Porvir encerra exposição no Museu Catavento com 70 mil visitantes - PORVIR
Crédito: Vinicius de Oliveira

Inovações em Educação

Porvir encerra exposição no Museu Catavento com 70 mil visitantes

No debate que fechou a mostra, educadores e especialistas reforçaram o papel fundamental da inovação na educação – e como os professores podem levá-la à sala de aula.

por Ana Luísa D'Maschio ilustração relógio 3 de fevereiro de 2023

Quando se fala de exposição em um museu, o que vem à cabeça? Para as 70 mil pessoas que passaram pela mostra “Encontro com o Porvir: trajetórias de educadores que transformam o presente e constroem o futuro”, a resposta certamente ganhou um significado além da arte: inovar na educação é possível. 

Com estações que abordaram diferentes formas de aprender (com o afeto, com a diversidade, com a mão na massa, com a comunidade e com a tecnologia), a exposição, que ficou em cartaz entre 8 de novembro de 2022 e 3 de fevereiro de 2023 no Museu Catavento, em São Paulo (SP), celebrou a primeira década do Porvir por meio da história e das práticas de 10 professores, de diferentes partes do Brasil. 

Mas o que é preciso para inovar na sala de aula? A pergunta conduziu o debate de encerramento do evento, na manhã da sexta-feira, 3, no auditório do museu. A roda de conversa foi mediada por Tatiana Klix, diretora do Porvir, e contou com Silvia Lima (gerente de projetos do Instituto Ayrton Senna), Carolina Luvizoto (gerente de educação da Faber-Castell) e Paulo Magalhães, professor de geografia da rede municipal de educação de São Paulo, que representou os demais educadores homenageados na exposição. 

Debate de encerramento da exposição, com Paulo Magalhães, Carolina Luvizoto, Silvia Lima 
e Tatiana Klix. Crédito: Vinicius de Oliveira
Debate de encerramento da exposição, com Paulo Magalhães,
Carolina Luvizoto, Silvia Lima e Tatiana Klix. Crédito: Vinicius de Oliveira

“A meta de todos nós é a educação, é ajudar a construir a educação do país. Por isso, agradecemos ao Instituto Porvir. É muito gratificante ver professores e educadores prestigiando o encerramento dessa exposição, que foi muito procurada: 70 mil pessoas passaram por ela”, disse Ana Rita Lima, assessora do educativo do Catavento, ao apresentar o debate.

Tatiana reforçou o quão especial é celebrar a temporada de três meses da mostra e a reunião de práticas inspiradoras de professores nesse espaço cultural. “No Instituto Porvir, acreditamos que todos os alunos têm direito a uma educação significativa, que promova o desenvolvimento integral; uma educação afetiva, que respeita as diversidades, conectada com o território, que use tecnologia e mão na massa e com atenção às especificidades dos estudantes”, afirmou, em referência às estações que compuseram a exposição. “Existem professores que já fazem isso no dia a dia, mas ainda há dificuldades para que todos os estudantes brasileiros tenham acesso à educação que os preparem para os desafios atuais e para contribuir com a transformação da sociedade. Por isso, chamamos essa conversa”, explicou.

Quando a cidade também educa

Premiado nacional e internacionalmente pelo projeto “Aula pública”, iniciado em 2016, que leva os estudantes a conhecerem o entorno da Escola Municipal de Ensino Fundamental Duque de Caxias e a comunidade do bairro do Glicério, região central da capital paulista, Paulo Magalhães contou brevemente a história da iniciativa. “Quando saí da escola com as turmas pela primeira vez, senti que podia transformar a vida de crianças, adolescentes e dos alunos de EJA (Educação de Jovens e Adultos), fazendo com que entendessem e estudassem sobre o espaço no qual vivem. E consegui transformar. Vimos a melhora do aprendizado dos alunos, sua aproximação com os professores, as melhorias dos índices da escola.”

O professor ressaltou, ainda, a importância de os educadores insistirem nos projetos que nascem na escola, quase sempre individualmente, mas se ampliam quando encontram redes de apoio e divulgação. “A educação se transforma por meio do ato do professor. Claro, há dificuldades, mas precisamos quebrar as barreiras de quem acredita que é preciso ficar apenas dentro quatro paredes da sala de aula. Estou aqui para mostrar que todos podemos ocupar e valorizar os territórios”, comentou Paulo. “Não conseguimos inovar sem o apoio das pessoas. Estou aqui, também, porque o Porvir me abriu espaços, ajudando na divulgação dos projetos.”

