Professor aposta no teatro para refletir sobre papel das mulheres na ciência
Monólogos, produzidos e gravados por alunos do ensino médio, aconteceram de forma remota e trouxeram reflexão sobre gênero e produção artística em escola de Palmeira dos Índios (AL)*
por Anderson Gomes dos Santos
30 de março de 2022
Vocês sabem quem foi Nise da Silveira? E Marie Curie? Quais foram as contribuições dessas mulheres para a ciência? Buscando responder a essas e outras perguntas, realizamos o “Projeto Esquetes Teatrais: Mulheres na Ciência”, na Escola Estadual Graciliano Ramos, em Palmeira dos Índios (AL).
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Sabemos que, na prática do ensino de arte, a perspectiva precisa ter um contexto sensível e crítico, vivenciando espaços para criações e produções espontâneas – promovendo a criatividade dos estudantes.
Foi assim que iniciamos os estudos sobre mulheres na ciência, temática fundamental principalmente no diálogo com as meninas que podem continuar esse processo na escola e depois dela. A escola deve ser esse espaço de diálogo e é necessário o combate à discriminação de gênero na ciência.
O projeto foi realizado em uma turma de eletiva de arte (contínua) de teatro, com alunos das três séries do ensino médio. Tivemos 41 encontros durante o ano de 2020, sendo cinco presenciais, antes da pandemia e 36 no formato remoto. Nos momentos presenciais, o espaço utilizado foi a sala de “Linguagens e suas Tecnologias”, onde realizamos uma compreensão inicial da proposta e foram feitos os primeiros exercícios e jogos teatrais.
Seguimos a metodologia teatral de Augusto Boal em três etapas: a primeira, conhecimento do corpo (sequência de exercícios em que se começa a conhecer o próprio corpo); a segunda, tornar o corpo expressivo (sequência de jogos em que cada pessoa começa a se expressar unicamente através do corpo) e, por último, o teatro como linguagem.
Clique aqui para baixar o portfólio do projeto em PDF
Nessa fase final, começamos a praticar o teatro como linguagem viva e presente. A proposta contemplou estudar e apresentar a vida e contribuições das mulheres na ciência, sendo Marie Curie, Nise da Silveira, Márcia Barbosa, Ada Lovelace e Katherine Johnson as cientistas escolhidas.
A proposta surgiu a partir da necessidade de vivenciarmos uma ampla relação entre arte e ciência na escola de ensino médio, priorizando o campo artístico no processo de ensino e aprendizagem.
O teatro pode dinamizar de forma a facilitar, aproximar e a consolidar os conceitos científicos, tendo a arte em sua amplitude ou buscando apoio de forma interdisciplinar. São cruciais as ações interdisciplinares no contexto escola, com a prática contínua e que possa estabelecer não só uma ampliação no formato de ensino, principalmente outras possibilidades capazes de tornar viável a aprendizagem dos alunos que participaram de todo o processo: organização da pesquisa, diálogo, escrita do texto, leitura, ensaio, gravação, divulgação, avaliação e autoavaliação.
O processo de estudo, diálogo, argumentação e prática do trabalho aconteceu de forma remota devido à pandemia. Foram formados cinco grupos de alunos e cada equipe ficou responsável por produzir um monólogo, com base na etapa anterior, contextualizando os seguintes elementos: texto teatral; figurino; cenário; maquiagem e gravação e edição.
Compreendo que é necessário reconhecer o papel da mulher e acreditar na ciência por meio de aprendizagens significativas. A escrita do roteiro, a gravação e edição de vídeo – e o fato do processo de argumentação para defender as histórias das personagens – foram elementos bastante importantes no processo. Também destaco a compreensão da família, no sentido de entender que a gravação era importante no contexto do home office, e alguns responsáveis, inclusive, participaram do processo de montagem. Viva a Arte na Escola! Viva às meninas e mulheres na ciência!
*O projeto “Esquetes Teatrais: Mulheres na Ciência” foi o vencedor no XXII Prêmio Arte na Escola Cidadã (realizado pelo Instituto Arte na Escola), na categoria Ensino Médio. As inscrições para a nova edição da premiação estão abertas, confira!
Anderson Gomes dos Santos
Graduado em pedagogia e artes visuais, com especialização em educação inclusiva, é mestre no ensino de ciências e matemática e doutorando em agroecologia e desenvolvimento territorial. Atualmente, é professor da educação especial, arte e Projeto de Vida na Escola Estadual Graciliano Ramos. Consultor de Projetos na Associação Comunitária dos Produtores Rurais de Jurema, em Estrela de Alagoas.






Quanto aprendizado integrado! Parabéns, Anderson, trabalho incrível!
Parabéns! Excelente trabalho