Udemy aposta em cursos práticos para crescer
Plataforma de compartilhamento de conhecimento técnico quer ampliar atuação internacional; Brasil está na mira
por Tatiana Klix 1 de abril de 2014
Em 2010, quando o site de cursos online Udemy foi lançado em São Francisco, nos Estados Unidos, havia poucas razões para as pessoas se cadastrarem em sua plataforma. “Se você era um professor, não tinha razão para estar no Udemy porque não tinha muitos estudantes lá; se era aluno, havia poucos professores”, lembra Dennis Yang, presidente e COO da empresa. Agora a situação se inverteu. Em fevereiro, a plataforma alcançou a marca de 2 milhões de alunos cadastrados, apenas cinco meses após ter atingido o número de 1 milhão de estudantes”. Tudo isso, sem ter ligação com nenhuma grande instituição de ensino.
Seus usuários aprendem, via internet, habilidades como design, fotografia e como operar o Excell, a partir de aulas em vídeo e outros suportes como PowerPoint, PDF, áudios e imagens, preparadas por mais de 7.000 experts, que oferecem 13 mil cursos. Esse crescimento acelerado é explicado por Yang pelo efeito de rede: “Atualmente, todos – estudantes e professores – procuram o Udemy porque é a plataforma onde todos estão”.
Diferente dos Moocs, como o Coursera e edX, que compartilham conteúdos acadêmicos e robustos de graça, o foco do Udemy são os conhecimentos práticos e úteis para o mercado de trabalho. Os cursos são curtos – a maioria dura de uma a três horas – e custam geralmente entre US$ 29 e US$ 99. Já os professores não vêm apenas de instituições de ensino, mas são profissionais das mais variadas áreas de atuação, como negócios, tecnologia, design, arte e até yoga, por exemplo.
“Em médio e longo prazo todos precisam aprender novas habilidades profissionais e pessoais, porque a tecnologia está mudando a forma como trabalhamos e vivemos. O sistema clássico de ensino não foi desenhado para ajudar nessa tarefa, e nós temos a maior oferta de professores ensinando essas habilidades práticas”, explica Yang.
A lista de cursos mais populares do site comprova a afirmação do presidente da empresa. Estão lá “Java para Iniciantes”, visto por 136 mil alunos, “Treinamento de Photoshop”, 82 mil; “Aprenda a Programar HTML5”, 75 mil; “MySQL Database para Iniciantes”, 61 mil; e Treinamento de Excell, 58 mil.
Tamanha popularidade já fez com que a atividade de compartilhar conhecimento pelo Udemy se tornasse uma boa forma de ganhar dinheiro. Mesmo que esse não seja o único objetivo das pessoas que criam cursos, alguns instrutores se tornaram celebridades na web, muito bem-sucedidas. Em fevereiro, a empresa divulgou os 50 professores que ganharam mais de US$ 50 mil dólares em 2013 por seus cursos. No topo da lista, há 10 professores que receberam US$ 10 milhões.
Internacionalização e mais conteúdo
Com alunos espalhados por todo o mundo (literalmente), a plataforma tem números bem mais tímidos no Brasil. Dos 250 cursos disponíveis em português, o mais popular é “Como Escalar e Inovar em seu Negócio”, com 1.300 alunos inscritos, seguido por “Startup: Ferramentas para Começar seu Negócios”, com 650 estudantes. Mas isso vai mudar em 2014, segundo Yang. Entre os objetivos da empresa para este ano está ampliar sua atuação internacional, tendo o Brasil como um dos principais mercados em sua mira. Para isso, a ideia é atrair mais professores locais para dividir conhecimentos na ferramenta. “Acreditamos que as pessoas querem aprender com professores locais e não de outros países, de universidades americanas. E temos certeza que existem ótimos professores em todos os lugares. Vamos passar mais tempo no Brasil buscando esses profissionais”, contou Yang ao Porvir.
Além disso, para manter o crescimento do Udemy, a empresa pretende publicar mais aplicativos de aprendizagem via celular e diversificar o tipo de conteúdo oferecido, abrindo novas categorias de cursos focados em enriquecimento pessoal, saúde e bem-estar.