Prêmio Educar reconhece projetos antirracistas e inclusivos de todo o país - PORVIR
Leo Costa/Prefeitura Municipal de Boa Vista

Inovações em Educação

Prêmio Educar reconhece projetos antirracistas e inclusivos de todo o país

9ª edição da premiação do Ceert seleciona 16 iniciativas de professores e gestores voltadas à equidade e à igualdade de gênero na educação básica

por Redação ilustração relógio 2 de outubro de 2024

Identificar, apoiar e dar visibilidade à educação antirracista e inclusiva são os objetivos centrais do Prêmio Educar com Equidade Racial e de Gênero. Criado pelo Ceert (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades) em 2002, a premiação ocorre a cada dois anos, e já reconheceu mais de 4 mil iniciativas pedagógicas inspiradoras, de professores e gestores, que buscam a equidade e a igualdade étnico-racial e de gênero na educação básica.

A 9ª edição do Prêmio Educar aconteceu na quinta-feira (26), em São Paulo (SP), e marcou o encerramento dos três dias de atividades do “3º Encontro Diálogos Antirracistas: educação, democracia e equidade”. Os debates reuniram pesquisadores, educadores e convidados acerca de temas como movimento negro educador e futuro da juventude negra, como você acompanhou na cobertura do Porvir.

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Ao todo, foram inscritos 524 projetos de todo o Brasil. Logo após as falas de agradecimento da psicóloga e ativista Cida Bento e do advogado e colunista do Porvir, Daniel Bento (diretora e diretor-executivo do Ceert, respectivamente), a poetisa Mel Duarte anunciou os 32 finalistas. 

O Prêmio Educar é dividido em duas categorias: Prática Docente e Escola. A categoria Prática Docente é dividida em duas modalidades: “Prática Docente Realizada” (entre os anos de 2022 e 2023) e “Prática Docente Projetada” (ainda não executada). Já a categoria Escola conta com a modalidade Gestão com Equidade e Antirracista, focada em ações promovidas pelas lideranças escolares.

Foram selecionados 16 trabalhos finalistas e eleitas oito propostas na categoria Prática Docente. Um dos projetos selecionados, “A Terra de Macunaíma pede Socorro!”, da professora Shirlei Catão, de Boa Vista (RR), também foi vencedor da primeira edição do Prêmio Professor Porvir, realizada em 2023. Cada uma levou o prêmio de R$ 7 mil e um curso virtual sobre equidade racial e de gênero. Dos 16 finalistas da categoria Escola – Gestão com Equidade e Antirracista, oito vencedoras receberão, além do curso, equipamentos para as escolas no valor de R$ 10 mil.

Confira a lista dos vencedores:

Categoria Escola – Gestão com Equidade e Antirracista

Educação infantil

Prática: Sortidos – multiplicadores da diversidade
Escola: CEI Josephina Santos Maia
Professora responsável: Juliana Rangel de Souza
Cidade: São Paulo (SP)

Resumo:  O projeto “Sortidos” é um grupo de pesquisa formado por integrantes da equipe escolar que representam minorias étnico-raciais e grupos sociais diversos, como pessoas negras, refugiadas, LGBTQAPN+ e idosos, dedicando-se à pesquisa de ações antirracistas. Eles sensibilizam os colegas para a prática antirracista e discutem um currículo equânime em raça e gênero. A continuidade do projeto foi aprovada pela comunidade escolar e será incluída no PPP (Projeto Político-Pedagógico) de 2024.

Prática: 11ª Projeto de valorização das culturas afro-brasileira e indígena do Centro de Educação Infantil 01 de São Sebastião
Escola: Centro de Educação Infantil 01 de São Sebastião
Professora responsável: Cleyde Cunha Sousa
Cidade: Brasília (DF)

Resumo: O Centro de Educação Infantil 01 de São Sebastião realiza anualmente uma prática para aproximar os estudantes da cultura afro-brasileira e indígena, estimulando a valorização de suas próprias histórias. O projeto culmina em um festival com apresentações culturais das turmas e participação de lideranças do movimento negro, além de performances de artistas indígenas e quilombolas. 

Ensino fundamental 1

Prática: Nossa Escola Caminhante
Escola: Escola Estadual Indígena Gwyra Pepo
Professora responsável: Ana Blaser
Cidade: São Paulo (SP)

Resumo: O projeto propõe a implementação de um PPP (Projeto Político-Pedagógico) em todas as aldeias da região, respeitando os costumes e saberes indígenas, com conteúdos e formatos definidos pelas comunidades. Atualmente, as aldeias realizam atividades escolares duas vezes por semana e encontros para avaliar as práticas.

