Professora usa mapas mentais para substituir avaliação - PORVIR
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Diário de Inovações

Professora usa mapas mentais para substituir avaliação

Para tirar o medo da prova final, Célia Aparecida prioriza atividades em sala e propõe realização de um mapa conceitual como fechamento da disciplina

por Célia Aparecida de Matos Garcia ilustração relógio 13 de julho de 2016

Quando eu comecei como professora da disciplina de Gestão de Equipes, na Fatec-Guaratinguetá (Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo), eu dava uma prova normal, tradicional, no final do semestre. Só que comecei a perceber que as pessoas ficam muito tensas com uma coisa simples. Os alunos participavam das aulas durante o semestre inteiro, então não tinha porque ficarem nervosos, tanto é que todos iam muito bem na prova. Por isso,  pensei em parar de dar esses testes finais.

No primeiro semestre de 2015, eu avisei aos alunos, no começo da disciplina, que não ia mais dar nenhuma prova escrita e as avaliações iriam acontecer pela participação em sala de aula. Também não resolveu, porque os alunos ficaram muito relaxados. Como sabiam que não ia ter avaliação, eles não ligavam muito. Naquele semestre, eu acabei ficando sem saber se todos captaram o conteúdo e a importância de todos os tópicos da disciplina. Eles acharam que, como não teriam uma avaliação escrita, já seriam aprovados e pronto. Saber que não teriam prova deu uma tranquilidade meio exagerada.

A prova cria uma tensão desnecessária. Quando o aluno tem que fazer uma avaliação escrita, ele vai pegar todo o material, estudar, estudar e estudar, só pra fazer a prova

Depois dessa experiência, eu fiz uma capacitação em metodologias ativas de aprendizagem, que me trouxe novas ideias. Paralelo a isso, surgiu a ideia de usar os mapas mentais (diagrama usado para relacionar conteúdos  e ideias) como uma forma de avaliação. Eu tinha conhecido os mapas com um colega professor, que já tinha um material. Achei a proposta muito interessante e, pesquisando na internet, descobri algumas ferramentas que ajudam a fazer um mapa de ideias.

Então, no início do segundo semestre de 2015, eu falei para os alunos que poderia ter ou não uma avaliação no final da disciplina. Mas ressaltei que o que seria mais valorizado seria a participação e a contribuição em sala de aula.

mapa mental 01Mapa mental desenvolvido pelos alunos da professora Célia.

Também comecei propondo uma atividade individual para eles aprenderem a teoria do mapa mental. Levei um mapa pronto pra eles verem e, a partir daí, elaborarem um mapa próprio sobre gestão do tempo, para mostrar para eles mesmos o que precisam fazer para ter maior concentração, para deixar o celular de lado, entre outras atitudes.

No fim do semestre, propus que os alunos se juntassem em grupos de quatro ou cinco pessoas, para realizar um mapa sobre Gestão de Equipes. Eles receberam a proposta como uma das atividades da disciplina, e não como uma prova. Mas a minha ideia era avaliar o que aprenderam. Funciona assim: no centro do mapa vai o nome da disciplina, e aí os alunos vão puxando tópicos principais das aulas, como liderança, trabalho em equipe, feedback, entre outros. A partir desses, eles vão colocando outros itens que se relacionam com os conteúdos. Eu estimulei que eles usassem a criatividade, figuras, desenhos e outros elementos que achassem interessantes, tudo isso pra ficar uma produção mais atrativa.

mapa mental 02Mapa mental desenvolvido por outro grupo de alunos da professora Célia.

Comecei a desenvolver essa atividade porque acredito que a prova cria uma tensão desnecessária. Quando o aluno tem que fazer uma avaliação escrita, ele vai pegar todo o material, estudar, estudar e estudar, só pra fazer a prova. Para mim, isso não diz se ele realmente captou o conteúdo. Eu acho muito mais produtivo quando ele participa ativamente durante o semestre todo.


Célia Aparecida de Matos Garcia

Professora de Gestão de Equipes nos cursos de Tecnologia em Logística e Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, na Fatec Guaratinguetá - SP. Formada em Automação de Escritórios e Secretariado, também pela Fatec Guaratinguetá, especialista em Gestão de Pessoas e Projetos Sociais pela UNIFEI e Mestranda em Educação pelo Centro Paula Souza.

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aprendizagem colaborativa, avaliação, ensino superior

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