Por que aprender inglês e como torná-lo acessível aos jovens
Wellington Vitorino, fundador do Instituto Four, mostra como o aprendizado da língua estrangeira impacta diferentes setores da sociedade
por Luciana Alvarez 26 de outubro de 2021
O domínio de uma língua estrangeira traz enormes ganhos pessoais: amplia os horizontes do estudante, abre as portas para novas oportunidades de estudo e trabalho, desenvolve o raciocínio e a sensibilidade. Nos dias atuais, contudo, o inglês também é importante para o desenvolvimento coletivo. Uma sociedade na qual as pessoas dominam o inglês ganha novos horizontes, possibilidades, e se conecta mais com outros lugares do mundo.
Pensando no desenvolvimento do país, Wellington Vitorino, fundador do Instituto Four, é um grande defensor da importância do aprendizado do idioma pela juventude brasileira de todas as classes sociais. “A maior barreira para um jovem de periferia que quer estudar fora do Brasil é a língua”, disse ele numa palestra para o HUB, evento online organizado pelo Edify. O Instituto Four mantém o programa de formação de jovens lideranças chamado ProLíder, que visa preparar pessoas talentosas para exercerem boas lideranças, seja na gestão pública ou como empreendedoras.
Na visão de Vitorino, o bom líder precisa compreender bem o mundo – e fará isso melhor quem dominar o idioma inglês. “Sem sombra de dúvidas, o inglês é uma das melhores ferramentas para entender o que se passa de forma ampla, para além da sua cultura, porque o mundo hoje é extremamente globalizado. Com o inglês, se tem um nível de conexão com qualquer parte do mundo”, afirmou.
O próprio palestrante falou diretamente de Massachussets, Estados Unidos, onde está para um programa de estudo de dois anos no MIT. “Estou no MIT e estudo com gente de 63 nacionalidades. Para isso, é preciso que as pessoas tenham conhecimento de uma segunda língua – e essa segunda língua é o inglês. Ele se tornou necessário, dependendo do tamanho do seu sonho. Não é mais uma vantagem competitiva”, defendeu.
Vitoriano acredita que o jovem que sai para estudar no exterior busca voltar para o Brasil e, com novas ideias, pode trazer inovação e melhorias para o país. Ele citou dois companheiros que fazem parte do ProLíder e estudam atualmente na Universidade Harvard, prestigiada mundialmente. “A gente quer essa inserção internacional para conseguir levar conhecimento e ajudar nossa nação a se desenvolver mais.”
O fundador do Instituto Four garante que não faltam talentos jovens no Brasil; muitas vezes o que falta é dar oportunidades. “Rodei bastante o país, tenho muitos exemplos para comprovar que o Brasil tem talentos de norte a sul, leste a oeste. Nosso principal ativo são pessoas”, disse. Ele alertou que é essencial aproveitar os talentos da juventude agora, usando o momento de bônus demográfico do país a nosso favor.
Sem retirar a responsabilidade das autoridades, Vitorino fez um apelo para que todos dêem sua contribuição: “Reclamar não muda nada. Entre para o time dos que fazem”. Segundo ele, há muitas formas de ajudar e multiplicar as boas ações. “Inspire outras pessoas. Entre em ambientes em que há pessoas corruptas e ineficientes. A gente precisa de bons líderes inseridos em todos os espaços, da administração pública às startups”, afirmou.
Como ampliar o acesso ao inglês
Para um país de dimensões continentais como é o Brasil, Andreia Fernandes, coordenadora acadêmica do Edify, defende que o caminho para ampliar o acesso ao inglês deve passar pelo fortalecimento do inglês escolar. “A gente precisa oferecer na escola regular um inglês com mais qualidade, para acabar de vez com o mito – que em algumas situações nem é mito – de que o inglês da escola é fraco”, afirmou.
Para que isso aconteça, o país deve investir na formação inicial e continuada dos docentes, dando oportunidades para que acompanhem a evolução das diferentes ferramentas pedagógicas. “A forma como minha mãe aprendeu outro idioma na escola, na época o francês, até funcionou, mas a gente não tem por que nadar contra a maré. Temos que usar o que faz sentido no mundo hoje. Não precisa ser tecnologias caras, mas precisamos usar as metodologias ativas”, disse.
Segundo Andréia, o propósito do aprendizado de um idioma é comunicação. Portanto, os estudantes devem ser expostos e terem oportunidades de se comunicar no idioma estrangeiro. “Isso pode ser feito por meio de projetos, porque o estudante vai pegar a informação linguística e colocar em prática. As escolas têm de pensar em estratégias para que o inglês seja usado, qual é a relação que tem com a vida deles. Ninguém deveria aprender só para fazer prova”, completou.