Prática: Movimento de Educação Transformadora e Antirracista
Escola: Escola Classe 18 do Gama
Professor responsável: Thiago Pereira Paz
Cidade: Brasília (DF)

Resumo: O projeto oferece aos estudantes aprendizagem sobre a cultura africana e indígena para enfrentar o preconceito racial e a opressão estrutural, por meio de debates, apresentações culturais e bibliografia antirracista. A Escola Classe 18 do Gama também planeja implementar o projeto Maria da Penha nas Escolas, visando valorizar a mulher em todos os espaços.

Ensino fundamental 2

Prática: Quilombos, patrimônios culturais de Belo Horizonte (Luízes, Mangueiras, Manzo Ngunzo Kaiango e Souza)
Escola: Escola Municipal Secretário Humberto Almeida
Professora responsável: Sonia dos Santos França
Cidade: Belo Horizonte (MG)

Resumo: O projeto apresentou aos estudantes da Escola Municipal Secretário Humberto Almeida a história dos quilombos urbanos de Belo Horizonte e sua resistência ao racismo. As atividades incluíram visitas aos quilombos, palestras, pesquisas de campo e oficinas, valorizando as comunidades quilombolas como espaços de aprendizagem.

Prática: Projeto de permanência estudantil
Escola: Escola Comunitária Jardim do Cajueiro
Professora responsável: Andréa Campos
Cidade: Maraú (BA)

Resumo: O projeto da Escola Comunitária Jardim do Cajueiro promove ações de apoio pedagógico e nutricional para estudantes negros e em situação de vulnerabilidade, além de valorizar a história e cultura afro-ameríndia.

Ensino médio

Prática: A importância das religiões de matriz africana no bairro Dom Expedito-Sobral (CE) – uma análise sociocultural
Escola: E.E.M.T.I Sinhá Sabóia
Professora responsável: Jucileide Alcântara Cavalcante
Cidade: Sobral (CE)

Resumo: O projeto escolar visa identificar as principais expressões religiosas de matriz africana no bairro e investigar a percepção dos líderes religiosos sobre a importância dessas religiões na formação da identidade e cultura local. Além disso, apoia o mapeamento por meio de pesquisas bibliográficas, documentais e de campo.

Prática: Educando para as relações étnico-raciais na escola: por uma educação antirracista
Escola: Escola Estadual Monsenhor Adelmar da Mota Valença
Professor responsável: Victor Menezes
Cidade: Canhotinho (PE)

Resumo: O projeto da Escola Estadual Monsenhor Adelmar da Mota Valença promove o protagonismo dos estudantes por meio de atividades do Plano de Ação para a Educação Étnico-Racial, desenvolvido pelos docentes. Inclui exposições orais e apresentações, atendendo às demandas da Lei 10.639/03 e da Lei 11.645/08. O plano também possibilita a formação continuada dos professores.

Categoria Docente

Educação infantil

Prática: Ao som de Larissa Luz o berçário reluz – Práticas antirracista para viver desde bebê
Escola: Centro Municipal de Educação Infantil Dr. Djalma Ramos
Professora responsável: Noêmia Verúcia Almeida Pereira
Cidade: Lauro de Freitas (BA)

Resumo: A prática foi desenvolvida para proporcionar uma experiência antirracista aos bebês, promovendo a consciência racial desde os primeiros anos de vida por meio de vivências sensoriais positivas. Foram realizadas atividades com músicas de artistas negras, vídeos, móbiles com fotos de bebês em roupas que representam profissões de destaque social e ensaios fotográficos com os pais. O projeto ocorreu ao longo de 2023, com o primeiro semestre dedicado à pesquisa e o segundo à aplicação das atividades.

Prática: Coletando sementes, armazenado saberes
Escola: Unidade de Ensino Fundamental Catucá
Professora responsável: Elizete Rodrigues
Cidade: Bacabal (MA)

Resumo: A prática visa promover o conhecimento e valorização das sementes tradicionais do quilombo Catucá entre os estudantes e a população local. Isso é realizado por meio do levantamento de dados sobre as sementes da comunidade, além de entrevistas e coletas de informações com alunos e moradores.

