12 sugestões pedagógicas para usar celulares e computadores em sala de aula
O uso consciente e intencional da tecnologia enriquece a aprendizagem e torna o ambiente educativo mais interativo
por Débora Garofalo 18 de março de 2025
A recente legislação que restringe o uso de celulares nas escolas gerou um intenso debate sobre o papel da tecnologia no ambiente educacional. Embora a intenção seja minimizar distrações e promover a concentração, é fundamental refletir sobre como integrar esses dispositivos de maneira equilibrada e consciente. A tecnologia, quando utilizada com intencionalidade pedagógica, tem o potencial de enriquecer a experiência de aprendizado.
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A educação contemporânea enfrenta desafios significativos, especialmente em um mundo repleto de novas tecnologias. Diante disso, surge a necessidade de integrar dispositivos como celulares e computadores ao ambiente escolar. Esses recursos, muitas vezes vistos como distrações, podem se tornar aliados poderosos no processo de aprendizagem, promovendo um ensino mais engajador e interativo.
É fundamental implementar atividades que estimulem a exploração e o uso consciente dessas ferramentas. Uma sugestão seria promover pesquisas em grupo utilizando celulares, nas quais os alunos investigam temas específicos e compartilham descobertas com a turma. Essa prática não só desenvolve habilidades de pesquisa, mas também fomenta a colaboração e a troca de ideias.
A educação contemporânea enfrenta desafios significativos, especialmente em um mundo repleto de novas tecnologias.
Estabelecer diretrizes claras sobre o uso dos dispositivos móveis, entre eles os celulares, é essencial. As instituições têm a possibilidade de criar um código de conduta que defina momentos e contextos apropriados para a utilização dos dispositivos. Por exemplo, durante atividades específicas, como pesquisas em grupo ou projetos colaborativos, os estudantes usariam seus celulares para acessar informações, vídeos e artigos relevantes. Essa abordagem promove a autonomia e a responsabilidade, permitindo que os alunos aprendam a utilizar a tecnologia de forma construtiva.
Outra estratégia é incentivar a criação de aplicativos educacionais que eles possam usar em sala de aula. Uma ideia é usar plataformas que facilitam a interação entre docentes e estudantes, como quizzes ou fóruns de discussão. Ao integrar esses recursos no cotidiano escolar, os educadores tornam o aprendizado mais dinâmico e envolvente.
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Além disso, é importante promover o letramento digital. Que tal oferecer workshops ou aulas específicas que ensinem os estudantes a navegar de forma crítica e responsável na internet? Isso inclui discutir a importância da privacidade, a verificação de fontes e o respeito ao trabalho dos outros. Ao capacitar os alunos com essas habilidades, eles se tornam usuários mais conscientes e éticos das tecnologias.
Benefícios do uso equilibrado de dispositivo móveis
Integrar celulares e computadores no cotidiano escolar não é apenas uma tendência, mas uma necessidade. Ao adotar essas práticas, reforçamos a intencionalidade pedagógica, preparando os estudantes para os desafios atuais e tornando a aprendizagem uma experiência rica e significativa.
Atividades dinâmicas desempenham um papel crucial na promoção da colaboração e da troca de ideias entre os discentes, criando um ambiente de aprendizado mais interativo e engajador. Veja algumas maneiras para facilitar esse processo:
Trabalho em grupo: Atividades que exigem que os alunos trabalhem em grupos incentivam a comunicação e a colaboração. Durante essas experiências, os estudantes são obrigados a discutir ideias, resolver problemas em conjunto e compartilhar responsabilidades, o que fortalece o vínculo entre eles e promove a troca de perspectivas diferentes.
Discussões em sala de aula: Atividades dinâmicas que incluem debates ou fóruns de discussão permitem que os alunos expressem suas opiniões e ouçam as perspectivas dos colegas. Esse intercâmbio de ideias enriquece o conhecimento coletivo e estimula o pensamento crítico, pois os estudantes aprendem a argumentar e a considerar pontos de vista diversos.
Aprendizagem Baseada em Projetos: Projetos interativos que envolvem pesquisa, planejamento e apresentação exigem que os estudantes colaborem em todas as etapas. Essa abordagem não apenas promove a divisão de tarefas, mas também incentiva a troca de conhecimentos e habilidades, uma vez que cada membro pode contribuir com suas competências individuais.
Ao adotar essas práticas, reforçamos a intencionalidade pedagógica, preparando os estudantes para os desafios atuais
Uso de ferramentas digitais: A incorporação de tecnologias, como plataformas colaborativas online (Google Docs, Padlet, entre outras), permite que os estudantes compartilhem ideias, comentem e editem o trabalho uns dos outros em tempo real. Isso não só facilita a troca de informações, mas também promove um senso de pertencimento a um grupo, já que todos estão participando ativamente do processo.
Jogos educativos: Atividades lúdicas, como jogos de equipe ou quizzes, incentivam os estudantes a trabalhar juntos para alcançar um objetivo comum. Essa interação divertida contribui com a quebra de barreiras sociais, ajudando indivíduos de diferentes perfis a se conectarem e a colaborarem de forma mais natural.
Desafios criativos: Atividades que apresentam desafios ou problemas a serem resolvidos incentivam a criatividade coletiva. Os estudantes são convidados a pensar fora da caixa e a colaborar para encontrar soluções inovadoras, o que resulta em um ambiente de aprendizado mais ativo e dinâmico.
Reflexão coletiva: Após a conclusão de atividades, momentos de reflexão em grupo costumam ser muito valiosos. Os estudantes compartilham o que aprenderam, discutem o que funcionou bem e o que poderia ser melhorado, promovendo trocas e aprendizado contínuo.
As ações acima representam o uso equilibrado e consciente e de uma nova cultura para o uso dos dispositivos móveis. De maneira prática, por exemplo, pode-se pensar um projeto em que os estudantes investigam temas atuais, como mudanças climáticas ou desigualdade social. Durante o processo, eles podem utilizar seus dispositivos para coletar dados, assistir a documentários e criar apresentações digitais. Essa metodologia não apenas enriquece o aprendizado, mas também estimula a colaboração e o pensamento crítico.
Ademais, é fundamental reservar momentos sem tecnologia, permitindo que os estudantes desconectem e se concentrem em atividades que promovam a interação, como debates ou trabalhos em grupo. Essa alternância entre o uso de celulares e atividades de socialização apoia o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, essenciais para a formação integral dos estudantes.
A comunicação com pais e responsáveis também é crucial. As escolas devem manter um diálogo aberto com as famílias sobre as diretrizes do uso de celulares e a importância da educação digital. Isso cria um ambiente de apoio, onde todos estão envolvidos na formação dos jovens.
A restrição do uso de celulares nas escolas não deve ser vista como uma solução definitiva, mas sim como um convite a uma reflexão mais profunda sobre como integrar a tecnologia de forma consciente e intencional. Com diretrizes claras, educação digital e atividades práticas que valorizem o uso equilibrado dos dispositivos, é possível transformar potenciais distrações em ferramentas valiosas para o aprendizado.

Débora Garofalo
Professora, mestra em Educação, gestora em inovação, integrante da comissão municipal de Direitos Humanos, embaixadora do Instituto Ayrton Senna e da Varkey Foundation. Considerada uma das 10 melhores professoras do mundo pelo Global Teacher Prize.