5 escolas brasileiras são finalistas em prêmio internacional de educação - PORVIR
Crédito: Divulgação/World’s Best School Prizes

Inovações em Educação

5 escolas brasileiras são finalistas em prêmio internacional de educação

World’s Best School Prizes valoriza experiências bem-sucedidas de escolas que transformam a vida de seus estudantes e têm feito a diferença em suas comunidades

por Redação ilustração relógio 15 de junho de 2023

Cinco escolas brasileiras estão entre as finalistas da edição 2023 do prêmio internacional World’s Best School Prizes (em português, Prêmios para Melhores Escolas do Mundo), que distribui US$ 250 mil (aproximadamente R$ 1,2 milhão) entre as ganhadoras. Duas dessas escolas estão localizadas no Ceará, duas em São Paulo e uma em Minas Gerais. 

Ao todo, mais de 1.200 escolas em todo o mundo se inscreveram para o prêmio, das quais apenas 50 estão entre as finalistas. Dos 26 países com escolas pré-selecionadas, aqueles com o maior número de instituições nesta etapa são Reino Unido, com seis escolas, e Brasil e Índia, empatados com cinco escolas cada.  

Destaque de 2022
Em 2022, três escolas públicas brasileiras ficaram entre as finalistas. Uma delas é a Escola de Ensino Fundamental Evandro Ferreira dos Santos, em Cabrobó, no sertão de Pernambuco. O projeto que dá suporte aos pais e mães que não tiveram oportunidade de aprender a ler e a escrever, alfabetizando-os por meio da EJA (Educação de Jovens e Adultos), foi noticiado aqui no Porvir e recentemente venceu o Prêmio LED – Luz na Educação, na categoria votação popular. Sua responsável, a professora e diretora Elineide Alves, esteve entre as homenageadas da exposição “Encontro com o Porvir: trajetória de educadores que transformam o presente e constroem o futuro”.

Criado no ano passado pela T4 Education em parceria com a Fundação Lemann, Accenture, American Express e Yayasan Hasanah, o World’s Best School Prizes reconhece o papel desempenhado pelas escolas no desenvolvimento da próxima geração e sua contribuição para o progresso da sociedade, especialmente diante dos desafios impostos pela pandemia da Covid-19. 

A premiação também valida práticas bem-sucedidas de escolas que transformam a vida de seus estudantes e têm feito a diferença em suas comunidades. O regulamento tem cinco categorias: Colaboração Comunitária, Ação Ambiental, Inovação, Superação de Adversidades e Apoio à Vida Saudável. 

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Vikas Pota, fundador da T4 Education e dos World’s Best School Prizes, destaca que todas as escolas selecionadas têm em comum uma forte cultura escolar, liderança inspiradora e excelência no ensino e na aprendizagem. “Escolas em todo o mundo aprenderão com a história dessas instituições brasileiras pioneiras e a cultura que elas cultivaram”, afirma.

Conheça as escolas brasileiras finalistas do World’s Best School Prizes: 

Estudantes da escola Professor Edson Pisani posam no parquinho da escola
Crédito: Divulgação/World’s Best School Prizes Escola Professor Edson Pisani se destaca pelo trabalho com a comunidade

Escola Municipal Professor Edson Pisani, de Belo Horizonte (MG)
Reconhecida pelo trabalho transformador e pela defesa dos alunos e da comunidade do Aglomerado da Serra, uma das maiores e mais antigas favelas do Brasil, a escola Escola Professor Edson Pisani tem mobilizado estudantes, famílias, vizinhos, governo e líderes locais para promover práticas sustentáveis, reduzir o lixo e melhorar a qualidade de vida da comunidade. Finalista na categoria “Colaboração” Comunitária, a escola oferece educação infantil, ensino fundamental e programa de alfabetização de adultos.

Por mais de 100 anos, os moradores viveram sem direitos básicos garantidos, como água tratada, saneamento e transporte. No início dos anos 2000, a favela passou por várias obras no âmbito do programa Vila Viva, que incluíram a construção de uma nova estrada. Em 2013, o programa propôs uma segunda fase, que envolvia a ampliação da rua onde a escola está localizada e o deslocamento de muitas famílias.

Para garantir que arquitetos e engenheiros do projeto participassem das reuniões comunitárias, a escola rapidamente mobilizou a vizinhança, coletou assinaturas e estabeleceu parcerias com as faculdades de arquitetura e direito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Isso evitou, ao final, que muitas famílias fossem removidas da região, como inicialmente proposto.

