Como diminuir a dependência da apresentação de slides
Saiba colocar o aluno como protagonista e favorecer momentos de discussões para melhorar o engajamento
por Miriam Plotinsky, do Edutopia 28 de janeiro de 2020
Em muitos ambientes profissionais e nas escolas, a apresentação de slides se tornou tão universal que uma reunião, um treinamento ou uma aula raramente acontecem sem que ela esteja presente. Recentemente, observei um professor lendo diretamente dos slides enquanto os alunos observavam sem discussão ou perguntas. A dependência de slides não apenas impede o engajamento, mas também pode silenciar as vozes dos alunos e os processos de pensamento crítico.
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Embora a proibição de apresentações de slides nas escolas seja um passo desnecessariamente drástico para melhorar engajamento, o foco do aluno e do professor pode beneficiar a partir do cuidado com os slides e da atenção a outras metodologias de ensino. Mas como podemos diminuir nossa dependência de apresentações de slides?
Diminuir e editar slides
Primeiro, insira pouco texto em cada slide. Pense em listas separadas por marcadores em vez de frases. Os parágrafos do texto são mais difíceis de processar, e nem todas as informações de que os alunos precisam devem estar no slide. Em vez disso, use links ou diferencie recursos, oferecendo vídeos, podcasts e materiais visuais como apoio adicional à aula.
Pense no objetivo por trás de qualquer texto como um esboço básico de ideias. Por exemplo, se os alunos estiverem aprendendo a abreviar nomes de estados, em vez de listar todas as abreviações de estados no slide, compartilhe apenas as informações mais relevantes (ou seja, que abreviações têm duas letras). Depois, dê um ou dois exemplos para tornar o conceito mais claro. Informações detalhadas podem fazer parte da exploração, à medida que os alunos se aprofundam em tópicos de forma independente quando recebem um pequeno texto para leitura ou um vídeo sobre os nomes dos estados.
Deixe os alunos criarem mais conteúdo
Para garantir que os alunos entendam os conceitos que estão conhecendo, permita que eles criem parte do material didático. Por exemplo, se uma classe estiver aprendendo sobre um período histórico, em vez de listar fatos, peça aos alunos que se voltem uns para os outros e façam uma lista do que eles já sabem. Em seguida, eles podem compartilhar o que descobriram rapidamente (conversando com outros grupos para reunir uma breve amostra das respostas dos colegas).
Se o objetivo do dia é ensinar um novo conceito, busque uma habilidade que leve até ele e peça aos alunos que ensinem o que já sabem uns aos outros. O professor pode observar como eles desenvolvem seus conhecimentos e determinam sua aptidão para os próximos passos. Adotar modelos que reforçam o protagonismo do aluno não apenas reduz a dependência de apresentações de slides, mas também reforça a confiança dos alunos e permite que eles saibam que o professor respeita suas contribuições.
Priorize práticas de ensino para o desenvolvimento de competências
Soltar um “Alguma pergunta?” após passar um slide raramente leva a alguma reação da classe. Em vez disso, use intencionalmente perguntas abertas que incentivam processos de pensamento mais complexos. Coloque uma pergunta no slide que contém o problema que requer uma resposta aberta. Por exemplo, se os alunos estão completando um problema de palavras que pede que calculem a quantia que uma babá ganha por hora, o slide pode ter: “Se Susie é babá de mais de uma criança, ela deve receber a mesma quantia? Como você chegou a essa decisão e como seria calculada?” Dessa forma, os alunos podem trabalhar as perguntas em pares para que, na hora de compartilhar suas descobertas, todos tenham uma ideia de como responder.
Poucos alunos ficam confortáveis o suficiente para correr o risco de interromper a apresentação para fazer uma pergunta; portanto, crie alguns intervalos: um após fazer uma pergunta e outro depois que o aluno responder. Estudos mostram que professores normalmente esperam menos de um segundo depois de fazer uma pergunta, ouvir uma resposta e voltar a falar. Em vez disso, conte até cinco e observe se mais alunos se manifestam. Ao responder aos alunos e suas necessidades, e não a um conjunto de slides pré-montado, a aula ficará mais relevante e responsiva.
Reestruture a sala de aula
Em uma aula de literatura que participei, o professor sentava todos em círculo e observava os alunos conversarem entre si sobre a leitura atribuída. Depois de um silêncio constrangedor, começamos a conversar e o professor ouviu em silêncio. Ele tomou notas e observou nossa conversa para determinar o que sabíamos e em que ele deveria se concentrar. Como ele se dedicou a observar sem usar uma apresentação complexa ou a lousa como ponto focal, os alunos lentamente se acostumaram a discutir o aprendizado.
O engajamento geralmente começa com conexões mais fortes entre os integrantes da turma, enquanto as apresentações de slides tiram muito o foco da interação humana. Em vez disso, afaste-se da lousa. Organizar um círculo e pedir aos alunos que iniciem uma discussão sobre um tópico de leitura em vez de oferecer um conteúdo especificamente designado, abre portas para seu envolvimento. Começar com uma pergunta mais fácil permite que os alunos se envolvam antes de avançar para uma conversa mais direcionada.
A cada aula que ministramos, construímos uma narrativa centrada no que faz cada grupo de alunos diferente. O uso excessivo de slides pode ter o efeito de tornar cada aula muito parecida. Antes de iniciar o trabalho, tente discutir: “Ontem, vocês deve se lembrar de que tivemos dificuldade em exemplificar a relação transitiva. O que estava nos trouxe mais dificuldades? O que devemos fazer para esclarecer essas questões hoje? ”. Criar momentos para prática metacognitiva ajuda os alunos a entender como anda sua evolução.
Os slides podem ser uma ferramenta útil na sala de aula, mas reduzir a dependência em relação a eles pode melhorar as aulas e o engajamento.
* Publicado originalmente em Edutopia e traduzido mediante autorização
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