6 conversas importantes para refletir sobre a educação brasileira
Debates importantes que apareceram em 2022 no Porvir para que você entenda o que está em jogo nos próximos anos
por Ruam Oliveira 30 de dezembro de 2022
Para entender em que pé está o mundo, é preciso estudar, ler, pesquisar e, também, criar espaço para conversas. Muitas vezes, esses diálogos ocorrem com especialistas, que, por meio de suas experiências, ajudam a tornar mais claras algumas questões.
Por exemplo: ao pensar sobre sustentabilidade, qual deve ser o papel da escola? Mais receptivo ou é preciso que se ofereçam pontos mais polêmicos para o debate? Ou então quando se trata de saúde mental, quais são os maiores desafios dos professores e gestores na área?
Ao longo de 2022, o Porvir buscou muitas dessas conversas. Observando alguns dos principais temas que devem permanecer por mais tempo em discussão, separamos entrevistas feitas com estudiosos de diferentes áreas, para que você se mantenha atualizado com questões relevantes tanto dentro quanto fora do ambiente escolar.
A escola e sustentabilidade
Este é um tema que deve estar presente na escola. Com o aumento de temperatura e a iminente emergência climática, abordar temas como clima e sustentabilidade nas aulas é de extrema importância.
O jornalista e escritor Matthew Shirts chama a atenção para o fato de que a escola será um ator fundamental na busca por entender as mudanças climáticas e a pensar estratégias.
É no ambiente escolar que muitos têm acesso a conceitos e informações confiáveis sobre o tema, e a escola acaba sendo também o espaço ideal para investir em letramento científico e em educação midiática em prol do meio ambiente.
O Porvir publicou uma entrevista com o jornalista. Confira:
Matthew Shirts: ‘A escola é importante para ajudar a entender que o clima vai definir o futuro’
Por uma sociedade antirracista
O Brasil é um país estruturado no racismo. A única forma de combatê-lo é, intencionalmente, refletir a respeito e planejar uma sociedade que não compactue com o preconceito e as desigualdades existentes. É também necessário reconhecê-lo, e a escola tem papel fundamental nessa equação.
A pesquisadora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva trouxe um questionamento relevante para refletir sobre a questão: Que tipo de sociedade é a desejada? Para ela, educadores e educadoras devem se orientar por meio dessa pergunta, para pensar de que maneira as aulas, os ensinos e as trocas dentro da escola refletem em uma sociedade antirracista e igualitária.
Leia a entrevista com a pesquisadora:
Petronilha Beatriz: Para além do Dia da Consciência Negra: qual projeto de sociedade você quer?
Saúde mental dentro e fora da escola
Um assunto que se tornou fundamental depois da pandemia foi saúde mental. No Porvir, publicamos diversos conteúdos com essa temática e ela deve se manter forte nos próximos anos. Com os impactos sentidos durante o longo período de distanciamento social, e na volta às atividades, cuidar de si e dos outros, dando espaço para assuntos como empatia, cansaço, limites emocionais, entre outros, é um movimento previsto na escola.
A escola, que é feita de gente, deve se planejar para olhar com cada vez mais atenção para a questão da saúde mental. O retorno ao presencial, por exemplo, foi um momento desafiador, que colocou à prova habilidades de socialização. A psicanalista Vera Iaconelli refletiu sobre os avanços e embates vividos nos últimos anos e como as gestões escolares podem lidar com o acolhimento.
Leia a entrevista:
Vera Iaconelli: Perda da experiência coletiva coloca escola diante de novos problemas
Educação infantil e a escola: começos e recomeços
Vital Didonet, especialista em primeira infância, aponta que brincar e interagir são dois dos principais eixos da educação infantil. Ainda sob impactos causados pela pandemia e pelo distanciamento social, muitas crianças tiveram algumas dessas experiências negadas e começaram a vida escolar de maneira muito atípica.
