Como usar LEGO para construir conceitos de matemática
Mais que divertir, as peças coloridas ajudam a desenvolver o pensamento numérico e espacial dos estudantes
por Alycia Zimmerman, para Scholastic.com 18 de dezembro de 2015
Eu não era uma daquelas crianças que cresceram com LEGO. Sim, meus irmãos tinham LEGO, e eu sequestrava um dos bonecos pequenos para criar histórias de faz de conta. Mas não gostava da capacidade de construir dessas peças de plástico. Elas eram muito rigidamente retangulares.
Como adulta, comecei a gostar do LEGO por sua aparência retilínea e ainda mais por seu poder matemático. Na sala de aula, os tijolinhos agora são o manipulador matemático de possibilidades de que mais gosto.
LEGO – Não é só para brincar
Se você é um pai ou professor, já sabe, pelo menos em teoria, que essas pecinhas têm um valor educacional em si. Junto às óbvias implicações criativas, enquanto as crianças brincam com LEGO, elas também desenvolvem o senso espacial e proporcional. Os conjuntos mais complexos são usados até no ensino médio e no ensino superior para programação e robótica.
Vamos falar a verdade – muitos professores de escolas primárias são mulheres que, como eu, não se tornaram experts em LEGO. E até que você experimente brincar com os blocos com suas próprias mãos, não ficará confortável para usá-los como ferramenta didática. Aqui vai o meu pedido: busque algumas peças guardadas em um armário ou no porão e dedique um tempo descobrindo como eles funcionam. Conte os pinos, explore as dimensões, construa algumas torres. E eu garanto, você começará a pensar em… MATEMÁTICA.
LEGO para construir raciocínio parte-parte-todo
Para crianças, compor e decompor números é componente chave para construir o senso numérico necessário para operações aritméticas. Alunos começam com números baixos que servem como ponto de referência, como o cinco (dedos de uma mão) ou o seis (faces do dado) e avançam em direção ao dez.
As peças de LEGO são incríveis para exploração de parte-parte-todo! Assim como acontece com dominós ou dados, as peças contém partes marcadas para estudantes contarem. Os pinos são na maioria das vezes agrupados em dois, o que facilita a contagem dupla ao invés da individual. Com prática, os alunos vão reconhecer os arranjos, e não precisarão nem contá-los.
Os estudantes podem agrupar combinações de duas ou mais peças de LEGO e buscar o número total de pinos, ou podem começar com pedaço maior, cobri-la com uma outra menor e tentar descobrir a quantidade de pinos que continuam visíveis.
LEGO = Operações coloridas prontas
Como professora da terceira série, passo horas e horas desenhando conjuntos, pensando como pular contas com conjuntos, desconstruindo e construindo conjuntos a partir de uma miríade de coisas (passas, moedas, grãos de arroz…). No fim das contas, internalizar por que e como os conjuntos funcionam é a base para a construção do raciocínio de multiplicação.
Ter uma coleção de peças de LEGO em mãos durante as aulas de multiplicação é muito útil. Eu pego algumas para reforçar o conceito de área, para demonstrar exponenciação e para lembrar aos meus alunos o papel comutativo da multiplicação. Aqui vão algumas possibilidades de uso do LEGO para ensinar multiplicação e, claro, sua irmã gêmea, divisão.
Enfrentando frações com LEGO
As frações sempre fazem meus alunos tropeçarem. As coisas começam a ficar complicadas quando falamos de tamanhos de diferentes “inteiros” ou quando mudamos o assunto de frações de um todo para frações de um conjunto. A única maneira de combater o caos é proporcionar aos alunos um monte de oportunidades para experimentar frações com objetos tangíveis. Mosaicos são um jeito conhecido de fazer isso, mas eu gosto mais de usar LEGO. (As peças de mosaicos só podem ser divididas em sextos quando se utiliza o hexágono. O LEGO oferece muito mais possibilidades!).
Explorando média, mediana, modo e alcance com LEGO
Quando analisam dados, alunos do ensino médio exploram várias maneiras de expressar a “tendência central” de seu conjunto de dados, ou seja, jeitos diferentes de mostrar a média. Os estudantes rapidamente aprendem a somar todos os dados e então dividem o total pelo número de pontos de dados. Mas poucos entendem completamente por que fazem a dança do soma-e-divide para achar a metade. Ao passo que, quando desmontam as torres de LEGO de diversos tamanhos, eles veem com seus próprios olhos o que a média significa.
Duas dicas para ensinar com LEGO
Explore não brinque
Vamos ser honestos, na primeira vez que você pegar um monte de peças de LEGO para levar a uma aula de matemática, os estudantes ficarão loucos para construir torres, encenar batalhas e trocar blocos. Não vá contra a maré, aproveite-a, por um certo tempo.
Dê a seus estudantes um tempo pré-determinado para explorar as possibilidades matemáticas de suas peças. Esse é só um jeito mais fantasioso de permitir que eles brinquem, mas tudo ficará confortável mais tarde, quando você precisar tirar essas atividades da frente.
Construa kits
Quando preparo aulas com LEGO, raramente dou aos estudantes todas as peças. Antes disso, escolho as que serão necessárias para completar o exercício e as coloco em um saco plático tipo ziploc, com fecho hermético.
Também me certifico que os estudantes entenderam como devem devolver seu saquinho de peças. Os sacos precisam estar selados e os blocos separados, a não ser que recebam um conjunto de torres. Eu frequentemente uso exercícios com LEGO como atividade principal, e os alunos se mostram bem independentes quando recebem saquinhos etiquetados com peças específicas.
Este post foi publicado originalmente no site Scholastic.com e traduzido mediante autorização.