Papel da criatividade

Carolina Luvizoto, que lidera o Programa de Aprendizagem Criativa da Faber-Castell, também acredita que a inovação não pode passar apenas pelo professor. “Ele não pode estar sozinho. Dependemos da gestão e de políticas públicas que garantam processos de inovação. É importante trazer o esforço pessoal para as políticas, em ações mais amplas e sistêmicas.”

Partindo do estudo “Medindo inovação na educação” da OCDE (Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento), Carolina relatou alguns pilares levantados pelo documento, voltados à transformação. Entre eles, além do papel fundamental do professor, estão: a reflexão sobre as novas tecnologias, o olhar atento aos orientadores curriculares, a pesquisa acadêmica e o desenvolvimento emocional. “Em tempos de ChatGPT, é preciso refletir sobre inteligência artificial em vez de vê-la como barreira. Como ela pode ser aliada nesse processo de inovação na educação e agregar a aprendizagem?”, perguntou. 

Crédito: Ruam Oliveira Silvia Lima, do Instituto Ayrton Senna, em visita à exposição. Crédito: Ruam Oliveira

Representante do Instituto Ayrton Senna, Silvia Lima falou sobre a importância da intencionalidade, do pensamento crítico, de o professor fazer a autoavaliação de suas competências para atuar de maneira diferente. “O que ele pode fazer para se aprimorar, para continuar se desenvolvendo? Não existe caminho padrão, cada um trilha o seu e tem uma forma de alcançar.” 

Compor com os pares também fortalece a prática e o trabalho pedagógico, acredita a especialista. “Não dá para fazer inovação em um trabalho isolado”, reforçou Silvia. “Todos nós desenvolvemos diferentes competências socioemocionais enquanto estamos trabalhando um com o outro, com os alunos, com os pares. As redes se compõem em espaços formativos. Reforço, porém, que precisamos de políticas educacionais, de políticas públicas de incentivo a todos os atores envolvidos na educação integral.”

Colaborar para crescer

Professores que têm condições de inovar são apaixonados por aprender e colocam isso em prática no trabalho, comentou Silvia. “A falta de práticas colaborativas impactam a saúde mental desse profissional. Quem inova, sempre busca diferentes formas para alunos diversos. Isso contribui com o desenvolvimento cognitivo e no desenvolvimento socioemocional desses estudantes”, disse. 

Carolina afirmou que o engajamento dos alunos passa pelo processo de inovação, mesmo da maneira mais simples, como quando o educador muda a disposição das carteiras na sala de aula. “Fazer as coisas do mesmo jeito não gera nunca algo diferente.”

Crédito: Ruam Oliveira No último dia da mostra, o público contou com a visita guiada de Marina Lopes, jornalista do Porvir. Crédito: Ruam Oliveira

Para Paulo, é preciso que os professores acreditem mais neles mesmos. “Precisamos valorizar quem está com os pés no chão da escola, precisamos mostrar o trabalho dos milhões de professores do Brasil. Cada um, em sua sala de aula, está realizando a inovação. É preciso ter espaços de divulgação”, comentou. 

Para tanto, um dos caminhos imediatos, de acordo com o professor, é incentivar os educadores a registrar o que é feito em seus planejamentos, com abertura para mostrar as práticas ao coletivo. “O professor é tímido, mas é preciso registrar, avaliar, monitorar, dar vez e voz às práticas inovadoras. Em pequenas práticas, já estamos inovando. Como diria António Nóvoa (educador português), professor tem de ensinar professor”, acrescentou a gerente de projetos do Instituto Ayrton Senna. 

O que está por vir

Tatiana Klix finalizou a conversa com um spoiler: o ano de 2023 no Porvir promete novidades, e uma delas será a criação de uma comunidade para professores. “Este ano, os educadores terão a oportunidade de ampliar sua jornada dentro do Porvir. Além do acesso à informação, vamos oferecer espaços de troca para professores e mais iniciativas para reconhecer suas práticas. O Porvir caminha para se consolidar como uma comunidade de influenciadores da educação.”


Relembre as fotos da abertura da exposição

Como parte das atividades de celebração aos 10 anos do Porvir, a mostra interativa e multimídia “Encontro com o Porvir: trajetória de educadores que transformam o presente e constroem o futuro” é realizada até 3 de fevereiro, no Museu Catavento – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, localizado na região central de São Paulo (SP). Além das 148 contribuições recebidas em uma campanha de financiamento coletivo, somam-se aos parceiros e apoiadores oficiais do projeto: Camino School, Faber-Castell, FTD Educação, Fundação Educar, Instituto Ayrton Senna e Red Balloon.

Régua de logos da exposição Encontro com o Porvir


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​​Porvir em 10 anos

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