No entanto, o programa Vila Viva deixou detritos espalhados por toda a comunidade, criando áreas perigosas e causando aumento do lixo, infestação de pragas e doenças. Além disso, surgiu um problema relacionado às fontes de água na região. Mais uma vez, a escola se uniu à UFMG para criar o Projeto Água na Cidade, que estudou os problemas e mapeou pontos de abastecimento.

As obras resultaram na abertura de uma avenida com duas pistas, finalmente permitindo que um ônibus entrasse na favela. Como a prefeitura se recusava a criar uma linha de transporte, a escola fez uma parceria com o Movimento Tarifa Zero, mobilizando novamente a comunidade, com reuniões e coletas de mais de 4.000 assinaturas. Após dois anos de campanha, a linha de ônibus finalmente foi criada, conectando a favela ao metrô e proporcionando maior acesso a serviços de saúde, educação e emprego, garantindo assim o direito da população de ir e vir.

Alunos da escola Jaime Tomaz de Aquino, de Beberibe posam às margens de um rio
Crédito: Divulgação/World’s Best School Prizes Alunos da escola Jaime Tomaz de Aquino durante projeto ao ar livre

Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Jaime Tomaz de Aquino, de Beberibe (CE)
Escola pública, finalista na categoria “Ação Ambiental”, foi selecionada por realizar um trabalho que redefine o papel da educação para promover um futuro mais verde e sustentável.

Após sua construção, em 2019, a escola aderiu ao Programa Selo Escola Sustentável, da Secretaria de Educação do Ceará. O objetivo era implementar iniciativas voltadas ao currículo, gestão ambiental, espaço físico e educação socioambiental, buscando mudar hábitos antigos e promover ações ambientais que promovessem a qualidade de vida da comunidade.

No currículo da escola, são introduzidos temas como “Plástico Nocivo”, com o intuito de conscientizar sobre resíduos. Além disso, são oferecidas aulas de campo e oficinas que proporcionam experiências práticas na reutilização de garrafas, reciclagem de papel e criação de produtos ecológicos. A escola também participa ativamente de eventos e colabora com diversas organizações envolvidas na preservação da natureza.

No que diz respeito à gestão ambiental, a escola realiza campanhas de conscientização sobre o uso de energia e consumo de água, por meio de cartazes e reuniões de um grupo de trabalho. Além disso, há coleta seletiva de resíduos, reciclagem de papel e reutilização da água dos condicionadores de ar. O espaço físico da instituição também foi aprimorado com o plantio de árvores, jardins suspensos feitos de garrafas recicladas, telhados verdes e um protótipo de biodigestor.

Ativa nas redes sociais, a equipe também produz um programa de rádio dedicado a informações ambientais. Essas ações têm levado a um aumento na participação dos alunos em eventos e ao fortalecimento dos laços com ativistas ambientais. As práticas sustentáveis implementadas reduziram o consumo de água, aumentaram a captação de água da chuva e geraram adubo orgânico. De forma notável, ajudaram a reduzir o desperdício doméstico em aproximadamente 80%.

Estudantes da Camino School desenvolvem projeto de arte no pátio da escola
Crédito: Divulgação/Camino School/World’s Best School Prizes Estudantes da Camino School desenvolvem projeto de arte no pátio da escola

Camino School, de São Paulo (SP)
Escola particular e trilíngue (português, espanhol e inglês), busca preparar os alunos para o mundo real e enfatiza o desenvolvimento socioemocional. A escola é finalista na categoria “Inovação”.

Fundada em 2020, diferencia-se da abordagem tradicional marcada por aulas expositivas. As metodologias baseadas em projetos transformam aulas tradicionais em experiências de aprendizagem, chamadas de expedições.

Os alunos fazem perguntas, apresentam suas ideias, experimentam e compartilham suas dificuldades para resolver problemas. Ao mesmo tempo, a integração do desenvolvimento socioemocional à proposta pedagógica contextualiza as habilidades cognitivas, socioemocionais e éticas dos alunos, para que sejam capazes de transferir seu conhecimento para situações da vida real.

Entre 20% e 25% da população da escola é formada por bolsistas provenientes de origens indígenas, imigrantes, minorias étnicas e neurodiversas. Tal iniciativa representa um esforço para reduzir as desigualdades sociais, que também inclui a recente publicação do Manual para uma Escola Antirracista.

Vista aérea da Escola Professora Maria Aparecida de Souza Almeida Ramos
Crédito: Divulgação/World’s Best School Prizes Vista aérea da Escola Professora Maria Aparecida de Souza Almeida Ramos

Escola Municipal de Educação Básica Prof.ª Maria Aparecida de Souza Almeida Ramos, de Jundiaí (SP)
A escola pública de educação infantil se destaca como um modelo de promoção de saúde, cuidado com o meio ambiente e engajamento comunitário. Ela é finalista na categoria “Apoio à Vida Saudável”.

