Acolhimento e empatia em 4 iniciativas para o retorno às aulas presenciais
Comunidade escolar de São Paulo compartilha com o Porvir como tem sido a experiência de receber alunos e professores depois de tanto tempo de aulas remotas
por Redação 8 de fevereiro de 2022
Máscara, álcool gel, distanciamento físico e uma recepção carinhosa. Depois de tanto tempo de aulas híbridas ou remotas, voltar presencialmente à rotina escolar requer, além de um ambiente seguro, uma escuta atenta e acolhedora.
Nas redes sociais do Porvir, pedimos aos leitores que compartilhassem como foi o primeiro dia de aula e o processo de retorno em suas escolas. Confira algumas fotos e depoimentos recebidos e aproveite o espaço dos comentários, ao final do texto, para nos contar como tem sido a experiência na sua cidade.
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“A Escola Estadual Capitão Bernardo Ferreira Machado, localizada no Vale do Ribeira, na cidade de Jacupiranga (SP), preparou zelosamente o acolhimento dos docentes e alunos a fim de oferecer uma recepção calorosa e especial, principalmente após um longo período de atividades em formato híbrido.
A equipe gestora da escola planejou atividades que envolveram movimento, interação e engajamento afetivo, pois um dos pilares da retomada do ano letivo também se ancora no trabalho com as habilidades socioemocionais. Nas reuniões de planejamento, os professores iniciaram as atividades com um alongamento bem ritmado ao som de notas alegres e contagiantes, para assim começar o ano letivo apoiados nas pautas cuidadosamente organizadas pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, com espaços de tempo para desdobramentos próprios da unidade escolar.
Da mesma forma, os alunos foram carinhosamente recebidos pela gestão e pelos professores que contemplaram dinâmicas diversificadas nos primeiros dias de aula, salientando também a imprescindibilidade de cumprimento dos protocolos sanitários, assegurando um ambiente saudável e seguro para todos. Os sorrisos expressos nos olhares de cada um fazem valer toda expectativa e dedicação que a escola imprime em tudo o que faz.”
Cássia Olegário, vice-diretora da Escola Estadual Capitão Bernardo Ferreira Machado, Jacupiranga (SP)
“Diante do aumento dos casos de Covid-19 em nossa região, tivemos que transferir a nossa ação de acolhimento dos coordenadores para o formato online com a preocupação de acolher bem estes profissionais, por considerarmos o acolhimento fundamental diante do contexto vivido.
Realizamos uma reunião virtual pelo Zoom, com o tema “Pré-estreia: Ano Letivo de 2022″. Usamos a temática cinema para ilustrar as ações. Todas as ações da reunião (desde o card de divulgação até a lembrancinha) seguiram o tema escolhido. Fizemos dinâmicas de sensibilização e realizamos o ‘delivery do carinho’, onde entregamos em cada escola durante o acolhimento um kit cinema com pipoca e refrigerante, ação que agradou a todos. Para finalizar a reunião, contamos com a presença de um psicólogo que falou sobre acolhimento, como lidar com o luto e como acolher.”
Sara Sousa, da Secretaria Municipal de Educação de Ferraz de Vasconcelos (SP)
“Entramos em um terceiro ano de pandemia. O que isso significa para escolas, para professores, para bebês, crianças e seus pais e responsáveis? Além da insegurança, com a possibilidade de que tudo mude da noite para o dia, a carência. Hoje, vivemos uma carência generalizada, no sentido de que sentimos falta dos abraços, dos carinhos e das pequenas presenças físicas. A gente se acostuma a tudo, até a ver o outro através. Através de telas, de câmeras e de redes sociais. Com este ‘através’, vem a falta de olhar para, afinal, quem olha através não se detém no que há à sua frente, como se o que está à nossa frente atrapalhasse o objetivo final.
