nessa edição teve de ser adaptada às limitações impostas pela pandemia da Covid-19 e as entrevistas foram feitas por telefone. O estudo, realizado entre os meses de setembro de 2020 e junho de 2021, ouviu 3.678 gestores de escolas públicas (municipais, estaduais e federais) e de escolas particulares. Ao todo, foram consultadas 2.009 escolas localizadas em áreas urbanas e 1.669 escolas em áreas rurais.
“Nós observamos que nas escolas municipais há mais acesso à internet na sala de aula do que em bibliotecas ou em laboratórios específicos para uso de tecnologia”, afirmou Daniela Costa, coordenadora da pesquisa, antes de fazer a ressalva de que essas escolas têm menos bibliotecas ou laboratórios de informática. Outro desafio é a ausência de sinal: 60% das municipais dizem ter internet nas salas de aula, mas só 43% oferecem conexão aos alunos nesses locais.
Na rede estadual, Daniela menciona uma inversão, com mais escolas com acesso disponível aos alunos em laboratório de informática (69%) ou na biblioteca (65%) por terem melhor infraestrutura física. Nas escolas particulares, a taxa de acesso à internet em sala de aula é maior (70%) Esse também é o principal ponto de conexão, seguido pela biblioteca ou sala de estudos e pelos laboratórios de informática, pouco mencionados por já conviverem com sala de recursos de robótica ou um espaço maker.
“Uma questão importante quando a gente fala de ter e liberar o acesso está relacionada ao acesso simultâneo, com diversas salas de aula conectadas ao mesmo tempo. Quando se considera um laboratório de informática, uma biblioteca ou mesmo um espaço maker, estamos falando de um local específico para o acesso, o que permite maior controle da escola e de quantos alunos estão conectados simultaneamente”, afirma a coordenadora do estudo, que também relaciona a restrição ao tipo de conteúdo que está sendo pesquisado, fator de preocupação das escolas para liberar (ou não) a conexão.
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Dispositivos
Tão importante quanto o acesso à internet, a presença de equipamentos na escola faz a diferença no uso enriquecido por tecnologia. A TIC Educação mostra que grande parte das escolas ouvidas possui computadores de mesa (91%) ou computadores portáteis (79%) em funcionamento. Já a presença de tablets é menor: 21% das escolas contam com este tipo de dispositivo em funcionamento.
Tais equipamentos estão menos presentes nas escolas localizadas em áreas rurais (76% delas possuem computador de mesa e 65% possuem computador portátil, 37% não contam com nenhum dispositivo). Mais da metade das escolas do campo receberam computadores novos nos últimos cinco anos (57%), sendo que em apenas 23% delas receberam novas máquinas há menos de um ano.
“O grande desafio é garantir a disponibilidade de dispositivos digitais para uso pedagógico, tanto no que diz respeito à presença de equipamentos quanto à quantidade e condição de conectividade”, ressalta Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br/NIC.br.
Quando se olha para as redes de ensino, novamente a maior dificuldade está nas escolas municipais: 46% delas não possuem nenhum computador de mesa e 44% nenhum computador portátil para uso dos alunos, enquanto somente 22% delas contam com mais de seis computadores de mesa disponíveis para uso pedagógico, e 6% mais de seis computadores portáteis.
Formação de professores
Ao longo do último um ano e meio, foi reiterada a mensagem de que professores precisavam ter recebido algum tipo de formação antes mesmo da pandemia e que esse processo contribuiria para o planejamento das aulas remotas.
A TIC Educação traz que 68% dos gestores relatam que as redes públicas ofereceram algum tipo de capacitação. Quando perguntados sobre formação específica para atender estudantes com deficiência, apenas 32% deles disseram que houve um programa com esse objetivo.
Para acessar a lista de indicadores na íntegra, visite o site do Cetic.br.