Porvir realiza pesquisa sobre a importância da educação no Brasil
O material foi encomendado por museu paulistano para a criação de sala temática
por Ruam Oliveira 20 de dezembro de 2022
A educação acontece dentro da escola. A educação, também, acontece fora dela. Nas praças, nas ruas, nas relações interpessoais, lá ela também ocorre. Em diferentes aspectos da vida, entender a relevância do campo educacional é o que permite valorizá-lo, pensar e promover estratégias de avanço, além de desenvolver habilidades.
Em uma pesquisa que apresenta o conceito de educação, situa o estado da arte da área no Brasil, traz dados educacionais e identifica como se encontra o campo em termos de infraestrutura, o Porvir também foi em busca de práticas inovadoras que mostram o poder transformador da educação.
Dividida em três capítulos e realizada a partir de uma revisão bibliográfica, o relatório traz os porquês de a educação ser importante, qual a situação atual e como ela pode transformar pessoas e contextos.
Confira a íntegra do material produzido pelo Porvir
“O conjunto de dados e histórias apresentados na pesquisa deixa muito claro o papel transformador da educação na vida dos indivíduos e na construção da sociedade, mas também mostra o quanto o Brasil ainda precisa evoluir para garantir esse direito para todos e todas. Acreditamos que tornar esse conhecimento acessível pode ser uma contribuição para a melhoria da educação brasileira”, diz Tatiana Klix, diretora do Instituto Porvir.
Já de início, o documento pontua os benefícios da educação nas dimensões social, política e econômica, destacando o quão significativa ela é para a construção da cidadania e para todas as etapas da vida de alguém.
São dados importantes que evidenciam como a educação age de maneira transversal em áreas como saúde, mercado de trabalho e desenvolvimento e produtividade do país.
A educação é entendida como um bem fundamental para que as pessoas conheçam seus direitos, possam acessá-los ou tenham condições de lutar por sua efetivação. Ou seja, sem educação, nenhum outro direito é assegurado, aponta o estudo
Até mesmo aspectos relacionados à violência e expectativa de vida são permeados pela educação e podem ser transformados por intermédio dela. Citando estudos do Insper e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a pesquisa traz dados que mostram como a inserção da educação impacta diretamente a vida pública e a segurança.
Qual o contexto da atual educação brasileira?
Da educação infantil ao fim do ensino médio. Como está a educação nessas diferentes etapas? A pesquisa pontuou que as crianças brasileiras não têm acesso garantido a creches, o que influencia diretamente no desenvolvimento delas e, por consequência, na trajetória escolar de cada uma.
Utilizando dados do Anuário Brasileiro da Educação Básica, o relatório mostrou que a meta do PNE (Plano Nacional de Educação) para o acesso de crianças de até 5 anos nesta etapa ainda está aquém do desejado. Há também um recorte importante em relação às desigualdades que essa etapa do ensino apresenta.
“Enquanto 54,3% das crianças dos lares mais ricos estão matriculadas em creches, 27,8% das mais pobres têm vagas garantidas. O atendimento nas áreas urbanas está mais avançado que nas zonas rurais, onde apenas 20% das crianças de até 3 anos estão matriculadas”, destaca o relatório.
A pesquisa chama a atenção para a necessidade de que as crianças estejam protegidas e recebam estímulos e nutrição adequados para que se desenvolvam corretamente. “A desnutrição afeta negativamente o desenvolvimento cerebral e a exposição ao estresse extremo, como ocorre em casos de abandono e maus tratos, desencadeia uma resposta biológica associada a um risco aumentado de doenças e danos cognitivos por muitos anos”, reflete o texto.
Olhando para a outra ponta, a pesquisa também fala a respeito de acesso, permanência e conclusão do ensino médio. De acordo com o relatório, muitos estudantes não concluem essa etapa, e a situação fica ainda pior quando se trata de grupos mais vulneráveis.
Os dados usados são de 2019 e o cenário pode se mostrar ainda mais desafiador quando se observa o período de pandemia de covid-19. “Cerca de 30% dos jovens brasileiros com 19 anos não concluíram o ensino médio em 2020, apesar de o Brasil ter registrado aumentos gradativos na taxa de conclusão do ensino médio na idade esperada ao longo de toda a última década”, pontua o texto.
A universalização do acesso ao ensino médio no Brasil ainda é uma realidade distante, uma vez que 9,66% dos jovens brasileiros entre 15 e 17 anos estão fora da escola, diz o estudo.
No caso do ensino superior, a situação se assemelha ao ensino médio, com uma taxa de acesso ainda baixa. Apenas 21% dos brasileiros entre 25 e 34 anos possuem diploma universitário, destaca a pesquisa usando dados do Education at Glance, relatório desenvolvido em 2021 pela OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
O relatório também aborda a inserção desses universitários no mercado de trabalho, destacando que nem sempre ter um diploma significa conseguir exercer uma função associada ao curso realizado.
Outros pontos como acesso a banheiros, água potável, laboratórios e internet também são elencados pela pesquisa.
E como é possível transformar e ser transformado pela educação?
Depois de apresentar todos esses desafios, o Porvir também buscou algumas práticas e relatos que evidenciam os impactos da educação. Com projetos de educação pública de diferentes redes do país, o capítulo 3 traz materialidade aos conceitos apresentados anteriormente, apontando de que maneira a educação de fato ocorre.
Entre os casos considerados bem sucedidos, estão as redes do Piauí e Sobral, e a Escola Municipal Waldir Garcia, em Manaus (AM), que virou referência mundial. Há também relatos de personalidades como o rapper Emicida e a atleta Rebeca Andrade, que contam de que maneira suas vidas foram impactadas pela educação.
Aplicação da pesquisa
O material desenvolvido pelo Porvir foi encomendado pelo Museu Catavento – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, localizado na região central de São Paulo (SP) –, com o objetivo de usá-lo como subsídio para a criação do projeto expográfico da Sala da Educação.
O Porvir, no entanto, não atuou na construção da Sala Educação e não foi consultado sobre o conteúdo que é apresentado ao público. As escolhas dos dados e das mensagens usadas no projeto expográfico foram realizadas pela curadoria do Museu Catavento, que inclusive incluiu novas informações e leituras, assim como usou definições que não estão presentes na pesquisa elaborada pelo Instituto Porvir, como por exemplo a citação do conceito de “escola religiosa”.
Confira a íntegra do material produzido pelo Porvir