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Inovações em Educação

Os benefícios em flexibilizar o ambiente de trabalho

De acordo com especialistas, as empresas precisam se adaptar às demandas dos profissionais contemporâneos

por Fernanda Kalena ilustração relógio 24 de junho de 2014

Flexibilização é a nova palavra de ordem em grande parte dos ambientes de trabalho. Segundo especialistas, empresas estão tendo que se adaptar às demandas dos profissionais contemporâneos, que podem ter origem nos avanços da tecnologia móvel, ou mesmo nas características da rotina de quem mora em uma cidade grande, por exemplo.

Essa flexibilização ocorre tanto no horário de trabalho como no espaço e na autonomia dos funcionários. Segundo Alexandre Teixeira, especialista em felicidade no trabalho, uma forte tendência que está crescendo é chamada de Rowe (Results Only Work Environment, em inglês), algo como ambiente de trabalho de resultados, uma estratégia de recursos humanos na qual a empresa deixa de controlar o horário e o local de trabalho dos funcionários focando apenas no resultado – o que importa é a qualidade do trabalho e o cumprimento de prazos e metas.

“As pessoas querem fazer suas próprias agendas, não querem ir para o trabalho todos os dias, enfrentar trânsito das metrópoles, ainda mais se podem realizar o mesmo trabalho de casa. Estudos têm comprovado que o home office aumenta a produtividade em mais de 10%”, explica Teixeira.

Marcelo Braga, sócio da Search RH, aponta que dar mais autonomia para os empregados diminui a rotatividade no quadro de funcionários, um grande problema que as empresas enfrentam. “A gestão do tempo para o funcionário é algo muito positivo. Poder levar os filhos na escola, evitar sair em um horário de maior trânsito, ou mesmo poder cuidar de assuntos pessoais aumenta a qualidade de vida e a satisfação com o trabalho. Dar mais autonomia é uma forte ferramenta de retenção”.

Teixeira afirma que isso também favorece profissionais mais inquietos e dinâmicos a permanecerem mais tempo na mesma empresa. “Antigamente as empresas queriam disciplina, hoje elas querem criatividade. Geralmente os funcionários mais criativos são os mais inquietos e ao dar mais liberdade e autonomia é mais fácil segurar esse tipo de profissional”.

Segundo o especialista, é uma questão de tempo de adaptação para que empresa, chefes e funcionários vejam os benefícios da flexibilização. “Assim que os resultados aparecem todos passam a confiar mais no processo, os funcionários ganham em qualidade de vida e a empresa com o aumento da produtividade. Todos ganham”, ressalta o especialista.

Para os gestores que não se sentem seguros ou desconfiam dos empregados quando não estão os vendo trabalhar, Braga afirma que existem recursos que podem auxiliar nesse processo. “Hoje existem ferramentas que ajudam o gestor a controlar a equipe mesmo quando o funcionário está fazendo home office. Além disso, se este funcionário tiver metas bem estruturadas, adequadas ao seu cargo e capacidade, o gestor não precisa fazer um controle intensivo”, argumenta.

Ambos especialistas afirmam que o maior desafio para a disseminação de ambientes de trabalho mais flexíveis no Brasil é a CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), que reforça que as empresas tenham controle da produção, jornada e local de trabalho de seus funcionários. “A lei trabalhista é muito arcaica, é de 1943. O mundo corporativo teve que encontrar outras formas dentro da lei para se adaptar a demanda atual. Vemos muitas áreas de empresas virarem terceirizadas e também muitos ‘Eu S/A’ trabalhando por conta”, afirma Braga.

Segundo o especialista em felicidade no trabalho, esse modelo já é comum em startups e empresas voltadas para tecnologia e internet, onde grande parte do quadro de funcionários é formado por jovens. “Quando grandes empresas começarem a adotar isso mais frequentemente, vão gerar um efeito de demonstração importante para a disseminação dessas práticas”, completa.


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José Walter M. Lopes

O assunto é da maior importância e a reflexão é oportuníssima, contudo confesso continuar com as dificuldades de sempre. Ou seja, a CLT dá direito ao trabalhador às horas que estiver à disposição do empregador e no fato de querer que o funcionário realize cursos para sanar problemas da confiabilidade permanece continua sendo uma interrogação, enorme. Claro, se esse dois detalhes forem resolvidos, certamente a produtividade da empresa vai dar um salto, até porque essas são as chaves da questão. Mas repito, sobre o assunto, pela importância do debate, é por demais oportuno.
Ainda, a título de contraponto, consigno que hoje, por mais que se lute no sentido de instruir o trabalhador no sentido de estar atento à qualidade dos serviços e no atendimento o mais próximo possível da excelência, continua sendo uma luta. P. ex., chegar atrasado, sair mais cedo e faltas com atestados médicos sem que os colaboradores tenham adoecido é uma prática conhecida de norte a sul deste pais. Notadamente na construção civil.
Como o assunto é importante, e convém continuar o debate, penso que por aqui já poderíamos começar a construir uma proposta para solucionar as dificuldades que ventilamos. É hora sim de alterar essa CLT nos detalhes que está trancando o progresso e dificultando o relacionamento entre empregados e empregadores. O Brasil já mudou muito e o crescimento e o desenvolvimento se faz com produção eficaz, e esta só acontece quando pessoas competentes, habilidosas, de atitude e confiança são capazes de se disporem a fazer acontecer.
Assim, fundamentalmente, pela iniciativa da provocação do debate, meus parabéns.

Wilson Silva

O artigo sobre flexibilidade no trabalho é excelente, mas como encaixar esta flexibilidade diante da CLT, Categorias Sindicais e Empresários?

Abraços,
Wilson

Sidemberg Rodrigues

Excelente abordagem. Do jeito que está hoje, além dos entraves da mobilidade urbana com impactos tanto no trabalho quanto na qualidade de vida em geral, há novos comportamentos e aspirações pessoais que devem ser considerados nas questões “espacialidade” e “temporalidade, para os que desejam o que mais se tem buscado no mercado hoje: profissionais criativos e capazes de inovar, dar um basta na repetição de modelos mentais viciados e propor mudanças pertinentes, com autenticidade e equilíbrio. São inquietos, gostam de autonomia e independência. A contra-partida é o diferencial criativo! Claro que ainda há funções tradicionalmente operacionais, escalas de turno, plantões e congêneres a serem considerados nesta análise. Também acho que os órgãos trabalhistas estão muito mais abertos, orgânicos e dialógicos, até porque contam com essa mesma geração desejosa de felicidade e sentido profissional transidindo as gestões. Assim, TRT, SRTE e MPT devem ser trazidos para o debate e, creio, oferecerão visões interessantes para se ampliar as perspectivas dessa análise, cujo objeto não me parece uma coisa circunscrita a si mesma, mas uma face de uma grande mudança em curso, que não afetará apenas as empresas, mas a vida, por ser algo paradigmático e irreversível. Novos tempos!

Alexandre Yuri

Em relação a infra-estrutura (redes, telefonia, segurança da informação) e em muitas vezes até a comunicação com o cliente quando necessário.
Alem é logico em relação aos contratos de trabalho CLT, sindicatos, como pesam nessa balança.

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