Projeto dá reforço escolar para alunos e pais em SP - PORVIR
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Inovações em Educação

Projeto dá reforço escolar para alunos e pais em SP

Instituto Educação Sem Fronteiras leva o fascínio de ensino transversal de disciplinas a comunidades da periferia da capital

por Vagner de Alencar ilustração relógio 18 de junho de 2013

Alunos de ensino fundamental 2 e médio de comunidades de baixa renda de São Paulo estão ganhando um reforço nos estudos por meio de uma metodologia que busca despertar nos jovens o fascínio pelos conteúdos das disciplinas. Essa é a proposta da ONG  Instituto Educação Sem Fronteiras, que busca conectar as matérias ensinadas ao cotidiano dos alunos e também extrapola a divisão por matérias, apostando no ensino por meio de grandes temáticas que misturam o currículo. O instituto vai ainda mais além, seus professores voluntários também se envolvem com a comunidade e trazem os pais para acompanhar os filhos e formam turmas paralelas para que eles também aprendam.

“O conteúdo de geografia pode enveredar para outros assuntos como história e química. Aulas são ilustradas com Dali, Ziraldo, Sebastião Salgado, Portinari e Vicent van Gogh”, diz Carol Zanoti, coordenadora do Instituto Educação Sem Fronteiras. “Ninguém é deixado para trás: a matéria só avança quando todos aprendem. As avaliações são frequentes. As notas servem para avaliar o educador, para que se saibam quais assuntos precisam de mais atenção”, afirma.

Carol diz que o objetivo do projeto não é substituir a escola formal, mas sim, colaborar para aprimorar conhecimentos dos alunos. “Queremos libertar os saberes dos estudantes, formar alunos e seus pais e seus professores na multiplicação de ações de aprendizagem e da amorosidade em suas comunidades”, diz.

O projeto desenvolve uma metodologia chamada TFT, siglas de Tema, Fascínio e Transversalidade. Dentro desse modelo, os alunos aprendem temas como anatomia e fisiologia humana e são “fascinados” a partir de abordagens específicas, que façam sentido à sua vida, como identificar a representação de molécula de DNA, conhecer sua importância e associá-la à hereditariedade. Sendo possível entender, por exemplo, o porquê da cor de sua pele ou dos seus olhos. De forma transversal, também são incluídos assuntos de história e geografia, como reflexões ligadas à postura humana em relação ao meio ambiente ou como vivem as diferentes espécies.

“O conteúdo de geografia pode enveredar para outros assuntos como história e química. Aulas são ilustradas com Dali, Ziraldo, Sebastião Salgado, Portinari e VanGogh”

A formação complementar é direcionada especialmente a 240 crianças e jovens, de 7 a 18 anos, que estão matriculados na escola formal. As aulas acontecem em turmas com, no máximo, dez estudantes, sempre no contraturno ou durante os finais de semana. Já os pais também podem se organizar para montar suas turmas, além de escolherem os conteúdos das disciplinas que pretendem estudar, como biologia, história, química, geografia, física, português (letramento), raciocínio lógico (matemática) e inglês.

A formação é dada por uma dezena de professores voluntários, chamados de Educadores Sem Fronteiras. Suas aulas acontecem em bibliotecas locais, na casa dos estudantes ou mais comumente em uma das duas unidades foram construídas pela organização. Uma delas está localizada no Jardim Ângela, uma das comunidades mais numerosas, na zona sul de São Paulo, e a outra na Raposo Tavares, na região oeste da capital. Neste ano, a meta é instalar mais duas sedes, nas zonas norte e leste da cidade.

Segundo Carol, a comunidade precisa assumir um papel de corresponsabilidade pelo acompanhamento e construção de todo o processo de aprendizagem. Parte disso, acontece por meio das reuniões bimestrais com educadores e pais dos estudantes, onde trocam feedbacks e estimulam essa rede de colaboração pelo aprendizado.

Roseli Aparecida Reche, moradora do Jardim Ângela, elucida essa proposta. Ao acompanhar a rotina extraescolar de seu filho, ela voltou aos estudos e hoje, inclusive, atua como voluntária no projeto. “O Juan frequentou as aulas por três anos. Neste período eu também resolvi voltar. Depois fui convidada para trabalhar como voluntária. Cuido de uma biblioteca do instituto, onde passo as tardes, de segundas e sextas-feiras, organizando os livros doados, catalogando e auxiliando os estudantes a encontrar livros que lhes sejam interessantes. Hoje leio bem mais do que antes”, afirma.

De acordo Carol, a taxa de abandono escolar dos alunos participantes do projeto caiu 45%. A explicação, aponta, está no aumento do ingresso dos jovens em escolas técnicas e mercado de trabalho. Além disso, aumentou em 70% a assiduidade dos estudantes às bibliotecas locais. “A construção e aprimoramento dos saberes conta com o envolvimento dos educandos, pais, comunidade e parceiros”, diz.


TAGS

educação de jovens e adultos, engajamento familiar, ensino fundamental, ensino médio, transdisciplinaridade

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