Rede municipal de SP experimenta lógica de projeto
Reforma anunciada hoje aposta em nova divisão de ciclos, com espaço para interdisciplinaridade e autonomia
por Davi Lira 15 de agosto de 2013
As escolas da rede municipal de São Paulo terão, a partir do próximo ano letivo, uma nova organização do currículo, que experimenta a lógica do aprendizado baseado em projetos. Em todas as séries do ensino fundamental, pelo menos um período por dia será dedicado ao desenvolvimento de atividades interdisciplinares envolvendo leitura, informática, artes, inglês e educação física. Conforme os anos vão passando, a articulação entre disciplinas aumenta de forma que, no 9o ano, os estudantes deverão fazer um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), também com abordagem multidisciplinar.
Pela reforma, anunciada hoje pela prefeitura de São Paulo, os anos passam a ser divididos em três ciclos, e não mais em dois. Assim, o primeiro ciclo será o de alfabetização e vai englobar do 1o ao 3o ano. Ele terá foco em leitura, escrita e oralidade e continua com a figura de professores generalistas. No entanto, haverá espaço também para que professores trabalhem por projetos em algumas disciplinas. A secretaria vai disponibilizar um banco próprio de experimentos e ideias para inspirar essas atividades interdisciplinares.
O segundo ciclo, chamado de interdisciplinar, engloba 4°, 5° e 6° anos. Como o próprio nome sugere, essa fase do aprendizado enfatizará a troca entre disciplinas, uma vez que a grade prevê horários específicos para que isso ocorra. Aqui a figura do professor generalista, que no modelo atual desaparece no 5o ano, chega também ao 6o, para ajudar na transição – por vezes traumática – de um professor para vários.
Já no terceiro e último ciclo, chamado de autoral, a intenção é fazer com que os alunos sejam protagonistas do próprio aprendizado ou, como diz o documento formal da proposta, “emancipação social e cidadã dos alunos”. Para tanto, a estratégia de aprendizado baseado em projetos é mantida, agora com mais acesso às TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação). Além disso, ao final dos nove anos de ensino fundamental, os estudantes terão que produzir um trabalho de conclusão de curso (TCC), que deverá ter, necessariamente, uma proposta de intervenção social.
O aprendizado baseado em projetos vem sendo defendido por especialistas de educação do Brasil e do mundo, por ser um instrumento capaz de engajar mais os alunos e dar sentido prático ao que estão aprendendo na teoria. Nas experiências-modelo trazidas pelo Porvir, a metodologia engloba todas as disciplinas.
Mesmo com a data de implantação já definida, as propostas estruturadas em cinco eixos (além do currículo: infraestrutura, avaliação, formação de educador e gestão) estarão abertas à consulta pública até o dia 15 de setembro. Assim, por meio do site criado pela prefeitura em conjunto com a Secretaria Municipal de Educação (SME), os mais de 80 mil educadores das 2.722 escolas da rede, além de alunos, pais ou qualquer outro cidadão poderão registrar sugestões de modificação. Pela web, também dá para consultar o documento do programa na íntegra.
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