Com todos os aprendizados obtidos durante esse período, Vital destaca: a humanidade deve valorizar a escola enquanto espaço de aprendizagem. Para ele, é momento de reconectar as crianças com o espaço escolar, e criar vínculo para aquelas que não tiveram essa possibilidade.
Leia o que mais o Vital disse:
Vital Didonet: ‘A escola tem muita coisa bonita para ensinar à criança’
Um olhar para a inclusão
Este é outro dos temas que mais precisam estar presentes na escola. Desde o planejamento até as ações práticas do dia a dia, pensar a inclusão é entender que isso também se trata de um direito humano.
Marta Gil, uma das principais especialistas em inclusão no Brasil, pontuou que a principal falha das escolas está em não reconhecer que a inclusão é um direito constitucional. Para incluir o tema na escola, a especialista sugere que é possível começar obtendo informação correta e concreta. A ausência disso é o que, para ela, faz com que muitas escolas e gestões educacionais cometam falhas no momento de incluir as pessoas.
Leia a entrevista com Marta Gil:
Marta Gil: ‘É preciso entender a inclusão como um direito humano’
Redes que inspiram
Encontrar bons exemplos é quase uma obsessão de muitas pessoas. E, de fato, eles podem ajudar a repensar completamente a maneira como a educação é concebida e realizada no chão da escola.
Em seu livro “Pontos fora da curva: por que algumas reformas educacionais no Brasil são mais efetivas do que outras e o que isso significa para o futuro da educação básica”, o atual diretor-executivo do Todos Pela Educação, Olavo Nogueira Filho, apresenta como reformas educacionais podem fazer surgir excelentes exemplos, capazes de servir de inspiração para muitas redes Brasil afora.
Dois grandes modelos são as redes de Pernambuco, com a atuação e melhoria no ensino médio, e de Sobral (CE), com seu programa exitoso de alfabetização.
Para que esses bons exemplos surjam, são necessárias muitas medidas e um esforço conjunto de muitos atores escolares, desde gestão até governos.
Continue lendo a análise de Olavo Nogueira:
Gestão e muito mais: o que faz um bom programa educacional
Conversas para ouvir
O Porvir também promoveu diversas conversas em áudio com o podcast “O Futuro se Equilibra”, que olhou para a equidade na educação em diferentes níveis e perspectivas.
Separamos quatro episódios para você relembrar:
O Futuro se Equilibra #001 – O que é equidade na educação?
O que é equidade? Quais os marcadores sociais que impactam na educação dos brasileiros? Qual a relação desses conceitos com a qualidade na educação? Em “O Futuro se Equilibra”, podcast do Porvir sobre equidade, essa temática será discutida por meio de histórias reais e conversas com especialistas.
Neste primeiro episódio, contamos com a participação de Nilma Lino Gomes, pesquisadora, professora e ex-ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, e Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco, que nos ajudaram a entender o conceito de equidade e como ele se aplica à educação.
O Futuro se Equilibra #005 – Meus alunos têm fome
Identificar a fome em um estudante ou uma estudante, para quem convive praticamente todos os dias com eles e elas pode ser uma ação muito rápida. Neste episódio de “O Futuro se Equilibra”, vamos discutir o conceito de Insegurança Alimentar e de que maneira a fome pode impactar na vida e trajetória escolar de crianças, jovens e adolescentes.
O Futuro se Equilibra #014 – Lugar de menina é no laboratório
Ciência também é uma questão de gênero. A escola pode – e deve – ser este espaço de incentivo para que meninas e mulheres se interessem pela ciência e por áreas que foram, por muito tempo, muito masculinizadas.
O Futuro se Equilibra #020 – Políticas públicas e equidade
Falar sobre equidade passa por lembrarmos de conceitos que já foram discutidos e exemplificados aqui no podcast, como justiça social e inclusão,, onde devem residir a maior parte das ações, seja das gestões escolares, seja do poder público.
Conheça todos os episódios dessa temporada: