4 empresas de educação dão os primeiros passos na Campus Party
Evento é porta de entrada para empreendedores em educação que buscam testar ideias e apresentar modelo de negócio
por Vinícius de Oliveira 5 de fevereiro de 2018
Um lado bem conhecido da Campus Party é o que dá chance para navegar ou jogar na internet a uma velocidade muito maior do que a que se tem em casa. Para outros frequentadores, o evento é coisa séria e representa uma oportunidade para dar os primeiros passos no empreendedorismo, testar a receptividade de ideias e avaliar as primeiras versões de serviços e produtos, inclusive na área de educação.
Abaixo, reunimos exemplos de empresas criadas por alunos, professores e pais que, com curiosidade e interesse pela educação, tentam tirar do papel projetos para melhorar o planejamento de estudos, a aprendizagem de matemática e o letramento ou aproximar a comunidade da escola pública.
Jovens Gênios
A plataforma Jovens Gênios, criada por três estudantes da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), oferece atividades de matemática e programação para crianças e jovens. O produto lançado por Fernando Costa e Bernard Caffé, alunos do curso de engenharia química que já atuam como professores de educação básica, e por Luís Felipe Nicolau, que cursa engenharia de software, possui uma interface específica para o estudante e outras para os pais. É possível acompanhar onde estão as maiores dificuldades e quais pontos o estudante tem maior curiosidade e procura evoluir. Por trás do site, está um algoritmo de aprendizagem adaptativa, que recomenda atividades de acordo com a série.
O modelo de negócio tem como foco os clientes finais, ou seja pais e responsáveis pelos alunos. Um primeiro contato com esse público para validação da ideia foi feito durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro e um grupo inicial de usuários continua a apoiar o desenvolvimento de novos conteúdos. A Jovens Gênios é oferecida em três planos: anual, R$ 19,90; semestral, R$ 23,90; e mensal, R$ 27,90.
ImaginaKids
A ImaginaKids usa um aplicativo gratuito disponível para sistemas Android e iOS que trabalha alfabetização e autonomia com crianças de até oito anos a criar suas próprias histórias por meio do catálogo de personagens e, ao final, oferece a impressão de um livro (pago). O projeto foi criado em São Luís (MA) por Alionália Lopes e Rafael Lopes, que buscava uma alternativa saudável para o uso de tecnologia para os próprios filhos e para outras crianças. Ela, professora de artes em escolas e na UFMA (Universidade Federal do Maranhão), e ele, professor de engenharia da computação e diretor de empreendedorismo na mesma universidade.
Após passarem por um processo de aceleração e despertar o interesse da Secretaria de Educação, a proposta de oferecer o aplicativo só para pais passou a considerar também o fornecimento para escolas, que podem ter personagens ligados ao seu projeto pedagógico e criar um dia de autógrafos para alunos apresentarem suas obras impressas. De um aplicativo, agora a ImaginaKids virou uma plataforma educativa e planeja atingir pré-adolescentes com um espaço dedicado à programação.
Studying
Para apoiar alunos a planejar e monitorar o tempo de estudo, o engenheiro de computação Fernando Mendes lançou no final de 2017 a plataforma Studying. O aplicativo disponível em sistemas Android e iOS pode ser usado na preparação para concursos, vestibulares ou certificações. A origem do produto tem a ver com a relação de Fernando com os estudos de seu filho, que sempre tinha que fazer provas às sextas-feiras no colégio onde estudava em Fortaleza (CE) – e acaba de ser aprovado para o curso de engenharia aeroespacial na UNB (Universidade de Brasília).
A planilha, que era manual desde que Fernando, o filho, estava no 5º ano do fundamental, agora tem elementos de gamificação e permite comparar o tempo, conteúdo estudado e dificuldades enfrentados por diferentes usuários que podem fazer parte tanto de uma classe quanto de uma turma de amigos. O tutor (responsável ou professor) ou gestor recebe notificações à medida que metas vão sendo cumpridas. A versão básica, com anúncios, é gratuita. Os planos maiores, que apresentam um painel de cada usuário, são destinados a escolas são pagos.
Spreading
Para fazer com que o conhecimento restrito a alguns setores da sociedade chegue à escola pública, a Spreading, criada em Vitória (ES), faz a ponte entre voluntários e instituições de ensino. Para isso, o cidadão faz um cadastro no site mostrando o que pode compartilhar (empreendedorismo, artes, danças, dentre outros temas), o que pode despertar o interesse de um educador que está na outra ponta.
Até agora, a Spreading possui 55 voluntários e 10 escolas cadastradas. Um acordo recente com a Secretaria Estadual de Educação pretende levar a iniciativa às escolas da rede. Para gerar receita, a empresa pretende cobrar o trabalho de intermediação para que escolas particulares tenham acesso aos voluntários.