O que educação tem a ver com liberdade de imprensa?
Em um ambiente virtual onde cada vez mais desinformação e ataques a jornalistas e veículos de imprensa são persistentes, o que a educação tem a ver com isso? Muitos desses ataques se dão por falta de conhecimento sobre os processos jornalísticos.
por Ruam Oliveira 3 de maio de 2021
A repórter investigativa Maria Ressa, das Filipinas, tem sofrido uma série de ataques pessoais, entre campanhas de abuso e ameaças online. Ela tem sido alvo de inúmeros processos judiciais por suas reportagens investigativas e inclusive já foi presa acusada de supostos crimes associados à sua profissão.
Este ano ela será a homenageada com o Prêmio Guilherme Cano de Liberdade de Imprensa, único concedido pela ONU (Organização das Nações Unidas). A homenageada deste ano em mais de 30 anos de carreira e já passou pelos principais canais de comunicação como CNN e a rede de TV filipina ABS-CBN News.
Em um ambiente virtual onde cada vez mais desinformação e ataques a jornalistas e veículos de imprensa são persistentes, o que a educação tem a ver com isso? Muitos desses ataques se dão por falta de conhecimento sobre os processos jornalísticos. Em 3 de maio comemora-se o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
O primeiro ponto a ser destacado é que a comunicação tem espaço privilegiado na BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Os estudantes precisam aprender a se comunicar, a identificar e interpretar os fatos com o objetivo de desenvolver um pensamento crítico.
Para que esse trabalho seja possível, é necessário que exista uma imprensa livre e responsável, capaz de auxiliar no entendimento que a sociedade tem sobre o mundo. Além disso, comunicação é um direito básico que deve ser preservado.
⭐ Escola é base para apoio à ciência e combate à desinformação
A escola tem papel fundamental na proteção de direitos e na promoção da formação de cidadãos. Fazer com que estudantes entendam o peso das informações em seus espaços de convívio e locais onde moram é um passo para isso.
Na prática, o ambiente escolar é campo fértil para incentivar estudantes a refletirem sobre informações, como são produzidas as notícias ou de que forma se dá o trabalho jornalístico, por exemplo. Os muitos jornais laboratório, possibilidade de rádios e podcasts e criação de vídeos são ferramentas que colocam os estudantes com a mão na massa, incentivando que a própria exploração e pesquisa deles reforcem a percepção sobre os papéis da imprensa.
O que isso significa? Colocá-los nessa posição de produtores de conteúdo faz com que vejam, na prática, o resultado da informação circulando. Evita que sejam meros consumidores passivos do que circula na internet e fora dela. Ao mesmo tempo, o conceito de cidadania é reforçado.
Nestes tempos em que a desinformação circula por vezes livremente, desaguando quase sempre em ataques e deslegitimação, educadores e educadoras devem estar alertas para objetivos de transformação que passam invariavelmente pela educação midiática e a importância de olhar para o jornalismo nas escolas.
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– Alunos de ensino fundamental criam Zines para combater a desinformação
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