Como trabalhar cidadania durante a quarentena - PORVIR
Crédito: Nuthawut Somsuk / iStockPhoto

Coronavírus

Como trabalhar cidadania durante a quarentena

Em tempos de isolamento social, reportagens, músicas e vídeos podem servir de ponto de partida para discussões sobre a sociedade e os direitos e deveres dos cidadãos

Parceria com Plataforma Eleva

por Luísa Pécora ilustração relógio 12 de junho de 2020

Muito tem se falado sobre como a pandemia do novo coronavírus (COVID-19) escancarou as desigualdades sociais e reforçou a necessidade de se pensar no outro. Diante desse cenário, a educação de cidadania ganha relevância por incentivar os estudantes a se entenderem como parte da sociedade.

Mas quais ferramentas e estratégicas podem ser utilizadas para engajar os alunos neste debate? O Porvir conversou com Gabriel Barbosa, professor e assessor pedagógico da plataforma Eleva, para reunir dicas de como trabalhar o conteúdo de cidadania em tempos de isolamento social e aulas à distância.

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Inspire-se no contexto atual
A crise do coronavírus pode ser um bom ponto de partida para se trabalhar conceitos de cidadania. Por um lado, há a atualidade do tema, que tem impacto direto na vida do aluno. Por outro, as ramificações sócio-econômicas da pandemia permitem discussões sobre direitos, deveres, acesso e desigualdades. “O que o noticiário está mostrando é que a pandemia terá desdobramentos diferentes para classes sociais diferentes, e isso é um tema de cidadania”, afirmou Gabriel Barbosa. Reportagens jornalísticas e declarações de especialistas podem ser utilizadas, por exemplo, para se discutir sobre quais grupos sociais têm ou não acesso a seus direitos, qual o papel do Estado no controle da pandemia e como o simples ato de ficar em casa pode representar um dever do cidadão. A diretora pedagógica da plataforma Eleva, Carolina Pavanelli, também sugere discussões sobre a proliferação e o combate às fake news e o impacto positivo que o isolamento social teve no meio ambiente.

Utilize músicas e filmes nas aulas
Do canto dos escravos à música de câmara do Romantismo Alemão ou às letras de raps contemporâneos, canções podem ser ferramentas analíticas valiosas para professores e alunos. Da mesma forma, é possível utilizar o cinema para trabalhar conceitos de cidadania. Barbosa cita como exemplo o filme Amistad (1997), de Steven Spielberg, que aborda a luta contra a escravidão, direitos individuais e liberdade de expressão. O assessor pedagógico da Eleva acredita que a quarentena pode até facilitar o uso dessas mídias: enquanto muitas escolas não tinham infraestrutura ideal para elas, as plataformas de ensino à distância preveem seu compartilhamento. “Como aluno e professor já estão no ambiente virtual, pode ser mais fácil projetar o trecho de um filme ou pedir que os estudantes acessem um link no You Tube”, explicou.

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Busque conteúdo no YouTube
Muito utilizado pelos jovens, o YouTube pode ser um aliado do professor que quer “falar a língua” do aluno, ou seja, aproveitar referenciais que o estudante já construiu e as ferramentas que utiliza em seu cotidiano. Barbosa acredita que os vídeos podem ajudar a explicar virtualmente conceitos como direitos humanos e direito social, além de temas como o sistema político brasileiro e as diferenças entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Ele recomenda que os professores procurem conteúdos interessantes em canais de instituições oficiais, como o da Câmera dos Deputados e o da Advocacia Geral da União, e também em canais como o Politize!, focado em educação política, e o E Eu C/ Isso, que explica conceitos políticos a partir de gráficos e animações.

Mantenha os debates, mesmo que à distância
Um dos maiores desafios que o isolamento social apresenta à educação de cidadania é a impossibilidade dos debates presenciais. E por mais que seja impossível reproduzir a dinâmica da sala, é importante que o professor também organize momentos de discussão e diálogo durante as aulas síncronas nas plataformas virtuais. Esta conversa é fundamental para que os filmes, reportagens, músicas e vídeos explicativos não se encerrem em si mesmos. “O professor faz a curadoria e usa estas ferramentas para trabalhar conceitos, como pontapé inicial ou final das discussões”, disse Barbosa.

Prefira trabalhos a avaliações tradicionais
Para o assessor pedagógico da Eleva, o isolamento social representa uma boa oportunidade para que os professores repensem práticas avaliativas. Especialmente no caso da educação de cidadania, na qual diálogo e debate são tão importantes, ele recomenda trabalhos, e não provas tradicionais, nas quais o aluno “fica sentado, por conta própria, respondendo a estímulos como ‘marque a resposta certa’’”. E se o isolamento dificulta os trabalhos em grupo, ainda é possível provocar reflexões individuais que preparem para o coletivo. “É o momento de discutirmos o que podemos fazer individualmente para melhorar o conjunto”, afirmou. “Estamos vendo que não adianta você estar bem se o mundo está doente. Então devemos [estimular o aluno a] refletir, agir e pensar por conta própria, mas tendo a melhora social como fim.”

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coronavírus, educação online, ensino fundamental, ensino médio

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