Erros e acertos até chegar na nuvem
Coordenadora relata como o trabalho colaborativo online foi a solução para falta de tempo e de dinamismo na aula de redação
por Ana Paula Costa Souza 27 de maio de 2015
Há mais de 30 anos trabalho com tecnologia e me tornei especialista em informática na educação pela PUCRS, em 2014. Faço mediação com professores da educação infantil ao fundamental 2 na inserção da tecnologia na sala de aula. Essa conquista faz parte da realização de um sonho, pois orientar professores faz com que uma geração seja transformada.
A primeira vez que tentei usar o Google Drive foi com alunos do 3º ano do ensino fundamental. Não deu certo. Eles tinham nove anos, eram imaturos e eu tinha programado usar a ferramenta durante apenas uma aula, o que não foi suficiente para que eles se sentissem confortáveis.
Em 2013, ajudei professores de português durante o desenvolvimento de um trabalho online, realizado com alunos do 7º ano durante a disciplina de redação, porém também não obtive sucesso. A maior dificuldade estava relacionada à carga horária para terminar o trabalho na sala de informática. A professora encontrava os alunos em apenas duas aulas por semana e tinha por obrigação orientar e desenvolver textos.
Leia mais: Plataforma corrige redação usando regras do Enem
No ano passado, decidi que faria diferente. Cativei e motivei a atual professora (aliás uma superparceira) planejamos juntas, testamos a ferramenta, orientamos os alunos, apresentamos a ferramenta, exploramos as possibilidades no laboratório de informática e iniciamos os trabalhos. Tínhamos como meta orientar alunos na construção de uma Revista Digital. Dessa vez, o grande diferencial estava na construção colaborativa e simultânea.
Esse trabalho já era feito pelas professoras de português e de redação de forma impressa, com os alunos escrevendo à mão e colando figuras. Isso exigia mais tempo e a professora começou a perceber uma resistência das famílias, principalmente dos que estavam no fundamental 2, que já têm muitas atividades no contraturno, como inglês e espanhol. As crianças também não se envolviam tanto, porque tinham que transcrever o conteúdo da internet para o papel.
Com isso, era chegada a hora de testar a computação na nuvem de maneira plena. Criamos o cronograma, estipulamos metas e prazos, comunicamos os alunos e iniciamos o trabalho. Foi incrível! Os alunos se envolveram, ficaram motivados e entusiasmados. Cada um, na sua própria casa acessava o link compartilhado pela professora e juntos construíram o trabalho. A professora estava online orientando e avaliando os grupos sobre erros ortográficos e gramáticas desde o início, o que evita que o trabalho se acumule.
No final, usamos a ferramenta do próprio Google para criar apresentações e publicamos com ajuda do Issuu para dar aparência de revista. Fica mais bonito e não tem só uma troca de slides. Agora os próprios alunos se apropriaram da ferramenta para fazer outros projetos e resolver os problemas de tempo e espaço.
Avaliar diariamente, oferecer feedback, apresentar aos demais alunos o avanço dos grupos fez toda diferença. De fato é uma tecnologia que veio para ficar. É primordial que coordenadores e diretores incentivem essas iniciativas. Todos ganham: professores, alunos, escolas e comunidades.
Ana Paula Costa Souza
Envolvida com educação e tecnologia desde 2005. Especialista em informática na educação pela PUCRS. Atualmente atua como mediadora na inserção da tecnologia na sala de aula na rede privada em São José dos Campos (SP). Atua em palestras e oficinas sobre tecnologia na educação e possui site www.minhacaixamágica.com.br para falar sobre o tema.