Fórum da Unesco em SP lança materiais para educadores sobre combate ao racismo - PORVIR

Inovações em Educação

Fórum da Unesco em SP lança materiais para educadores sobre combate ao racismo

Fórum Global contra o Racismo e a Discriminação destaca a necessidade de priorizar as questões raciais nas estratégias de desenvolvimento para alcançar o progresso socioeconômico

por Ana Luísa D'Maschio ilustração relógio 1 de dezembro de 2023

A terceira edição do Fórum Global contra o Racismo e a Discriminação – “Rumo ao avanço: a igualdade racial e a justiça no topo das agendas de desenvolvimento” realizada entre 29 de novembro e 1º de dezembro de 2023 no Sesc 14 Bis, em São Paulo (SP), marcou o lançamento de uma série de ações e materiais com o apoio da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Um dos principais anúncios foi a “Rede Unesco de Formuladores de Políticas contra o Racismo e a Discriminação”, encontro anual de autoridades internacionais para debater políticas contra o racismo. De acordo com a diretora-geral adjunta da Unesco para Ciências Humanas e Sociais, Gabriela Ramos, este será o lugar para uma troca global de experiências e debates, com o objetivo de reforçar políticas inovadoras e inclusivas para a paz e para a equidade. “Será o lugar onde os ministros vêm para trocar suas experiências, onde a Unesco documentará o que funciona e o que não funciona, quais são os pontos de referência e as falhas, para que possamos aprender e tomar decisões para avançar nas demandas sobre igualdade”, afirma.

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O Fórum também anunciou o “Panorama Global da Unesco contra o racismo e a discriminação”, relatório que reúne dados regionais sobre discriminação racial no campo digital. 

O evento contou com a participação da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em diferentes mesas. “Toda a vez que a gente fala sobre combater o racismo não é um assunto isolado das pessoas negras. Não pode ser. Essa luta tem que ser coletiva, sim. Não é à toa que mulheres negras estão subrepresentadas em espaços de poder, mas sobrerrepresentadas em espaços de violência”, reforçou Anielle na abertura do evento, conforme registrou a cobertura do Portal Metrópoles.

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Ações e materiais

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania também divulgou durante o fórum o novo projeto “Sinalização e Reconhecimento de Lugares de Memória dos Africanos Escravizados no Brasil”. Realizada em parceria com a Unesco e os ministérios da Igualdade Racial, da Cultura e da Educação, a proposta tem como objetivo dar visibilidade à história da matriz africana no país, fixando placas em cem locais de memória dos africanos escravizados no Brasil, com comprovação histórica. O passo seguinte será a elaboração de material pedagógico sobre os endereços selecionados.

Voltado a educadores e pesquisadores, o evento também marcou o lançamento do 10º volume da coleção “História Geral da África”, parceria da Unesco com o Instituto Unibanco (disponível neste link para download). Com revisão técnica do professor Valter Silvério, da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), e edição de Vanicleia Silva Santos, o novo volume é focado em “África e suas diásporas”.

Produzida pela Unesco desde os anos 1980, a coleção “História Geral da África” permanece como principal referência sobre o assunto no mundo. O material, produzido ao longo de 30 anos por mais de 350 especialistas de diferentes áreas do conhecimento, conta com a direção de um comitê científico internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços são africanos. Os volumes também estão disponíveis em inglês, francês e árabe. 

“Nosso escritório no Brasil, desde 2013, com a lei 10.639, que prevê o ensino da história geral da África nas escolas públicas, trabalha incansavelmente por uma educação antirracista. O fato de termos a coleção História Geral da África em português é extremamente importante. Também trabalhamos na produção de materiais pedagógicos para que os professores entendam o papel central que o ensino da história geral da África tem nas escolas”, afirmou Marlova Noleto, diretora da Unesco no Brasil, ao Porvir.

Em São Paulo, a Unesco é parceira da prefeitura e das secretarias de educação e direitos humanos para oferecer instrumentos de apoio à prática pedagógica dos professores. Um desses documentos é o Currículo da Cidade, com orientações pedagógicas sobre os povos afro-brasileiros.

A educação não vai resolver todos os problemas do racismo, mas sem a educação não há consciência de que se pode transmitir os mesmos riscos e estereótipos

Gabriela Ramos conta que um dos destaques da Conferência Geral da Unesco em Paris (França) foi o debate sobre a Recomendação de 1974, documento que é um marco da educação para a paz, cidadania e tolerância. “A educação não vai resolver todos os problemas do racismo, mas sem a educação não há consciência de que se pode transmitir os mesmos riscos e estereótipos. É preciso fazer uma série de intervenções a nível escolar justamente para conscientizar os professores que muitas vezes simplesmente seguem não só os códigos sociais e de gênero, no sentido de que as meninas não são boas para matemática. É preciso pensar em uma educação que vai além do preparo para o mundo do trabalho, sendo humanista, ética e voltada ao conhecimento do outro”, afirmou durante a coletiva de imprensa nesta sexta-feira (29).

A Recomendação de 1974 é o primeiro documento internacional a abordar o papel da educação na promoção da paz, compreensão internacional, direitos humanos e liberdades fundamentais. Ela sugere ações sem impor obrigações legais, buscando construir sociedades pacíficas, combater a pobreza, promover a igualdade de gênero e falar de desafios globais como mudanças climáticas. Embora tenha sido progressista, mudanças nos últimos 50 anos demandam uma atualização do documento, o que está acontecendo neste momento.

O relatório serve como inspiração para os países no desenvolvimento e revisão de suas leis e políticas públicas. O instrumento pode ser usado como guia para estabelecer políticas educacionais que combatam todas as formas de discriminação, assim como para iniciar programas de mentoria ou oportunidades de treinamento vocacional, garantindo igualdade de oportunidades para todos, especialmente para meninas e mulheres, que podem acessar e se beneficiar da educação.

➡️As mesas online do evento ficaram gravadas. Cadastre-se para assisti-las gratuitamente


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educação antirracista

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