‘A informação gera autonomia de estudo’
Para Eduardo Bontempo, da Geekie, plataformas adaptativas têm potencial de impacto porque trabalham com as diferenças
por Eduardo Bontempo 27 de setembro de 2013
Somos mais de sete bilhões de habitantes no planeta. Já que não existe uma única pessoa igual à outra, não faz sentido pensar que todos aprendem da mesma forma. Não seria muito mais eficiente entendermos a melhor forma de aprender de cada aluno, bem como seus pontos fortes e fracos e trabalhar suas habilidades e dificuldades específicas? Por acreditar que a personalização é a melhor forma de aperfeiçoamento do ensino, criamos, em 2011, a Geekie, empresa que busca ampliar e aplicar o conceito de adaptabilidade do aprendizado por meio da tecnologia, beneficiando alunos, professores e redes de escolas.
Os benefícios da aplicação do ensino adaptativo alcançam todos os envolvidos no processo de educação, sejam eles alunos, professores ou gestores escolares. Na perspectiva individual, a vantagem da personalização para os alunos é a possibilidade de se mapear suas principais deficiências de aprendizagem e desenvolver um plano de estudos focado em suprí-las, no ritmo e no formato de conteúdo que faz mais sentido para cada um. A informação gera autonomia de estudo, auxiliando o aluno na identificação clara dos pontos em que precisa se aperfeiçoar para atingir suas metas.
Atualmente, nas salas de aula, o que se percebe é que os alunos têm ritmos diferentes entre si. De um modo geral, o professor adapta-se à média da turma e, embora a maioria dos alunos o acompanhe, alguns estão à frente e outros ficam para trás, o que gera um ciclo vicioso que traz deficiências no aprendizado. Nesse sentido, as ferramentas de mapeamento do esforço de um aluno, individualmente ou como grupo, funcionam como fortes aliadas no processo de construção de uma sala de aula adaptativa. Com as análises de desempenho em mãos, os professores podem criar diferentes estratégias de ensino de acordo com o estágio de cada aluno ou grupo de alunos e tornam-se mediadores de diferentes situações de aprendizado, mais personalizadas e eficientes.
Além disso, mesmo quando usadas paralelamente às aulas, as ferramentas de aprendizado adaptativo auxiliam o professor no nivelamento da turma: seja na motivação dos alunos que estão com o desempenho abaixo do esperado, como no estímulo desafiador aos alunos que estão à frente dos demais.
Em uma perspectiva mais ampla, para redes de ensino, independentemente do seu tamanho, as ferramentas educacionais adaptativas permitem o acompanhamento e a coleta de informações sobre como os alunos aprendem na rede, nas regionais e nas escolas. Assim, otimiza-se o resultado da implantação de novas políticas curriculares e reduz-se o intervalo de intervenção, já que os resultados são praticamente instantâneos. Essas ferramentas permitem o incremento de orientações didáticas, além do direcionamento do uso de materiais de apoio e na formação de professores.
Em todos esses cenários de aprendizado adaptativo, o papel do professor continua sendo essencial, tanto para elaboração e curadoria dos conteúdos em seus diferentes níveis, quanto para a formulação das (novas) situações de aprendizagem, dentro de sala de aula ou virtualmente. As ferramentas de aprendizado adaptativo constituem um aliado do professor no processo de aprendizagem dos alunos, pois orientam o processo de aprendizagem e levam para a sala de aula propostas sensíveis ao contexto de cada um, individualmente e em sua turma na escola. Em sala de aula, é o professor quem dá o ritmo e guia o aprendizado – o seu papel passa de detentor e expositor do conteúdo para mediador de discussões e direcionador dos alunos ao longo da trajetória do conhecimento, promovendo capacidades diversas dos alunos dentro de grupos bem estruturados e estimulando a aprendizagem que ocorre fora dos ambientes virtuais.
O aprendizado adaptativo permite ainda que os professores, baseados em relatórios de desempenho da turma, incrementem suas aulas com outras metodologias de aprendizado. Os professores podem, por exemplo, trabalhar pontos fracos, criando um grupo de estudos no qual se combinam alunos que se destacam em um determinado assunto com outros que o têm como ponto fraco. Dessa forma, além de desenvolver aquele assunto especificamente, os alunos desenvolvem ainda a habilidade de trabalho em grupo, de colaboração entre seus pares e de liderança.
A plataforma da Geekie está hoje aberta gratuitamente a todos os alunos que queiram se preparar para o Enem utilizando as ferramentas de diagnóstico e estudo personalizado (Leia mais sobre o Geekie Games).
Eduardo Bontempo
Tem 8 anos de experiência no mercado financeiro, tendo trabalhado no Credit Suisse e na Rio Bravo Investimentos. Eduardo cursou seu MBA pelo Massachussets Institute of Technology, MIT, é formado em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas e é cofundador da Geekie.