Dito isso, como receber esses trabalhadores que retornam ou que iniciam em uma nova instituição? Acolhe-se com cuidado, com carinho, com máscaras PFF2 e, se possível, com um chocolate. Acolhe-se lembrando que “Educar é uma aventura criadora”, como diz Paulo Freire. Acolhe-se lembrando que estamos todos juntos nessa aventura, isto é, que ninguém vai largar a mão de ninguém no momento mais difícil do ano.
Aqui no CEI Vila Inglesa, temos a convicção de que só se acolhe o outro se nos sentimos acolhidos, por isso, nesse início de ano, as reuniões de preparação iniciaram com momentos descontraídos em que tivemos a oportunidade de nos conhecermos melhor e de vivenciar o início de uma construção de grupo. Todo início de ano é o começo de algo novo, pois professores que já estão na unidade recebem turmas novas (ou se seguem os grupos, recebem crianças em outras fases de desenvolvimento), chegam professores novos e todos carregam expectativas.
Acolher é muito mais do que um abraço ou um mimo, como o enviado nas fotos (disponíveis na galeria abaixo): é ouvir e respeitar as expectativas de cada um ao mesmo tempo em que se evidencia como o trabalho é desenvolvido em cada escola. Acolher é dar acolhida, receber de braços (e ouvidos) abertos o outro. Acolher é o ato inicial para colher frutos significativos, de aprendizagem e de parceria. Se eu, gestor, quero que o professor acolha os bebês, crianças e famílias, preciso acolher este professor.
Passamos do momento de exigir que o professor faça uma série de trabalhos, sem nos esforçarmos para que ele se sinta parte da escola. Para isso, precisamos lembrar que o professor é parte essencial da escola e de seu próprio desenvolvimento profissional. Porque insistimos em acolher o professor com um programa pronto do que será feito em sua formação e, muitas vezes, em sua sala de aula? Acolhemos um professor quando mostramos confiança em seu trabalho e nos colocamos enquanto parceiros de seu desenvolvimento.
Acolhemos quando nos colocamos ao lado de todos nessa aventura criadora que é educar.
Paula de Camargo Penteado, coordenadora pedagógica do CEI (Centro de Educação Infantil) Vila Inglesa, em São Paulo, e consultora pedagógica da Pulsar
“Nosso retorno foi preparado pela coordenação com profissionais que agregaram para nosso planejamento e preparo com os alunos. Eles falaram sobre acolhida, retorno, avaliações, sequências didáticas, tudo voltado para o planejamento de retorno. Os professores tiveram momentos de engajamento, reuniões e enturmação entre as turmas para 2022.
Leciono com o 1° ano (alfabetização) no ensino fundamental. Minha preocupação enquanto educadora é receber meus alunos nesta transição que ocorre da educação infantil para o fundamental.
Penso, desde o primeiro momento nesta transição, escolhendo um tema para a nossa sala. Este ano, o tema escolhido foi Toy Story. Os alunos foram recebidos com a música ‘Amigo, estou aqui’.
As famílias puderam entrar para conhecer o novo espaço e, a partir daí, sentir o acolhimento. Afinal, precisamos ter um olhar diferente para que possamos enxergar a necessidade de cada um que estará comigo durante o ano letivo. Sempre penso: ‘O que eu quero deixar para meus alunos? O que quero que eles levem consigo para a vida deste período que ficaremos juntos?’
Para isso, é de total importância o meu olhar individualizado para cada um, afinal são seres únicos. Cada um na sua diferença, semelhanças, preferências…
Outro fator importante neste início é a acolhida com a família. Ela é peça fundamental para que o trabalho possa acontecer de maneira produtiva, para que todos tenham segurança e sabem de fato o que seus filhos(as) irão aprender. O contato por meio das reuniões em grupos e individuais é de extrema importância. Costumo dizer que este primeiro encontro com as famílias é um divisor de águas para o ano letivo, explico tudo o que os alunos irão passar e apresentar. Meu objetivo é que os pais não saiam com dúvidas.”
Viviane Ferreira, professora da Sant’anna Internacional School em Vinhedo (SP)