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Esquetes teatrais discutem racismo no sul da Bahia

Vencedor do Prêmio Educar para a Igualdade Racial e de Gênero, projeto ‘Diálogos da Diversidade’ usa linguagem do teatro para conscientizar

por Marina Lopes ilustração relógio 19 de novembro de 2015

Você é racista? No município de Ibirapitanga, localizado no sul da Bahia, essa discussão ultrapassou os muros do Colégio Estadual Paulo César da Nova Almeida. Incentivados pelo professor de artes Francisco do Nascimento, os alunos do terceiro ano do ensino médio elaboraram esquetes teatrais para conscientizar a comunidade sobre racismo e sexismo.

Um dos ganhadores do Prêmio Educar para a Igualdade Racial e de Gênero, promovido pelo CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades), o projeto “Diálogos da Diversidade” surgiu da observação do professor de casos de racismo e sexismo na escola.

“Nós tínhamos muita rejeição de meninas negras para participarem de equipes de trabalho. Também presenciávamos brincadeirinhas e apelidos entre os alunos”, lembra o professor, ao mencionar que a atitude agora é outra.

Professor Francisco do Nascimento durante apresentação com os alunos

A partir da discussão do Estatuto da Igualdade Racial e da lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas, o professor de artes sugeriu que, ao longo do ano, os estudantes elaborassem um projeto para combater o racismo e incentivar o diálogo.

Diante da dificuldade de acesso à atividades culturais na comunidade, eles adotaram a linguagem teatral como estratégia. Para produzir cinco esquetes teatrais de dez minutos, os alunos fizeram entrevistas com familiares e conhecidos, começaram a levantar dados sobre racismo e participaram de debates na escola.

Com cenários improvisados e alguns objetos cênicos, eles produziam cenas que davam vazão a tipos cotidianos de discriminação. Em uma das esquetes, que foram apresentadas nas praças, instituições e escolas municipais da região, o público era exposto a um caso de racismo e uma atitude sexista. “Depois da apresentação, nós abríamos para a plateia e trazíamos os casos apresentados por eles.”

 Arquivo pessoal

Segundo o professor, quando os alunos começaram a trabalhar o assunto, puderam notar outras discussões. “Eles perceberam que havia uma intersecção entre o racismo e questões de gênero. A mulher era a mais atingida, discriminada e sofria a maior violência”, conta Nascimento. Daí, o projeto também começou abordar a discussão sobre sexismo.

Quando o “Diálogos da Diversidade já estava se consolidando, uma aluna do segundo ano também sugeriu levar o debate para o assentamento Paulo Jackson, localizado nos arredores da escola. A comunidade local foi convidada a participar de oficinas de teatro e palestras, ampliando as ações do projeto.

Para o professor Nascimento, o resultado do projeto foi além da premiação, que ajudou a renovar o acervo de livros da biblioteca escolar. O educador diz acreditar que a ação mudou um pouco a cara da escola. “Nós realizados uma pesquisa de identidade étnico-racial e percebemos que a escola passou a se identificar como negra depois desse projeto teatral.”


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diversidade, engajamento familiar, gênero, uso do território

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