Carinhosamente apelidada de “Peixinho”, a escola atende a uma comunidade vulnerável. Por essa razão, o programa de alimentação saudável é a base do seu Projeto Político-Pedagógico. A equipe mantém sua própria horta e a utiliza em diversas estratégias de ensino para despertar o interesse das crianças pelo plantio, colheita e preparo de alimentos. As famílias também adotaram a criação de hortas orgânicas em suas casas, seguindo as orientações da escola.

Para compensar o tempo que as crianças passam em frente às telas e a quantidade limitada de brincadeiras, a escola promove regularmente atividades ao ar livre. Folhas e sementes são utilizadas em produções artísticas, como mandalas.

Essas atividades também ensinam o respeito às diversas formas de vida encontradas ao redor da escola, como pequenos animais, plantas e insetos. Assim, cria-se uma conexão autêntica com a natureza, dando origem a projetos pedagógicos que envolvem desde cuidar de galinhas até construir um hotel para insetos.

Além disso, a escola tem um foco especial no cuidado ambiental e sustentabilidade, ensinando às crianças sobre compostagem, uso racional de água e colocando em prática ações de coleta e descarte adequado de materiais recicláveis.

Apresentação de projetos na quadra da escola Joaquim Bastos Gonçalves. Estudantes estão sentados em roda enquanto 3 alunas falam
Crédito: Divulgação/World’s Best School Prizes Apresentação de projetos na quadra da escola Joaquim Bastos Gonçalves

Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Joaquim Bastos Gonçalves, de Carnaubal (CE)
A escola pública de ensino médio tem oferecido assistência aos estudantes desde o início da pandemia da Covid-19, com o objetivo de criar uma cultura de empatia em toda a comunidade escolar. Com uma queda de 67% no número de estudantes que necessitam de apoio social e emocional em apenas 18 meses, o projeto “Adote um Estudante” ampliou a conscientização sobre a importância da saúde mental dentro e fora do ambiente escolar. Por essa razão, a escola também foi escolhida como finalista na categoria “Apoio à Vida Saudável”.

Em uma comunidade na qual a violência é comum no dia a dia dos moradores, a escola começou a perceber novas ansiedades afetando os adolescentes à medida que a sociedade voltou ao presencial pós-pandemia. Dentro da própria escola, cerca de 6% da população estudantil foi diagnosticada com problemas emocionais graves, incluindo automutilação.

Como resultado, a escola desenvolveu o projeto “Adote um Estudante” para identificar alunos vulneráveis, fornecer assistência por meio de um psicólogo profissional e ajudar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais dentro e fora de sala de aula.

Desde o lançamento do projeto, em setembro de 2021, menos de 10 estudantes continuam recebendo assistência. Aqueles que contaram com o apoio da iniciativa relataram melhorias na autoestima e bem-estar geral, resultando em melhor desempenho acadêmico. O engajamento da comunidade também é notório desde o início das atividades.

Próximas etapas do World’s Best School Prizes
As próximas etapas incluem a divulgação das três finalistas de cada categoria em setembro de 2023, seguida pela seleção das vencedoras em outubro. Cada escola ganhadora receberá US$ 50 mil. 

As 50 escolas pré-selecionadas serão convidadas a compartilhar suas melhores práticas por meio de eventos e kits de ferramentas de transformação escolar, a fim de divulgar suas abordagens e ajudar a melhorar a educação em todo o mundo.

Como foi em 2022

Na primeira edição do prêmio, em 2022, três escolas brasileiras foram finalistas. A Escola Municipal de Educação Básica Professora Adolfina J. M. Diefenthäler, em Novo Hamburgo (RS), foi uma das três melhores na categoria Colaboração Comunitária. A escola criou um Comitê de Gestão Democrática para envolver pais e alunos na tomada de decisões sobre mudanças na escola.

Na categoria Superação da Adversidade, a escola Evandro Ferreira dos Santos, em Cabrobó (PE), também foi uma das três finalistas. A instituição se dedica à EJA (Educação de Jovens e Adultos) e oferece alfabetização para mães que não tiveram oportunidade de aprender a ler e escrever.

A Escola Técnica Professor Agamenon Magalhães, do Recife (PE), ficou entre as dez melhores na categoria Inovação. A escola desenvolve projetos de empreendedorismo social, como a produção de tijolos ecológicos, e criou o software Cangame, que auxilia alunos no espectro autista nos estudos e na comunicação.

➡️ Clique aqui e relembre a reportagem

*Com informações de T4 Education e Fundação Lemann


TAGS

aprendizagem baseada em projetos, educação infantil, ensino fundamental, ensino superior, prêmios, socioemocionais, uso do território

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