Professor de matemática é representante do Brasil no Top 50 do Global Teacher Prize
Professor do Instituto Federal Goiano já contou na seção Diário de Inovações como combina conceitos matemáticos, jogos e robótica. Ele segue na disputa pelo prêmio de US$ 1 milhão
por Redação 22 de setembro de 2021
O professor de matemática Greiton Toledo, do Instituto Federal Goiano, localizado em Ipameri (GO), é o representante brasileiro na lista dos 50 selecionados pelo Global Teacher Prize, prêmio concedido pela Varkey Foundation em parceria com a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Conhecido como “Nobel da Educação”, a iniciativa recompensa o(a) vencedor(a) com US$ 1 milhão.
Em relato para a seção Diário de Inovações, do Porvir, publicado em 2017, Greiton já se dizia “muito insatisfeito com modo tradicional de ensinar a disciplina”. No texto, o professor descreveu ainda o início do projeto Mattics, que agora lhe rendeu uma posição especial no Global Teacher Prize. “Percebi que as crianças também tinham curiosidade em saber como elas poderiam fazer seus próprios games. Pela minha experiência prática, sempre atento ao que os alunos querem, pensei em aproveitar esse interesse para ensinar matemática”.
Ao Porvir, Greiton descreveu a emoção de ser finalista como um “turbilhão de sentimentos que não consigo comensurar. Ao receber essa notícia, fui – e continuo sendo – tomado por imenso teor de responsabilidade pelo ensino de matemática”, afirmou o professor que aos 13 anos já estava decidido em seguir carreira na área, por mais que colegas dissessem que essa era uma profissão pouco prestigiada e com baixa remuneração.
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No Mattics, que saiu do papel em 2015, com atividades de contraturno para turmas de ensino fundamental 2 da EMEF Irmã Catarina, em Senador Canedo (GO), Greiton passou a ensinar estrutura computacional por meio do Scratch (baixe um guia) e estimula o desenvolvimento do pensamento matemático dos alunos ao construir um game de forma problematizada.
Seis anos depois, o Mattics alia forças com dezenas de profissionais da educação, saúde e computação. Greiton afirma que hoje o objetivo é colocar o ensino e a aprendizagem de matemática em âmbito mais responsável, científico e globalmente tecnológico. As aulas não são uma reprodução de fórmulas e exercícios. “Buscamos incentivar a criatividade, a pesquisa, a inovação e as invenções científico-tecnológicas de baixo custo (materiais recicláveis e sustentáveis) nas aulas de matemática em prol do tratamento de sintomas da doença de Parkinson”, disse.
E como o projeto faz isso? “A nossa proposta não se resume ao conteúdo de matemática: incentiva o questionamento, a reflexão e o trabalho colaborativo criativo-científico e tecnológico para além dos muros da escola”. Greiton explica que trabalha com os conteúdos curriculares de modo que os estudantes consigam aprender de forma intuitiva, sempre em nível crescente de dificuldade. Para isso, adota como estratégias pedagógicas desafios, pesquisa, produção de jogos e dispositivos de robótica, sempre conectados a problemas reais e a necessidades reais. Seus alunos passaram a levar os jogos desenvolvidos em sala de aula para hospitais, onde idosos com a doença Parkinson podem fazer atividades mentais e físicas, como em uma fisioterapia, acompanhados por profissionais da área da saúde.
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Além de melhorar a frequência escolar e estimular que alunos participem de olimpíadas de matemática, Greiton comemora o fato de levar uma aprendizagem diferente da disciplina a milhares de jovens, que hoje conseguem interpretar e visualizar situações, tomar decisões, lidar com imprevistos, bem como construir e propor possíveis soluções para problemas reais. “Tudo isso a favor da sociedade, de modo que as carreiras científicas e tecnológicas sejam um de seus possíveis projetos de vida e transformação social e intelectual”.
Diante da crise educacional agravada pela pandemia, Greiton também defende que apoiadores da educação unam forças. “Acredito que é tempo de unirmos nossas vozes, sonhos e colocarmos o ensino de matemática da educação pública brasileira como ponto de pauta mundial, mesmo diante de tantas negligências, obscurantismos e cortes injustificáveis à educação e à ciência do nosso país. Cabe ressaltar que, contraditoriamente, o Brasil se destaca em nível mundial pela pesquisa em matemática. Por outro, o país continua amargando ínfimos resultados internacionais na mesma área de conhecimento da educação básica. Linhas abissais perversas entre as pontas. Afinal de contas, quando leremos também: “𝖡𝗋𝖺𝗌𝗂𝗅 𝖾𝗇𝗍𝗋𝖺 𝗉𝖺𝗋𝖺 𝗈 𝗀𝗋𝗎𝗉𝗈 𝖽𝖾 𝗋𝖾𝖿𝖾𝗋ê𝗇𝖼𝗂𝖺 𝗆𝗎𝗇𝖽𝗂𝖺𝗅 𝗊𝗎𝖺𝗇𝗍𝗈 𝖺𝗈 𝖤𝗇𝗌𝗂𝗇𝗈 𝖡á𝗌𝗂𝖼𝗈 𝖾𝗆 𝖬𝖺𝗍𝖾𝗆á𝗍𝗂𝖼𝖺?
Ao longo dos últimos anos, Greiton acumula diversos prêmios nacionais, como o Educador Nota 10 de 2016. Ele também foi selecionado para o Desafio Aprendizagem Criativa de 2017.
Assista à palestra de Greiton Toledo disponível no canal do Porvir no YouTube. Ele participou do Transformar Educação 2017, evento promovido pelo Instituto Inspirare/Porvir, Fundação Lemann e Instituto Península, com apoio do Canal Futura