Ensino fundamental 1

Prática: A Terra de Macunaíma pede Socorro!
Escola: Escola Municipal Francisco de Souza Bríglia
Professora responsável: Shirlei dos Santos Catão
Cidade: Boa Vista (RR)

Resumo: A prática visa conscientizar os estudantes sobre os efeitos negativos do garimpo, como a contaminação da água e conflitos entre garimpeiros e indígenas. Em 2023, foram realizadas palestras com representantes indígenas, apresentações sobre o tema, pesquisas sobre defensores da natureza e trabalhos de campo para verificar a contaminação do Rio Branco, o maior rio de Roraima

Prática: Movimento Sextou – a escola como lugar de felicidades
Escola: Escola Municipal O’Higgins
Professor responsável: Moisés Machado Nascimento Glória
Cidade: Rio de Janeiro (RJ)

Resumo: Com o objetivo de motivar os estudantes a retornarem às aulas presenciais após a pandemia, a Escola Municipal O’Higgins desenvolveu um projeto baseado na educação antirracista. A proposta integrava todas as disciplinas em aulas às sextas-feiras, focando em expressões da cultura africana, afro-brasileira e indígena, incluindo músicas, descobertas científicas, produções literárias e fatos históricos. As atividades ocorriam dentro e fora da escola, com as semanas terminando em visitas a equipamentos culturais, oficinas e contação de histórias verídicas entre dezembro de 2022 e dezembro de 2023.

Ensino fundamental 2

Prática: Mulheres que fazem história, mas não estão nos livros de História – as vozes femininas da comunidade da escola estadual São José
Escola: Escola Estadual São José
Professora responsável: Hsteffany Pereira Muniz Araújo
Cidade: Boa Vista (RR)

Resumo: O projeto apresentou narrativas de mulheres negras e indígenas que contribuíram para a sociedade brasileira e internacional, valorizando suas histórias e culturas. Durante todo o ano de 2023, as atividades incluíram oficinas, palestras e exibição de vídeos e filmes, com a colaboração de universitários que estagiaram na escola. Além disso, foi produzido um e-book sobre o tema.

Prática: Autodeclaração: um caminho para equidade
Escola: EEEFM “Wilson Resende”
Professor responsável: Ojuobá Pedro Francelino Amador
Cidade: Cachoeiro de Itapemirim (ES)

Resumo: Diante do número expressivo de estudantes negros que não se autodeclaravam como tal, a escola iniciou um projeto de conscientização racial em 2023. As atividades incluíram debates sobre racismo, colorismo, autodeclaração e fenômenos sociais, com leituras de autores negros, palestras, exibições audiovisuais e rodas de conversa. Como resultado, 11 estudantes mudaram sua autodeclaração na matrícula, e outros alunos propuseram ações de conscientização contra o racismo na comunidade.

Ensino médio

Prática: Projeto Alma Africana – reconhecendo as diferenças, esperançando a equidade
Escola: Centro de Excelência Nelson Mandela
Professor responsável: Evanilson Tavares de França
Cidade: Aracaju (SE)

Resumo: A prática no Centro de Excelência Nelson Mandela é uma tradição anual desde 2005, alinhada à Lei 10.639/03 e à Resolução CNE/CP n° 1/2004, promovendo o ensino de saberes afrodiaspóricos no currículo escolar. A cada ano, um tema específico é trabalhado, com articulações envolvendo militantes de movimentos negros e comunidades quilombolas. As atividades incluem peças teatrais gratuitas para estudantes de outras escolas, rodas de conversa com a comunidade, seminários e exposições temáticas.

Prática: Resistência Negra: EJAI Médio Campo
Escola: Escola Estadual de Ensino Médio Antônio Lemos
Professor responsável: Nice Hellen Mateus Oliveira Miranda
Cidade: Belém (PA)

Resumo: O projeto, realizado entre agosto e novembro de 2023, teve como objetivo aproximar o corpo docente do ensino médio da Coordenadoria da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI) Campo da cultura africana e afro-brasileira. Iniciou-se com uma imersão em temáticas culturais, incluindo círculos de diálogos, aulas temáticas e discussões, seguidas de experiências práticas, como oficinas de tranças nagô e turbantes, registradas por um fotojornalista em uma exposição artística. O projeto culminou na produção de um acervo virtual das vivências pedagógicas, acessível por um QR Code, além de um e-book.


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educação antirracista, empreendedorismo, ensino fundamental, ensino médio

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