Revolução Deliciosa leva alunos para a horta - PORVIR
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Inovações em Educação

Revolução Deliciosa leva alunos para a horta

Edible Schoolyard Project ensina todas as disciplinas a partir do cultivo da terra, do preparo e da degustação de alimentos

por Patrícia Gomes ilustração relógio 21 de junho de 2012

Plantar, cultivar, colher, cozinhar e comer. Um projeto implantado em escolas de vários países tem mostrado que, por meio dessas ações, que representam todo o ciclo de vida dos alimentos, é possível fazer com que alunos aprendam não apenas disciplinas diretamente ligadas ao cultivo da terra, como biologia e geografia, mas todas as outras do currículo.

Os educadores da organização sem fins lucrativos Edible Schoolyard Project, ou Projeto Horta da Merenda Escolar, propõem que assuntos relacionados ao meio ambiente, uma vez abordados de maneira transversal à grade curricular, promovam a Revolução Deliciosa. A intenção é formar estudantes capazes de ter uma compreensão global do mundo, reunindo formação sólida à preocupação com comunidade local, saúde e meio ambiente.

“O que estamos pleiteando é uma revolução na educação pública, a Revolução Deliciosa. Quando corações e mentes das nossas crianças forem capturados por um currículo escolar que inclui preocupação com a alimentação e que é enriquecido com a experiência na horta, a sustentabilidade se tornará a lente através da qual esses meninos verão o mundo”, afirma a fundadora Alice Waters no site da instituição.

Para isso, a organização mantém um portal para que professores de todo o mundo compartilhem experiências, além de uma horta orgânica e uma cozinha, que servem aos alunos e familiares da escola pública Martin Luther King, localizada na cidade de Berkeley, Califórnia (EUA).

Foi por causa de um comentário despretensioso feito por Waters em 1996, que a iniciativa começou. Waters, que tem um restaurante, passava todos os dias em frente à escola Martin Luther King para ir ao trabalho e achava que o local parecia abandonado. Sua opinião foi publicada em um jornal local e o então diretor da escola, Neil Smith, lhe telefonou perguntando o eles poderiam fazer para mudar essa percepção. Neil tinha um espaço de 4 mil m2 de terra no terreno da escola e Waters tinha experiência com hortas e jardins – o casamento entre interesses e habilidades estava feito.

O terreno ocioso da escola começou, aos poucos, a ser usado durante as aulas e cuidado pelos próprios estudantes. Logo Waters propôs a construção de uma cozinha para que os alunos pudessem participar de todo o ciclo do alimento. Nascia, então, o Edible Schoolyard Berkeley, com o objetivo de ensinar habilidades essenciais para a vida dos estudantes, além de dar suporte ao aprendizado acadêmico e tradicional a partir de aulas práticas.

Ensino transdisciplinar

“O Projeto Horta da Merenda Escolar não tem a adesão dos alunos porque eles gostam de mexer com terra ou cozinhar ou por ser este dos males o menor. É parte do currículo. Eles vão com o professor de ciência para a horta e com o de história para a cozinha”, diz Marcha Guerrero, diretora de projetos especiais da organização.

Uma das aulas de história propostas na horta de Berkeley, por exemplo, ensina alunos do sétimo ano a fazer arroz enquanto eles aprendem como a produção do alimento, durante a Dinastia Sung (960-1272), influenciou a cultura chinesa. A atividade é detalhada no site, com os objetivos a serem atingidos, o que se espera que os alunos façam ativamente (no caso, cortar vegetais), os ingredientes para a receita (azeite, alho, arroz, ovos), o material e o equipamento necessários (facas, garfos e fogão), um passo a passo ensinando a mesclar a cozinha com o conteúdo, além de material de apoio sobre a história da China.

Escolas do mundo inteiro, públicas e privadas, têm se inspirado nessas atividades do banco de práticas do site e têm incluído suas próprias sugestões

Além do arroz na China, é possível ter acesso a atividades que envolvem resolução de problemas tradicionais de matemática na horta e na cozinha ou assuntos de língua inglesa, estrangeira, artes e música. Todos os assuntos estão disponíveis no site e é possível filtrar as atividades por disciplinas, estação do ano, local onde a aula será dada e séries dos alunos.

A semente plantada em Berkeley, no entanto, não está sendo colhida apenas pelos alunos da Martin Luther King. Escolas do mundo inteiro, públicas e privadas, têm se inspirado nessas atividades do banco de práticas do site e têm incluído suas próprias sugestões. Um mapa com os seguidores do Edible Schoolyard Project tem bandeirinhas em todos os Estados Unidos, na Europa e na América Latina. Mais do que ser um espaço para compartilhamento de práticas entre professores, o site também se preocupa em trazer dicas para pais usarem a cozinha e o jardim de casa na educação dos filhos.


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aprendizagem baseada em projetos, sustentabilidade

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