Ex-fabricante de foguete promove ginástica cerebral - PORVIR
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Inovações em Educação

Ex-fabricante de foguete promove ginástica cerebral

Programa Supera usa exercícios lógicos e neurociência para desenvolver habilidades e competências para o século 21

por Vinícius de Oliveira ilustração relógio 22 de junho de 2015

Aprender pela memorização de conteúdos não tinha efeito algum na casa de Antonio Carlos Perpétuo. Engenheiro aeronáutico formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), ele tentou fazer de tudo para que o filho Vinícius, até completar nove anos, conseguisse se concentrar nos estudos. O receituário tradicional, que incluiu ainda reforço, disciplina rígida e terapia com pedagogos, se mostrou ineficaz.

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Com a experiência de quem já havia criado negócios tão distintos como uma fábrica de foguetes para combater chuva de granizo e uma loja de calçados, Perpétuo começou a buscar por conta própria uma solução para a dificuldade que o filho enfrentava nas aulas. E isso passava novamente pelo empreendedorismo.

O embrião do que hoje é o Supera, programa fundamentado em neurociência que busca desenvolver as chamadas competências para o século 21, começou quando o engenheiro se deparou com o ábaco, instrumento usado há séculos para fazer cálculos, que chamou a atenção do filho. E se funcionou para ele, também poderia ajudar outros. “Comecei a falar com japoneses e reuni uma equipe de pedagogos para ocidentalizar a prática do instrumento”, diz.

O projeto saiu do papel em apenas três anos e, em janeiro de 2006, o Supera abria a primeira das 160 franquias espalhadas pelo país. Uma outra está em Lisboa, Portugal. Em quase uma década de existência, o programa ganhou o reforço de jogos, exercícios e dinâmicas. “O foco do Supera é o desenvolvimento de habilidades essenciais para a vida acadêmica e pessoal dos alunos. Hoje, o profissional precisa ter inteligência lógico-matemática, interpessoal e saber criar soluções inovadoras para os problemas que na maioria das vezes nem ouviu falar ou sequer estudou na faculdade”, diz Perpétuo.

Para o empreendedor, os cálculos com ábaco e os jogos lógicos são comparáveis a uma ginástica, mas diferente do que acontece quando a pessoa deixa de frequentar a academia e vê seu condicionamento físico diminuir, o conhecimento não se perde. “O rico da “ginástica cerebral” é que, uma vez desenvolvidas as habilidades, a pessoa incorpora no dia a dia acadêmico, pessoal e profissional. Você consegue imaginar alguém que é criativo que diga: Não vou criar?”.

O programa Supera segue dois modelos: nas franquias, o aluno tem uma aula por semana durante duas horas ao longo de 18 meses, enquanto em escolas públicas ou particulares as atividades lúdicas para aguçar a criatividade e desenvolver o raciocínio lógico acontecem por meio de uma disciplina dentro da grade curricular que combina atividades presenciais e virtuais.

O nosso ensino deveria caminhar para uma racionalização

“A escola, segundo regras do MEC, pode enxugar o restante do conteúdo. O nosso ensino deveria caminhar para uma racionalização. Não adianta ter um monte de conteúdo que o aluno não terá domínio sobre nada e fica sem saber interpretar”, argumenta. Apesar de poder ser adotado do ensino fundamental ao médio, o responsável pelo Supera recomenda que ele entre no infantil e no primeiro ciclo do fundamental, ou apenas no segundo. “Em um período de quatro anos, você consegue alavancar o desenvolvimento do aluno”.

Ao falar dos resultados práticos, Perpétuo cita o exemplo de São José dos Campos, onde há 15 anos o reforço com três horas a mais de matemática e português não surtiu o efeito desejado pela prefeitura local. “Em 2010, assumimos sete escolas com 210 alunos desse programa e tivemos aumento de 25% na frequência e de 53% na nota”, conclui.

Assista ao vídeo de apresentação do método


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competências para o século 21, educação online, ensino fundamental, ensino médio, jogos, neurociência, socioemocionais

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