Calculadora de pegada ecológica leva sustentabilidade para sala de aula
Inspirada no projeto global da Global Footprint Network, plataforma usa média brasileira para calcular impactos da população
por Maria Victória Oliveira 29 de outubro de 2015
Você sabe o que é o dia da Sobrecarga da Terra? A data, conhecida em inglês como Overshoot Day, marca quanto tempo a humanidade levou para gastar todos os recursos que o planeta pode regenerar no período de um ano. Em 2015, o dia da Sobrecarga foi 13 de agosto, o período mais curto desde 5 de outubro de 2000, quando a medição começou.
Para alertar sobre o problema, o Programa Água Brasil, uma parceria entre Banco do Brasil, Fundação Banco do Brasil, WWF-Brasil e Agência Nacional de Águas, criou uma calculadora que mede a pegada ecológica da população brasileira, como uma forma de melhorar ou introduzir o pensamento sobre educação ambiental. Para quem não sabe, o termo pegada ecológica significa a pressão do consumo da população mundial sobre os recursos naturais.
O uso da calculadora em escolas e universidades pode ajudar na conscientização sobre o consumo responsável. A parceria entre o MEC, a Unesco e a WWF introduz nas chamadas “escolas sustentáveis” a discussão sobre a pegada ecológica. “Nas escolas, tem toda uma perspectiva de hortas, viveiros, compostagem, captação de água de chuva, a elaboração de um telhado verde e muitas outras coisas”, ressalta Terezinha Martins, especialista em conservação do WWF-Brasil.
Segundo ela, hábitos cotidianos afetam diretamente o resultado final, o que ajuda a relacionar o dia a dia do aluno com o conteúdo visto em sala de aula. “No final da conta, a calculadora dá dicas para diminuir nosso consumo, mostrando que se mudarmos alguns hábitos, podemos impactar menos. O planeta tenta suprir nossas necessidades, mas não um consumismo desenfreado. Na verdade, a plataforma tenta mostrar que é possível viver dentro dos limites planetários”.
A calculadora foi criada inicialmente pela rede mundial de pegada ecológica, a Global Footprint Network (GFN). “Antes, nós usávamos a calculadora do GFN, com dados globais, para medir a nossa pegada. A ideia de desenvolver uma calculadora brasileira é útil para pensar nos nossos próprios hábitos de consumo. Trata-se de uma ferramenta de sensibilização, para que cada um faça o cálculo e pense se está consumindo dentro da capacidade do planeta ou extrapolando esse limite”.
A plataforma é dividida em seis categorias, as mesmas da versão global. Quando acessa, o usuário deve responder questões sobre alimentação, moradia, bens, serviço, tabaco e transporte. No quesito alimentação, por exemplo, a pessoa deve falar sobre sua dieta (se é vegana, vegetariana, onívora ou se tem predileção por carne vermelha). Já em bens, a calculadora questiona quanto o usuário costuma gastar em mobília, eletrônicos pessoais, roupas, produtos de limpeza, jornais, livros e revistas. “Você pode utilizar mais o transporte coletivo, andar de bike e dar carona a colegas de trabalho”, conclui.