Tecnologia é aliada em diferentes momentos do ensino bilíngue

Quando utilizada como ferramenta de apoio, a tecnologia digital pode fazer a diferença na aprendizagem de um novo idioma. O acesso a materiais como notícias e podcasts estimula habilidades como escrita e fala. Por videochamadas, a conversa com praticantes de diferentes contextos culturais também apoia a audição e o aprendizado em geral. E tudo isso pode ser combinado com exercícios e jogos interativos.

O Porvir convidou dois representantes do Edify Education, empresa presente em mais de 270 escolas brasileiras, para falar mais detalhadamente sobre o tema. Nelson Toledo, editor de conteúdo digital, e Raquel Carlos, diretora acadêmica, listam as vantagens e apontam a eficácia da tecnologia quando atrelada ao aperfeiçoamento dos métodos tradicionais do ensino de línguas. 

“Em geral, a tecnologia pode ser uma ferramenta eficaz para a aprendizagem de línguas quando é utilizada de forma apropriada e em combinação com outros métodos, desde que apropriada como um elemento de expansão e execução de possibilidades não possíveis sem ela”, afirmam os especialistas nesta entrevista. “Além disso, o uso de tecnologias no ensino aproxima a sala de aula da realidade que os estudantes vivenciam em todas as demais dimensões de sua vida, favorecendo, assim, melhores níveis de motivação e engajamento com o processo de aprendizagem”, complementam. 

Confira, a seguir, os principais tópicos:

Como selecionar recursos digitais para leitura

Há alguns fatores a considerar ao escolher a tecnologia digital certa para a leitura. Estes incluem a finalidade da leitura, as preferências individuais do leitor, e a disponibilidade da tecnologia.

• Finalidades: há diferentes recursos tecnológicos digitais mais adequados para os mais diferentes propósitos de leitura. Por exemplo, ao ler por lazer ou entretenimento, a pessoa poderá preferir um dispositivo que lhe permita acessar mais facilmente a uma maior variedade de livros, como um e-reader ou um tablet. Por outro lado, ao lermos para pesquisas ou estudos, precisaremos de um dispositivo que nos permita tomar notas de maneira mais dinâmica, destacar texto e consultar múltiplas referências, como um computador de mesa ou laptop. Já a tela do celular dá conta de leituras curtas como mensagens e e-mails, ou ainda breves artigos e notícias.
  
• Preferências: pessoas diferentes têm preferências diferentes quando se trata de ler digitalmente. Algumas pessoas gostam mais  da sensação de um livro físico e podem preferir um e-reader que tenha uma tela que se assemelhe mais ao papel. Outras optam pela  comodidade de um tablet ou smartphone, que pode ser transportado facilmente, e utilizado para acessar outros conteúdos que não apenas os livros.
  
• Disponibilidade: é preciso considerar a disponibilidade da tecnologia para o usuário ao escolher o dispositivo digital certo para cada tipo de leitura. Sem acesso a um dispositivo mais adequado, este deixa de ser uma escolha. Por exemplo, se o indivíduo não tiver acesso a um e-reader ou a um tablet, um smartphone passa a ser a escolha para a leitura digital.

Em geral, a melhor tecnologia digital para a leitura dependerá das suas necessidades e preferências individuais. Poderá ser útil para o leitor experimentar algumas opções diferentes para concluir qual atenderá melhor suas necessidades.

Principais apoios digitais para conversação

Na prática de conversação, a tecnologia digital pode ser utilizada como facilitador da prática. Podemos, por exemplo, utilizar software de conversação por vídeo como Skype ou Zoom para condução de atividades práticas orais em tempo real com participantes de diversas localidades. Também podemos utilizar aplicativos de aprendizagem de línguas ou websites que ofereçam prática de conversação com falantes nativos de maneira remota. Além de recursos para a prática oral em tempo real, a tecnologia ainda nos permite o uso de ferramentas que podem apoiar o desenvolvimento da oralidade de maneira assíncrona, ou seja, não simultânea. Tais ferramentas, como o Flip, por exemplo, são flexíveis o suficiente para que o professor consiga utilizá-las dentro e fora da sala de aula e com a participação de um ou mais alunos. 

Assistentes de voz que, utilizados de forma guiada pelo professor, já conseguem promover algumas instâncias autênticas de uso de interação humano-máquina no contexto de aprendizagem de línguas.

Recomendações para vocabulário e gramática

A tecnologia digital pode fornecer acesso a recursos como flashcards e listas de vocabulário para nos ajudar a aprender novas palavras e frases. Podemos utilizar aplicativos ou websites que oferecem jogos interativos ou quizzes para ajudar a praticar e a reter vocabulário novo.

Exercícios e explicações gramaticais interativos, bem como ferramentas como revisores ortográficos, ajudam a identificar e corrigir erros na sua escrita.

Jogos e aplicativos de apoio ao ensino bilíngue

Há muitos aplicativos e jogos que podem ser utilizados no ensino de línguas. É importante escolher a ferramenta digital que seja mais apropriada para os alunos e para os objetivos da lição. Alguns exemplos incluem:

• Kahoot!: é uma plataforma digital de aprendizado baseada em gamificação. Ela permite a criação de testes de múltipla escolha que podem ser reutilizados por outros usuários e podem ser acessados por meio de um navegador da Web ou do aplicativo Kahoot.
• Anki: é um aplicativo de flashcards que lhe permite criar os seus próprios flashcards ou baixar decks pré-fabricados para o ajudar a estudar vocabulário, gramática, e outros conceitos linguísticos.

Quizlet: é um website e uma aplicação que oferece jogos interativos e questionários para ajudar os alunos a praticar vocabulário e outros conceitos linguísticos.

Como planejar melhor as aulas apoiadas em tecnologia

Há várias medidas que os professores podem tomar para se prepararem para incluir as tecnologias digitais nas suas aulas de línguas:

• Identificar as metas e objetivos da aula: antes de incorporar a tecnologia digital, é importante compreender as metas e objetivos da aula e determinar como a tecnologia pode apoiar essas metas. Por exemplo, fornecendo acesso a materiais de leitura autênticos, facilitar a prática da conversação, ou proporcionar acesso a exercícios lexicais gramaticais interativos.
• Escolher a tecnologia mais apropriada: selecione a tecnologia apropriada para a lição, o objetivo e sobretudo para os alunos. É importante considerar a experiência dos alunos com a tecnologia, as suas preferências de aprendizagem e aptidões, e por fim, a real disponibilidade de recursos e infraestrutura.
• Planejar a integração da tecnologia: planeje como irá integrar a tecnologia na lição. Considere como irá introduzir a tecnologia aos alunos, fornecer instrução e apoio, e avaliar com eles o sucesso do uso da tecnologia naquele momento.
• Testar e resolver problemas: teste a tecnologia e recursos que irá utilizar antes da aula para assegurar que tudo está a funcionar corretamente. Esteja preparado para resolver quaisquer problemas que possam surgir durante a aula como parte do aprendizado e desenvolvimento de todos os envolvidos.
• Prestar apoio e orientação: esteja disponível para dar suporte e orientação aos alunos à medida que estes utilizam a tecnologia. Considere fornecer instruções passo-a-passo ou criar um guia para a utilização do recurso empregado.
• Avaliar: Calcule o uso da tecnologia na aula para determinar a sua eficácia e fazer os ajustes necessários. 

Ao seguir estas etapas, os professores podem incorporar eficazmente as tecnologias digitais nas suas aulas de línguas, respeitando as necessidades e as capacidades dos alunos.

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