edX mais integrado à universidade inaugura onda dos MOOCs 2.0
Plataforma passa a privilegiar programas e micromestrados ao invés de cursos individuais de olho em maior relevância para as certificações
por Vinícius de Oliveira 11 de fevereiro de 2016
Com fórmula que oferece programas completos conectados à vida no campus – e não mais apenas cursos individuais –, o site edX tenta se reinventar e tornar sustentáveis os chamados MOOCs (Cursos Online Abertos Massivos, na sigla em inglês).
Fundada em 2012 por meio de uma parceria entre as universidades americanas de Harvard e do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), a plataforma tem adotado uma série de novas funcionalidades para estimular a aprendizagem social e valorizar os certificados. Em entrevista ao Porvir, o professor do MIT e presidente-executivo da edX, Anant Argawal, detalhou as iniciativas do que classifica como MOOC 2.0.
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“Quando os MOOCs começaram, eu gosto de chamá-los de MOOC 1.0, os estudantes faziam os cursos isoladamente, mesmo se houvesse 100.000 matriculados. Hoje, no MOOC 2.0, foram adicionados muitos recursos na plataforma para permitir o aprendizado social. Agora, posso criar um grupo de estudantes que decidiu fazer o curso de maneira conjunta. Eles terão acesso a um fórum de discussão personalizado, seus integrantes podem conversar entre si e o professor pode fornecer conteúdos especiais e específicos”, explica Argawal, que participou em 2013 do Transformar, evento promovido pelo Porvir/Inspirare, em parceria com a Fundação Lemann e o Instituto Península.
Para ampliar o alcance dos cursos e transformá-los em programas (XSeries) de temas como programação em HTML5, fundamentos de administração de empresas ou China, o edX teve que adotar novos mecanismos contra fraude, que incluem envio de fotografia e de documentos de identificação do usuário. Na parte prática, a programação por trás do site consegue enviar perguntas diferentes a cada participante. “Em muitos dos cursos, é enviada uma questão completamente diferente daquela de um usuário localizado perto de você. Isso é muito difícil de fazer em uma aula dentro de uma universidade”, exemplifica.
A opção por certificados verificados (que atestam que o usuário matriculado é comprovadamente o autor das respostas) também ajudou a dar relevância aos cursos online, permitindo acrescentar a nova habilidade ao currículo em redes sociais como o LinkedIn. De quebra, ainda resolveu um velho problema dos MOOCs: a alta taxa de abandono. “Para cursos normais, o índice de aprovação era de 6 a 7%. Para pessoas que se inscrevem [e pagam] para ter um certificado com verificação, esse índice sobe para mais de 60%, mesmo se custar 25 ou 50 dólares”, diz Argawal.
Mas é na conexão com o ensino formal que o edX direciona sua estratégia. Em uma parceria pioneira com a Universidade do Arizona, é possível cursar o primeiro ano totalmente online e continuar o curso de maneira presencial, no campus da universidade. “Jovens brasileiros podem fazer um ano inteiro do curso direto de seu país e receber crédito por isso”.
A fusão entre vida online e presencial, aliás, é um dos temas levantados no último relatório do New Media Consortium, uma comunidade que reúne especialistas em educação no mundo todo. Para Argawal, a função do edX passa a ser de tornar a educação contínua. “Hoje, você aprende em um curso de graduação. Mas a partir do momento que entra no mercado de trabalho, interrompe esse processo. O que garantimos aos estudantes é a possibilidade de continuar aprendendo mesmo após a conquista de um diploma universitário e conectar a educação com o resto de suas vidas”, diz.
edX no Brasil
Com 220 mil usuários, o Brasil é o quarto mercado para o edX, atrás de Estados Unidos, Índia e Reino Unido. Mais recentemente, a plataforma que soma 7 milhões de cadastrados no mundo todo lançou em português dois cursos criados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). O primeiro trata de alianças público-privadas e o próximo, que inicia em março, tem como tema o desenvolvimento sustentável de cidades.
A pedido do Porvir, o edX elaborou uma lista com os cursos mais procurados por brasileiros. O TOP10 traz muitas opções para quem quer aprender inglês ou programação. Confira:
1) Harvard CS50
2) Berkeley English Grammar and Essay Writing
3) Intro to Linux
4) Harvard Justice
5) MIT Into to Programming in Python
6) Tsinghua Conversation English Skills
7) Berkeley Principles of Written English
8) UQ English Grammar and Style
9) UQ The Science of Everyday Thinking
10) Berkeley Science of Happiness