Clube de história estuda cultura afro-brasileira em escola de ensino médio
Professor compartilha como promoveu a pesquisa e a popularização da cultura negra em colégio estadual da cidade de Catu (BA)
por Delmaci Ribeiro de Jesus 23 de maio de 2018
Apesar das leis 10.639/03 e 11.645/08 determinarem que o debate sobre história da cultura africana e afro-brasileira deve estar presente no ambiente escolar, isso ainda não é uma realidade em exercício em muitas instituições de ensino do país. Nesse contexto, criamos o Clube de História, que visa promover a pesquisa e a popularização da cultura negra nas suas diferentes representações, para que os estudantes sejam protagonistas e sujeitos do processo de ensino e aprendizagem.
Essa atividade é desenvolvida com estudantes do ensino médio do Colégio Estadual Maria Isabel de Melo Góes, na cidade de Catu (BA). Mesmo estando em um espaço de educação formal (a escola), o Clube se caracteriza por ser uma atividade educativa não-formal, que propõe mudanças sociais a partir da reflexão histórica, social, política e econômica.
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A proposta é estimular o estudo de forma que garanta a compreensão e a valorização do indivíduo enquanto sujeito social, possibilitando uma aprendizagem significativa. Tal metodologia possibilita a construção do conhecimento numa perspectiva autônoma, que valoriza a identidade e o empoderamento da cultura afro-brasileira em suas diferentes manifestações.
A metodologia de funcionamento do Clube de História está organizada nas seguintes etapas:
1) Definição dos encontros do Clube de História, que ocorrem uma vez por semana, para a leitura, discussão e produção textos sobre a história local. Os textos serão, majoritariamente, de autoria dos estudantes e do professor orientador;
2) Orientação dos projetos de pesquisas dos estudantes, para submissão em Feiras de Iniciação Científica Júnior;
3) Realização de Oficina sobre história local, em parceria com os professores, possibilitando aos estudantes do Clube de História divulgarem suas pesquisas;
4) Avaliação da efetividade desse projeto enquanto estratégia pedagógica de ensino não-formal de história, de práticas de iniciação científica na educação básica e enquanto instrumento de construção da cidadania do estudante, na perspectiva de valorização do sentimento de pertencimento, sobretudo dos jovens, em relação à cultura negra na cidade de Catu.
Educar pela pesquisa e propor uma investigação que torne possível a valorização da cultura negra é de fundamental importância para que a juventude construa uma relação de pertencimento com a sociedade na qual está inserida.
Para tanto, é necessário desenvolver uma consciência histórica que possibilite aos jovens dos bairros periféricos estudar a sua própria cultura e contextualizá-la no tempo vivido por eles, a partir da releitura de uma história que vem sendo silenciada e reduzida a estereótipos folclóricos.
Uma prática educativa capaz de efetivamente de gerar transformações precisa ter início ainda na educação básica, pois a pesquisa começa na infância, não no mestrado.
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Delmaci Ribeiro de Jesus
Graduado em licenciatura plena em história (Universidade do Estado da Bahia). Especialista em educação científica e popularização das ciências (Instituto Federal Baiano). Mestrando em história da África, Diáspora e Povos Indígenas (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia).