O ingrediente secreto do Vale do Silício na escola - PORVIR
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Inovações em Educação

O ingrediente secreto do Vale do Silício na escola

Summit importa modelo conhecido por Lean Startup e traz dinamismo e busca incessante por inovação dentro de sua rede

por Patrícia Gomes ilustração relógio 27 de março de 2013

Errar rápido para consertar mais rápido ainda. Se você é um empreendedor, essas palavras podem parecer familiares, mas se você é um professor, provavelmente elas são novas para você. Assim como muitas empresas no Vale do Silício têm se inspirado no conceito de Lean Startup, segundo o qual é preciso testar produtos para aprimorá-los constantemente (veja matéria do Porvir sobre o assunto), as escolas Summit também estão tentando descobrir como adotar e adaptar o conceito para oferecer melhores experiências de aprendizado aos seus alunos. Como a escola está fazendo isso? Com dados, dados, dados e… mais dados!

A metodologia é simples: cada pequena mudança pedagógica feita é rapidamente submetida a teste com os alunos. Essas pequenas mudanças podem ser desde novas formas de fazer uma avaliação até uma nova sugestão de apresentação de um conteúdo. Os educadores medem o desenvolvimento dos alunos antes, durante e depois da implementação da ideia, pedem a opinião dos professores e demais envolvidos nela. Assim, ao submeter os alunos a constantes medições, a escola é capaz de identificar de maneira bem dinâmica quando alguma coisa não está indo bem e corrigir sua rota.

“Nós fazemos uma mudança e nós medimos. Nos modelos tradicionais, às vezes você sabe que uma criança não está acompanhando e você não pode fazer nada para ajudá-la”, diz Jon Deane, um dos diretores da Summit. Mas lá, diz ele, isso é diferente. O modelo de Lean Startup, que foi traduzido para o português como “startup enxuta”, trabalha com quatro principais pontos: 1. é centrado no aluno a partir de dados coletados de cada um; 2. se baseia em módulos, já que em vez de ensinar a todo mundo, a mesma coisa e do mesmo jeito, os estudantes acessam as informações quando é apropriado, de várias formas diferentes e em pequenos grupos; 3. em testes e interações (posição de carteiras, sistemas de avaliação e formas de otimizar o aprendizado estão sendo experimentados), e 4. tem um olhar para o futuro. “Nossa responsabilidade é fazer melhores escolas. Nós não temos tempo a perder. Toda iniciativa é boa se pudermos aprender com ela”, diz ele.

Summit School 2/ créditos Divulgação e Porvircréditos Divulgação e Porvir

Isso não significa, porém, que a Summit está usando o modelo do jeitinho que ele foi concebido para o mundo industrial. “É sempre importante lembrar que nossos ‘usuários’ são os nossos alunos, o que pode fazer com que o processo de inovação não ocorra tão rapidamente se comparado com outros ramos da indústria”, diz Diego Arambula, responsável pelo departamento de inovação da rede. “Queremos garantir que o aprendizado dos nossos alunos não seja impactado negativamente quando estamos testando um produto”, afirmou. Além disso, Arambula reconhece que as famílias esperam alguma continuidade ao longo do ano letivo e promover mudanças muito frequentemente pode trazer insegurança para elas.

E essa proposta só tem sido possível porque a Summit mantém alguns sistemas interessantes para reunir dados. A escola tem uma plataforma própria, chamada Activate Instruction, que agrega playlists criadas por seus próprios professores e outros recursos on-line, como a Khan Academy. Os professores usam os relatórios gerados por essa plataforma, assim como os de outras duas usadas para outros fins: a Naviance, que ajuda na construção do projeto de vida dos alunos e nos processos de mentoria, e a ShowEvidence, mais voltada a facilitar as avaliações. Além dessa forma automática de coletar dados, a Summit também lança mão de um jeito, digamos, mais analógico de fazer isso. Todos os dias, funcionários do setor de informação da escola inserem dados oriundos de atividades mais subjetivas, como grupos focais e momentos de reflexão de alunos e professores, nos arquivos da instituição.

Decisões pedagógicas, embora baseadas em dados, não ocorrem 100% em ambientes virtuais. A escola adotou uma metodologia chamada “Ciclo de Inovação”, a partir da qual os professores se reúnem semanalmente para analisar juntos os dados e discutir problemas que os alunos estejam enfrentando para fortalecer seu projeto de aprendizado híbrido. Juntos os professores decidem como e quando vão resolver cada um dos problemas e que métricas serão usadas para validar os resultados – mais uma vez, influenciados por um jeito meio startup de ser.

A escola adotou uma metodologia chamada “Ciclo de Inovação”, a partir da qual os professores se reúnem semanalmente para analisar juntos os dados e discutir problemas que os alunos estejam enfrentando para fortalecer seu projeto de aprendizado híbrido

Por exemplo, como parte do modelo de ensino híbrido de matemática, os estudantes passam uma hora por dia trabalhando em grupos ou em duplas com seus computadores, em um momento de “educação personalizada” – eles veem videos, fazem exercícios segundo as suas necessidades. De acordo com a evolução de cada aluno, a escola costuma definir as duplas e os grupos, de forma a otimizar o aproveitamento da atividade com colegas que se ajudem. Os alunos, porém, estavam reivindicando o direito de escolher, eles mesmos, seus pares. Em vez de entrar numa queda de braço com os jovens, os professores estão medindo os resultados que eles têm alcançado nos dois casos. Ainda não há um resultado definitivo, mas, por enquanto, o que os educadores perceberam é que a escolha ou não dos pares não afeta o aprendizado, ao passo que a atenção dos alunos nos momentos de reflexão é maior quando são eles que escolhem seus pares.

Adaptar um modelo do universe dos negócios para tentar estimular a inovação foi a forma que a Summit encontrou de permitir que jovens de famílias de baixa renda tenham a oportunidade de estudar numa boa universidade. Se é a melhor opção, os próprios dados coletados pela Summit vão ajudar a responder. Enquanto isso, a convicção por lá é forte. “O modelo de Lean Startup realmente estimula o aprendizado. Escolas podem e devem trazer essa visão para seu dia a dia”defende Arambula. “Os alunos esperam e merecem uma excelente experiência de aprendizado todos os dias”, completa ele.

Patrícia Gomes, editora-assistente do Porvir está visitando o EdSurge, nos Estados Unidos. Uma versão dessa matéria também foi publicada em inglês.


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big data, ensino híbrido, escolas inovadoras, personalização

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