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Inovações em Educação

Pesquisas mostram hábitos e motivações para aprender inglês

Estudos da Pearson analisam os comportamentos dos brasileiros ao aprender o idioma, revelando seus objetivos e temores profissionais

por Redação ilustração relógio 7 de fevereiro de 2025

A língua inglesa está presente na vida dos jovens desde cedo, seja na escola, em músicas, filmes ou conteúdos online que consomem. Entretanto, uma atitude proativa em relação à busca por um aprendizado mais profundo do idioma esbarra em fatores socioculturais, conforme aponta uma pesquisa realizada pela Pearson em parceria com a Opinion Box, envolvendo 7 mil pessoas em cinco países da América Latina: Brasil, Argentina, Chile, México e Colômbia.

No Brasil, os desafios educacionais são amplos e abrangem diversas disciplinas, incluindo o inglês. Os brasileiros apresentam o menor nível de proficiência entre os países participantes, com apenas duas em cada dez pessoas dominando o idioma.

“Precisamos formar jovens fluentes nas quatro habilidades linguísticas: escrita, leitura, fala e escuta, para tornar o Brasil mais competitivo globalmente”, afirma Marjorie Robles, diretora de desenvolvimento de conteúdo da Pearson, multinacional britânica líder publicação de material didático, avaliação e serviços de aprendizagem digital.

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Desvalorização profissional e insegurança para falar inglês

Os brasileiros estão entre os que menos associam o domínio do inglês ao crescimento profissional quando comparados a outras grandes economias latino-americanas. Quanto à autoconfiança:

  • 67% não se sentem aptos a liderar reuniões em inglês;
  • 63% hesitam em apresentar projetos;
  • 61% evitariam conduzir entrevistas de emprego no idioma.

Motivações para aprender inglês

Enquanto em outros países a principal motivação é a oportunidade profissional, o Brasil se destaca por priorizar viagens internacionais de lazer (46%) em detrimento de razões laborais (42%). Para Marjorie Robles, esse cenário reforça a influência de fatores socioculturais.

A executiva destaca que aprender coisas novas estimula a curiosidade e melhora a habilidade cognitiva, especialmente por meio do conhecimento de outros idiomas, sendo a fluência em línguas fundamental para qualquer pessoa, independentemente de sua aplicação profissional.

A pesquisa também mostra que enquanto a demanda por cursos tradicionais persiste, ferramentas inovadoras baseadas em IA (inteligência artificial) ainda não são integradas à rotina de aprendizagem. Além disso, a exposição precoce ao inglês (antes dos 15 anos para 79% dos brasileiros) não se traduz em confiança em cenários complexos, sugerindo lacunas na qualidade do ensino ou na aplicação prática do idioma.

Confira outros destaques relacionados à aprendizagem de inglês no Brasil

1. Ferramentas de inteligência artificial

  • 64% conhecem tecnologias para auxílio no aprendizado.
  • Apenas 10% as utilizam efetivamente.

Observação: A pesquisa indica que a tecnologia não substitui a busca por cursos tradicionais, mas seu potencial ainda é pouco explorado.

2. Formatos de aprendizagem preferidos

  • Brasil: Cursos presenciais lideram (56%), seguidos por aplicativos (37%).
  • Outros países pesquisados: Cursos tradicionais também predominam, mas o autodirigido é mais frequente.

3. Primeiro contato com o inglês entre brasileiros com conhecimento do idioma:

  • 38% tiveram contato com o inglês antes dos 10 anos:
    • 5% até os 5 anos.
    • 33% entre 6 e 10 anos.
  • 41% iniciaram o aprendizado entre 11 e 15 anos.
  • 19% começaram após os 16 anos:
    • 13% entre 16 e 20 anos.
    • 6% após os 20 anos.

Por que uma mudança de perspectiva é importante

No Brasil, onde apenas uma pequena parcela da população é fluente em inglês, quem domina o idioma tem vantagem competitiva ao disputar vagas de emprego, especialmente em cargos de liderança.

Outra pesquisa da empresa, “Como o inglês fortalece o seu futuro? O impacto de aprender inglês na carreira e outros aspectos do cotidiano”, revelou que 46% dos entrevistados no país acreditam que profissionais fluentes podem ganhar até 50% mais do que aqueles que não dominam a língua. O estudo ouviu 5 mil pessoas que têm o inglês como segunda língua no Japão, Arábia Saudita, Brasil, Itália e Flórida, nos Estados Unidos.

Além disso, 45% dos brasileiros veem o aperfeiçoamento no inglês como uma forma de se preparar melhor para novas oportunidades, especialmente diante da ameaça da inteligência artificial ao mercado de trabalho. Essa preocupação é mais evidente entre jovens da Geração Z, nascidos entre 1997 e 2012 (41%) e da geração milenar, de 1981 a 1996 (37%), em comparação com as Gerações X, de nascidos entre 1965 e 1980 (28%) e os nascidos no pós-guerra (29%).

Embora a maioria das pessoas tenha aprendido inglês na escola e dois terços tenham alguma qualificação na língua, 54% das pessoas sentem que sua educação formal não foi suficiente para uma comunicação eficaz em inglês. Isso ocorre porque o foco do ensino foi mais na gramática e no vocabulário, deixando de lado a prática do idioma em situações reais de comunicação. Como resultado, muitos não conseguem se expressar com fluência ou entender o inglês no cotidiano.

Além disso, mais da metade dos brasileiros que aprenderam inglês na escola mencionam que não tiveram oportunidades de usar o idioma fora da sala de aula, o que dificultou o aprendizado contínuo. As principais dificuldades apontadas incluem a falta de tempo, o alto custo de cursos e materiais, além de poucas oportunidades para praticar o idioma no dia a dia. Esses fatores limitam a efetividade do ensino e a fluência desejada por muitos.

Nova avaliação internacional 

Em 2025, o PISA (Programa de Avaliação Internacional de Alunos), uma avaliação global feita pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em cerca de 90 países deve incluir questões relacionadas ao inglês, além das tradicionais áreas de ciências, leitura e matemática.

O objetivo é medir a capacidade dos estudantes de 15 anos de compreender e usar a língua inglesa de forma prática, ou seja, em situações do cotidiano, e não apenas em teoria. Para isso, será utilizado o Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas, que ajuda a classificar o nível de proficiência dos alunos. Eles serão avaliados em leitura, escuta e expressão oral, permitindo uma comparação entre os países e analisando como cada sistema de ensino tem abordado o ensino do idioma.

Além dos testes de língua, o PISA coleta informações adicionais por meio de questionários aplicados aos alunos, professores e diretores das escolas. Esses dados ajudam a entender como fatores como estratégias de aprendizado, o bem-estar dos estudantes e as políticas educacionais influenciam o desempenho. Dessa forma, o PISA 2025 não só mede as habilidades linguísticas dos alunos, mas também oferece uma visão mais ampla de como as políticas de ensino de idiomas podem impactar a aprendizagem.


TAGS

carreira, educação bilíngue, ensino médio, pesquisas, socioemocionais, tecnologia

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