Como construir portfólios para avaliar o desenvolvimento dos alunos - PORVIR
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Coronavírus

Como construir portfólios para avaliar o desenvolvimento dos alunos

Mais do que registros de atividades, os portfólios podem ser utilizados como instrumentos de avaliação e compartilhamentos de projetos

Parceria com CLOE

por Marina Lopes ilustração relógio 30 de maio de 2020

Como acompanhar as atividades e os projetos dos alunos durante quarentena? Qual é a melhor forma de compartilhar os resultados de tudo o que eles produziram em casa? Se você é professor, provavelmente já gastou algum tempo refletindo sobre essas questões. Na hora de avaliar o desenvolvimento de competências e fornecer um diagnóstico mais assertivo sobre as dificuldades da turma, os portfólios podem ser bons aliados que, além de trazer uma visão detalhada do processo de aprendizagem, ajudam a expor trabalhos de forma atrativa e simples.

Popularmente utilizados na educação infantil, os portfólios ou diários de bordo, como também são conhecidos, têm conquistado adeptos em diferentes ciclos, da educação básica ao ensino superior, principalmente entre educadores que optam por trabalhar com práticas de aprendizagem ativa.

Para a educadora Leticia Sodré, gerente de pesquisa e conteúdo da Camino Education, dentro do contexto de documentação pedagógica, eles oferecem ao professor a possibilidade de ter um olhar reflexivo da sua prática e, ao mesmo tempo, de entender como os seus alunos estão aprendendo. “Elaborar um portfólio é um modo de evidenciar as aprendizagens e trazer luz para a jornada de desenvolvimento da criança e do adolescente. Ele é um instrumento muito valioso porque permite fazer uma avaliação mais precisa e honesta”, ressalta.

Com vídeos, fotos, textos e áudios, os portfólios podem ser construídos por meio de diferentes ferramentas digitais, como o Sway, o Google Sites, Padlet e o Wakelet. Eles também podem ser montados dentro das plataformas educacionais utilizadas pela própria escola, como é o caso da CLOE, que promove a aprendizagem ativa por meio expedições e projetos educacionais.

“Na plataforma CLOE, o portfólio funciona como uma estratégia para permitir que o professor faça uma avaliação formativa e acompanhe o desenvolvimento gradual dos seus alunos. No passo a passo das expedições, ele consegue ver indicações de momentos da aula que devem ser documentados”, explica Leticia, que também tem acompanhado processos de formação de professores para o uso da ferramenta.

A principal questão que deve ser pensada é como vincular o registro ao desenvolvimento de uma competência

De acordo com ela, para conseguir utilizar o portfólio como um instrumento de avaliação é importante que o professor tenha intencionalidade ao fazer os registros de atividades. “A principal questão que deve ser pensada é como vincular o registro ao desenvolvimento de uma competência”, diz. Nesse processo, o professor precisa analisar quais anotações, fotos ou vídeos ele deve fazer para acompanhar o progresso do estudante.

No período da quarentena, a produção de registros com intencionalidade pedagógica é mais um desafio, já que as escolas precisam contar com o apoio das famílias para alimentar o portfólio. Pensando nisso, o Colégio Raízes, em São Paulo (SP), gravou aulas e enviou orientações detalhadas para apoiar os pais e responsáveis na coleta de vídeos e fotos do desenvolvimento das crianças durante as atividades propostas pelos professores. “Conforme acontecem as aulas, nós explicamos para eles como precisa ser feito o registro”, conta Renata Vigarani, coordenadora pedagógica do infantil ao quarto ano do ensino fundamental.

Durante as aulas de educação física, por exemplo, os alunos foram estimulados a fazer um experimento com um saco plástico e uma bolinha para simular os movimentos utilizados na prática esportiva do basquete. “Os pais fizeram vídeos para mostrar ao professor como foram as tentativas das crianças de desenvolver essa atividade”, relata a coordenadora, que fica responsável por armazenar todos os materiais enviados pelas famílias em pastas do Google Drive. “Nós juntamos esses registros para ter um acompanhamento de cada um dos nosso alunos.”

Além das famílias, os educadores também podem envolver os estudantes na construção dos portfólios. O professor de física Matheus Lincoln, analista educacional do Marista Centro-Norte, pediu para os seus alunos do ensino médio construírem um diário de bordo com anotações, fotos, vídeos e registros variados de experimentos científicos feitos em casa.

Adepto dessa prática, ele conta que durante a produção de um diário de bordo os alunos conseguem testar hipóteses do seu experimento e registrar o que eles entenderam. “Eu gosto muito de trabalhar com metodologias ativas, então os portfólios me ajudam a avaliar os alunos de forma mais completa”, afirma o professor de física, que também utiliza rubricas para fazer esse mapeamento. “Isso me permite dar uma devolutiva mais concreta para eles.”

E se por um lado os portfólios servem como um instrumento de avaliação, eles também permitem o compartilhamento dos projetos que foram desenvolvidos pelos alunos. Em São Paulo (SP), na CAMB Escola Caminho Aberto, a professora de língua portuguesa Danielle Lima, que também atua como coordenadora de projetos da assessoria pedagógica Redesenho Educacional, utiliza o Sway e o Wakelet para reunir as produções das suas turmas do ensino fundamental.

Eu uso essa prática há algum tempo e sempre me surpreendo pela sua versatilidade

“Eu uso essa prática há algum tempo e sempre me surpreendo pela sua versatilidade. É diferente de entregar um caderno para o aluno escrever. Com o portfólio digital, existem inúmeras possibilidades de registro que atendem aos diferentes interesses dos alunos. Alguns preferente escrever, outros gravar ou fotografar”, relata.

Quando os alunos sabem que a atividade vai ser compartilhada, (…) eles produzem e se engajam de forma totalmente diferente

Após trabalhar gêneros textuais com a turma, Danielle construiu um mural virtual que reuniu as produções dos alunos, incluindo poemas autorais sobre a quarentena e vídeos gravados por eles com a leitura de obras de poetas conhecidos. “Eu gosto muito de trabalhar com portfólios por causa disso, eles permitem organizar e compartilhar o trabalho que os alunos fizeram.”

A professora ainda destaca um outro ganho no uso de portfólios: “quando os alunos sabem que a atividade vai ser compartilhada, que outras pessoas, além do professor ou da professora, vão olhar, eles produzem e se engajam de forma totalmente diferente.”

Para se aprofundar:

Portfólio: o que é e a que serve? (artigo)
Portfólio, Avaliação e Trabalho Pedagógico (livro)
Unidades didáticas multiplataforma com Sway (curso)
A infância de Paul Cézanne (exemplo de portfólio de uma turma da professora Danielle Lima, do sexto ano do ensino fundamental da escola Escola Bosque)

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aprendizagem ativa, avaliação, coronavírus, ensino fundamental, ensino médio, tecnologia

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