Professora cria projeto que incentiva alunos a empreender socialmente - PORVIR
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Diário de Inovações

Professora cria projeto que incentiva alunos a empreender socialmente

“Legado Empreendedor” foi a forma que a professora Irene Diniz encontrou para incentivar desenvolvimento de competências empreendedoras nos alunos e, ao mesmo tempo, ajudar a comunidade

por Irene Bernardo Diniz Filha ilustração relógio 31 de agosto de 2016

Sou professora de Empreendedorismo e Marketing no Núcleo de Empreendedorismo Juvenil do Sebrae, no Plug Minas, em Belo Horizonte/MG. O curso oferece o ensino técnico em Administração com ênfase em Gestão de Negócios para jovens da rede pública. A formação, totalmente gratuita, tem como objetivo capacitá-los para o mercado de trabalho com foco no empreendedorismo, além de incentivar o desenvolvimento de capacidades e competências empreendedoras, tais como autonomia, criatividade e proatividade, de forma que o aluno termine o curso acreditando em si mesmo e no seu potencial, e preparado para os desafios da vida profissional.

Sempre estive envolvida com o empreendedorismo social e, por isso, um dia me perguntei: por que não desenvolver um projeto de cunho social com os meus alunos? Eu queria buscar maneiras de estimular a capacidade de doar e a consciência de que, com muito pouco, podemos transformar a realidade das pessoas ao nosso redor. São muitas habilidades que definem um empreendedor e a promoção de um impacto positivo na sociedade é uma delas.

Projeto Legado 2 cropAlunos montam brinquedoteca na creche Pupileira. Créditos: Agência i7.

E foi assim que nasceu a ideia do Projeto Legado Empreendedor, que, neste ano, teve a sua segunda edição. A proposta do projeto é que, divididos em grupos, os alunos escolham uma entidade assistencial ou educacional, e planejem uma ação social para beneficiá-la, a partir da análise das suas principais necessidades. Os próprios jovens devem visitar as entidades, observar como funcionam e de que forma podem propor melhorias e contribuir. Mas devem estar sempre atentos às regras:  a ação não pode envolver a entrega direta de dinheiro e o benefício gerado precisa ser permanente.

Já foram desenvolvidas diversas iniciativas interessantes, como a reforma de um muro de uma escola estadual, a construção de uma biblioteca em uma associação para dependentes químicos e a criação de hortas comunitárias e de uma oficina de elaboração de currículos para alunos do projeto de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Nesse ano, um grupo desenvolveu uma brinquedoteca em uma creche próxima ao Plug Minas, no bairro Horto, e outro doou uma máquina de fraldas para a Associação de Pais e Amigos Excepcionais (APAE) de Ribeirão da Neves.

Projeto Legado cropEntrega da máquina de fraldas da APAE. Crédito: Pedro Vilela.

Os relatos dos alunos são emocionantes e podemos perceber que o projeto gera impactos positivos não apenas na comunidade, mas também nos próprios estudantes, que percebem o poder que eles têm de provocar mudanças e a capacidade de superar desafios. A iniciativa vale 40 pontos na disciplina, mas, ao final do projeto, o que eu percebo é que isso se torna mero detalhe. Fiquei surpresa e encantada com a forma com que os alunos se empenharam, se envolveram e incorporaram a ideia. É claro que sempre há dificuldades, desde a definição de qual entidade ajudar, de que forma ajudar e como arrecadar os recursos. Mas essa é também a proposta do projeto: desenvolver competências como planejamento, liderança e trabalho em equipe. E, ao final, os resultados são surpreendentes.

Hoje, o projeto Legado Empreendedor já se tornou parte da disciplina Empreendedorismo e Marketing. É gratificante propiciar essa experiência. São jovens que, na maioria das vezes, vieram de um contexto de risco social e que passam a compreender que eles têm um papel importante na sociedade e na comunidade em que vivem. O principal objetivo do projeto é fazer com que eles percebam que o empreendedorismo vai muito além de abrir uma empresa ou do ganho financeiro. Empreender também é gerar mobilização social, provocar impactos positivos e ser agente proativo em um processo de mudanças. Esse aprendizado não tem preço.


Irene Bernardo Diniz Filha

Graduada em Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Mercadológica, Marketing Avançado, com MBA em Gestão Empresarial e especialização em Gestão Estratégica. Possui experiência na área gerencial de empresas nacionais e internacionais. Há 9 anos atua como docente e atualmente é professora de Empreendedorismo e Marketing no Núcleo de Empreendedorismo Juvenil do Sebrae, no Plug Minas.

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aprendizagem baseada em projetos, empreendedorismo, uso do território

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