Obra de Conceição Evaristo ganha exposição fotográfica em aula do ensino médio - PORVIR
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Diário de Inovações

Obra de Conceição Evaristo ganha exposição fotográfica em aula do ensino médio

Professores de Minas Gerais reúnem literatura, história, fotografia e metodologias ativas para abordar o livro "Ponciá Vicêncio"

por Graciele Gonzaga / Thiago Braga ilustração relógio 25 de maio de 2022

O projeto “Memória em papel” surgiu de um desafio: precisávamos idealizar uma experiência inovadora interdisciplinar, em literatura e em história, para a turma do 3º ano do ensino médio. Optamos por desenvolver e adequar um projeto de literatura de uma narrativa brasileira, “Ponciá Vicêncio”, de Conceição Evaristo, aos princípios da BNCC (Base Nacional Comum Curricular).

Entendemos que a leitura pode se materializar de diferentes modos, sendo o registro fotográfico um deles. Nossa proposta era a de permitir aos estudantes uma vivência diferenciada dessa obra lançada em 2003. “Ponciá Vicêncio” é o primeiro livro da premiada escritora, que traz em sua narrativa aspectos da escravidão, da opressão de classe e do racismo, além de analisar a identidade negra, os sonhos e os desencantos da protagonista, Ponciá Vicêncio.

Cada um leu o livro e escolheu um trecho de sua preferência, por afinidade. Em seguida, com o apoio de técnicas fotográficas pelo professor Thiago Braga, os alunos foram convidados a desvendar um novo campo: a intermidialidade, fotografia concebida pela narrativa. 

Por meio de aulas expositivas sobre fotografia, bem como a análise do texto literário para a escolha de um recorte memorialístico, entendemos essa produção como texto multimodal, pois os alunos intitularam as fotografias com legendas relacionadas ao trecho escolhido do livro. 

Assim, cada um, à sua maneira, registrou a essência de Ponciá Vicêncio, bem como as questões femininas e relacionadas à negritude.

Clique na imagem abaixo para conferir a galeria de fotos:

O projeto apoiou o desenvolvimento de competências diversas, entre elas repertório cultural, empatia e colaboração. Ao final, fizemos uma exposição itinerante, que ultrapassou os muros da escola: entre outros endereços, foi levada à biblioteca pública de Betim, a um evento literário de uma cidade vizinha, que homenageava Conceição, e à Bienal do Livro de Contagem. 

Outro aspecto interessante do projeto foi possibilitar aos jovens a função de curadoria, pois montaram a exposição e escolheram a ordem de colocação dos quadros, extrapolando a ideia de que um curador de arte deve ser um especialista na área. Trata-se de uma educação mão na massa, na qual o foco está na produção dos alunos, no fazer deles como meio de aprender. Exibir essas fotografias os impulsionou a acreditar em suas manifestações artísticas.

Buscamos, assim, reforçar como o sentido de uma tarefa educacional pode ter significados fora do âmbito escolar. Inclusive, nosso projeto foi classificado entre os 350 finalistas da primeira edição do Prêmio Professor Transformador, do Instituto Significare.


Graciele Gonzaga

Professora de língua portuguesa, literatura, redação, comunicação criativa e mídias do Colégio Santa Maria Minas (Unidade Betim). Professora de língua portuguesa da rede municipal de ensino de Belo Horizonte (MG).

Thiago Braga

Professor de história e de arte do Colégio Santa Maria Minas (Unidade Betim). Formado em história pela PUC/MG. Especialista em história da cultura e da arte pela UFMG e artista plástico pela UEMG.

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ensino médio, literatura

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