Meninas também gostam de construir engenhocas - PORVIR
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Inovações em Educação

Meninas também gostam de construir engenhocas

Campanha de empresa de brinquedos infantis quer estimular o acesso de mulheres a carreiras de tecnologia e matemática

por Vinícius Bopprê ilustração relógio 29 de novembro de 2013

Três garotas entediadas assistindo televisão. Não é um jogo de futebol, também não é um telejornal. O que elas assistem é um comercial de bonecas. Imediatamente se levantam e começam a brincar com uma máquina de Rube Goldberg – um equipamento que executa uma tarefa simples de uma maneira extremamente complicada, geralmente utilizando uma reação em cadeia –, muito mais complexa e divertida. Essa cena aconteceu num comercial da startup de brinquedos infantis GoldieBlox, que quer promover o acesso das garotas ao universo do STEM, sigla usada para denominar as carreiras de ciências, tecnologia, engenharia e matemática. E foi pauta dos últimos dias nas redes sociais.

A propaganda, que já ultrapassou cinco milhões de visualizações, é divertida, mas trata de um tema não tão legal assim: o baixo número de mulheres nessas profissões. No vestibular da Fuvest, por exemplo, entre os 10 cursos mais masculinos estão os de engenharia elétrica, mecânica e aeronáutica. No ITA (Instituto Brasileiro de Aeronáutica), apesar do aumento no número de mulheres, elas representam apenas 10% do total de candidatos.

E as estatísticas não são exclusividade do Brasil. Segundo infográfico publicado no Getting Smart, apenas 13% de todo o corpo de engenheiros são de mulheres. Nas áreas de tecnologias e ciências matemáticas, o número é de 26%, enquanto nas carreiras de ciências sociais e médicas, o número ultrapassa os 50%. “Em nossa cultura, a triste verdade é que a matemática, ciências e engenharia são clubes para meninos e eles começam a ter contato desde muito jovens”, disse Debbie Sterling, criadora da startup, em entrevista ao GoodMorningAmerica.

Sterling resolveu criar a empresa há dois anos, depois de ter se formado em design de produtos no departamento de engenharia mecânica de Stanford, onde ficou decepcionada por não encontrar outras mulheres nas aulas

No catálogo da loja virtual da GoldieBlox, nada de bonecas, cozinhas ou bebês que precisam tomar mamadeira há cada duas horas. Na seção chamada Brinquedos de Construção para Garotas, as meninas vão encontrar embalagens em tons de rosa e lilás que carregam pequenas construções que podem ser montadas e até roupas de bebê com frases como “Mais do que uma princesa”, escrita num letreiro cercado de martelos e chaves de fenda.

Segundo a criadora, o projeto tem recebido muitos depoimentos positivos das mães que dizem que, quando crianças, gostavam muito de matemática e não tinham brinquedos disponíveis para meninas. “Com o vídeo, não queremos fazer as garotas se sentirem envergonhadas por brincar de bonecas ou de se vestir. Eu também fiz isso quando era pequena, mas só queremos mostrar que há mais opções lá fora para explorar”.


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brincadeiras, ciências, gênero

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