Por um futuro mais verde, bibliotecário cria projeto de reflorestamento no interior de SP - PORVIR
Crédito: lovelyday12/iStock

Diário de Inovações

Por um futuro mais verde, bibliotecário cria projeto de reflorestamento no interior de SP

Envolvendo todas as disciplinas do fundamental 2, iniciativa de educação ambiental quer revitalizar uma área de desmatamento

por Expedito Mendes de Moraes ilustração relógio 21 de julho de 2022

Localizada a 582 quilômetros da capital paulista, Narandiba é um pequeno município do interior de São Paulo, com uma população de 5 mil habitantes. Em tupi-guarani, Narandiba significa terra da laranja. Sempre tive um olhar especial voltado ao cuidado com a natureza, preocupado com o futuro do nosso planeta. 

Durante a pandemia e o retorno às aulas presenciais, notei que muitos estudantes apresentavam comportamentos apáticos ao que sempre fui acostumado a ver numa escola. Elaborei, então, o Projeto Piloto de Reflorestamento, com o intuito de socorrer algumas nascentes existentes próximas do nosso município, envolvendo todos os alunos no processo: aqueles com e sem deficiência, dos menos aos mais motivados… Queria fazer uma proposta que tivesse o poder de transformar tanto a natureza quanto influenciar o comportamento dos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental II Professora Ineura Rodrigues de Lima, na qual trabalho como bibliotecário. 

A Lei 9.795/99 estabelece que a educação ambiental deve estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo. Pensando nisso, apresentei o projeto à direção da unidade escolar, que ficou muito entusiasmada. A maior parte dos pais e responsáveis pelos nossos estudantes trabalha em usinas de cana e em fazendas agropecuárias do município.

Logo iniciamos o trabalho envolvendo todas as disciplinas.

Por um futuro mais verde, bibliotecário cria projeto de reflorestamento no interior de SP
Crédito: Arquivo pessoal Crédito: Expedito Mendes de Moraes/Arquivo pessoal

Durante as aulas, eu e o coordenador da escola passamos por todas as classes. Primeiramente, tivemos o momento de explicar aos alunos a importância do reflorestamento e do manejo das plantas. Compramos terra, sementes e realizamos o plantio das mudas na própria escola. A partir daí, passamos a cuidar das mudas e acompanhar o crescimento. 

Nesse meio tempo, levamos os alunos para conhecer as nascentes e o lugar onde aconteceria o início do processo de reflorestamento: a Fazenda São Domingos. Propriedade dos herdeiros do Isaac Melem, hoje tem a sua área agricultável arrendada para a plantação de cana da Usina Umoe Bioenergy, da Noruega.

O espaço escolhido para o projeto fica localizado a 2 quilômetros de distância da escola. Ali, a nascente do rio está sofrendo os impactos de uma concentração da drenagem pluvial urbana que levou a um processo erosivo, além de carrear lixos e terra ao local. A correção do problema está em andamento, mas, mesmo assim, buscamos contribuir e somar esforços para a recuperação dessa nascente com outros agentes da sociedade, como a prefeitura municipal e a própria Umoe Bioenergy.

Passado o tempo de crescimento das mudas, retornamos ao local para então plantá-las. Agendamos o transporte dos ônibus da prefeitura para levar, em média, 60 alunos por semana até a fazenda. As ferramentas necessárias para o plantio também foram disponibilizadas pela prefeitura. 

Iniciamos o projeto com o primeiro plantio numa área de dois hectares. Contudo, há um total de dezenove hectares a serem reflorestados. Temos mudas de Pau Brasil, Ipês amarelo, branco, rosa e roxo, Jacarandá, mudas da laranja conhecida aqui na nossa região como laranja do mato, e Jaracatia, de cuja madeira é feito doce, bem como do fruto. Em agosto, plantaremos mil mudas de árvores. Os tratores da prefeitura fazem a rega periodicamente e eu visito o terreno a cada dois dias, para acompanhar tudo de perto.

Clique na foto abaixo para ver a galeria de imagens:

Esse foi um momento de grande aprendizado e reflexão, pois os estudantes puderam entender o quanto é importante cuidar da natureza, sempre pensando no futuro melhor para nosso planeta. 

Aliás, com tudo o que foi desenvolvido até o momento, já percebi, juntamente com a equipe de docentes e das gestoras, o envolvimento dos alunos. Eles têm interesse em aprender mais sobre o processo de reflorestamento, bem como sobre a conscientização e a importância das árvores para o meio ambiente, melhorando a manutenção da vida na terra e a qualidade de vida de todos.

O projeto não para por aí: temos muito trabalho a ser desenvolvido transformando a natureza e o ser que nela vive. As ideias não param de aflorar e já estou pensando em novos projetos. Um deles envolve o reaproveitamento da água da chuva e dos condicionadores de ar existentes na escola e, o outro, a criação de peixes em tanques na própria escola. Clique aqui para assistir a reportagem feita pelo jornal Bom Dia Fronteira.

O que você precisa para replicar esse projeto? 

Além de um espaço para o plantio de mudas e sementes e de ferramentas de jardinagem, é preciso acompanhar o crescimento, regando-as com frequência. Importante, também, é trabalhar com o poder de conscientização quanto ao cuidado com o meio ambiente, apoiando a transformação dos pensamentos e das atitudes dos alunos. 


Expedito Mendes de Moraes

Bibliotecário na Escola Municipal de Ensino Fundamental II Professora Ineura Rodrigues de Lima, em Narandiba, interior de São Paulo, é aluno de teologia na Faculdade João Paulo II, de Marília.

TAGS

educação mão na massa, empreendedorismo, ensino fundamental, meio ambiente

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