Duas escolas públicas brasileiras avançam à última fase de prêmio internacional
Conheça o trabalho da Escola Municipal Professor Edson Pisani e da EEMTI Joaquim Bastos Gonçalves, que são destaque no World’s Best School Prizes, da T4 Education
por Redação 12 de setembro de 2023
Duas escolas brasileiras estão entre os três finalistas de suas categorias para o World’s Best School Prizes (Prêmio Melhores Escolas do Mundo 2023), que distribui um total de US$ 250 mil (R$ 1,25 milhão). O anúncio foi feito nesta segunda-feira (12) pela T4 Education, que promove a premiação em colaboração com a Fundação Lemann, Accenture, American Express e Yayasan Hasanah.
O World’s Best School Prizes reconhece o papel desempenhado pelas escolas no desenvolvimento da próxima geração e sua contribuição para o progresso da sociedade, especialmente diante dos desafios impostos pela pandemia da Covid-19.
Conheça as escolas brasileiras selecionadas
A Escola Municipal Professor Edson Pisani, de Belo Horizonte (MG), é uma das três finalistas na categoria Colaboração Comunitária. A escola oferece educação infantil, ensino fundamental e EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Reconhecida pelo trabalho transformador e pela defesa dos alunos e da comunidade do Aglomerado da Serra, uma das maiores e mais antigas favelas do Brasil, a escola Escola Professor Edson Pisani tem mobilizado estudantes, famílias, vizinhos, governo e líderes locais para promover práticas sustentáveis, reduzir o lixo e melhorar a qualidade de vida da comunidade. Por mais de 100 anos, os moradores viveram sem direitos básicos garantidos, como água tratada, saneamento e transporte.
No início dos anos 2000, a favela passou por várias obras no âmbito do programa Vila Viva, que incluíram a construção de uma nova estrada. Em 2013, o programa propôs uma segunda fase, que envolvia a ampliação da rua onde a escola está localizada e o deslocamento de muitas famílias.
Para garantir que arquitetos e engenheiros do projeto participassem das reuniões comunitárias, a escola rapidamente mobilizou a vizinhança, coletou assinaturas e estabeleceu parcerias com as faculdades de arquitetura e direito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Isso evitou, ao final, que muitas famílias fossem removidas da região, como inicialmente proposto.
No entanto, o programa Vila Viva deixou detritos espalhados por toda a comunidade, criando áreas perigosas e causando aumento do lixo, infestação de pragas e doenças. Além disso, surgiu um problema relacionado às fontes de água na região. Mais uma vez, a escola se uniu à UFMG para criar o Projeto Água na Cidade, que estudou os problemas e mapeou pontos de abastecimento.
As obras resultaram na abertura de uma avenida com duas pistas, finalmente permitindo que um ônibus entrasse na favela. Como a prefeitura se recusava a criar uma linha de transporte, a escola fez uma parceria com o Movimento Tarifa Zero, mobilizando novamente a comunidade, com reuniões e coletas de mais de 4.000 assinaturas. Após dois anos de campanha, a linha de ônibus finalmente foi criada, conectando a favela ao metrô e proporcionando maior acesso a serviços de saúde, educação e emprego, garantindo assim o direito da população de ir e vir.
A Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Joaquim Bastos Gonçalves, de Carnaubal (CE) está entre as três que avançam na categoria “Apoio à Vida Saudável”.
A escola pública de ensino médio tem oferecido assistência aos estudantes desde o início da pandemia da Covid-19, com o objetivo de criar uma cultura de empatia em toda a comunidade escolar. Com uma queda de 67% no número de estudantes que necessitam de apoio social e emocional em apenas 18 meses, o projeto “Adote um Estudante” ampliou a conscientização sobre a importância da saúde mental dentro e fora do ambiente escolar.
Em uma comunidade na qual a violência é comum no dia a dia dos moradores, a escola começou a perceber novas ansiedades afetando os adolescentes à medida que a sociedade voltou ao presencial pós-pandemia. Dentro da própria escola, cerca de 6% da população estudantil foi diagnosticada com problemas emocionais graves, incluindo automutilação.
Como resultado, a escola desenvolveu o projeto “Adote um Estudante” para identificar alunos vulneráveis, fornecer assistência por meio de um psicólogo profissional e ajudar o desenvolvimento de habilidades socioemocionais dentro e fora de sala de aula.
Desde o lançamento do projeto, em setembro de 2021, menos de 10 estudantes continuam recebendo assistência. Aqueles que contaram com o apoio da iniciativa relataram melhorias na autoestima e bem-estar geral, resultando em melhor desempenho acadêmico. O engajamento da comunidade também é notório desde o início das atividades.
Próximas fases
As escolas vencedoras serão anunciadas em novembro. Elas serão escolhidas por uma “Academia de Juízes”, que inclui especialistas internacionais de várias áreas. Cada vencedor receberá US$ 50 mil (R$ 250 mil) de um prêmio total de US$ 250 mil (R$ 1,25 milhão).
A T4 Education anuncia que também haverá um Prêmio Escolha da Comunidade, decidido por votação popular. Esse prêmio pode ir para qualquer um dos três finalistas mais votados, mesmo que já tenham ganho um dos outros prêmios. Todos os finalistas compartilharão suas estratégias em “Kits de Transformação Escolar” e eventos no aplicativo T4 Communities.
Histórico
Em 2022, três escolas públicas brasileiras ficaram entre as finalistas. Uma delas é a Escola de Ensino Fundamental Evandro Ferreira dos Santos, em Cabrobó, no sertão de Pernambuco. O projeto que dá suporte aos pais e mães que não tiveram oportunidade de aprender a ler e a escrever, alfabetizando-os por meio da EJA (Educação de Jovens e Adultos), foi noticiado aqui no Porvir e recentemente venceu o Prêmio LED – Luz na Educação, na categoria votação popular. Sua responsável, a professora e diretora Elineide Alves, esteve entre as homenageadas da exposição “Encontro com o Porvir: trajetória de educadores que transformam o presente e constroem o futuro”.