‘Vídeo ajuda individualização do conhecimento’
Dr. Shay David, cofundador da Kaltura, fala sobre a redefinição da educação a partir do uso de vídeos
por Marina Lopes 7 de agosto de 2014
O coração da transformação na educação está nos vídeos. Essa é a opinião do empreendedor e educador Dr. Shay David, cofundador da Kaltura – companhia israelense responsável pela criação da primeira plataforma de vídeo open source do mundo. Durante o Fórum de Lideranças: Desafios da Educação, realizado na quarta-feira (6), em São Paulo, pela Blackboad e o Grupo A Educação, ele conversou com o Porvir sobre o potencial dos vídeos para a redefinição do ensino e as possibilidades desse mercado para empreendedores.
Para David, os vídeos ajudam a melhorar o resultado do aprendizado. Segundo ele, dois princípios básicos estão associados ao uso de vídeos na educação: a eliminação de barreiras e a participação ativa. Percebendo essas possiblidades, ao lado de Michal Tsur, Eran Etam e Ron Yekutiel, David participou da fundação da Kaltura. Em 2006, a empresa nasceu como uma plataforma de vídeos colaborativos, que permitia a criação e edição coletiva.
No entanto, após notar que as empresas tinham dificuldades para gerenciar conteúdos on-line, a companhia passou a focar o seu trabalho no desenvolvimento de soluções para empresas de educação, mídia e serviços. Hoje, eles oferecem ferramentas que permitem o ensino e aprendizado para metodologias de sala de aula invertida, criação de canais de vídeos personalizados, armazenamento de mídias e monetização de conteúdos. Tudo isso com a possiblidade de se adaptar aos dispositivos móveis e a qualidade da conexão de cada usuário.
De acordo com David, uma das principais promessas do vídeo é proporcionar para alunos da periferia a oportunidade de aprender a distância com a mesma qualidade do ensino presencial. Para ele, uma das funções do vídeo é eliminar a limitação de quantas pessoas podem participar da educação. “Hoje em dia nas aulas em vídeo, ele [o professor] consegue ter acesso a milhões de alunos”, explicou.
Além de ampliar o acesso, David aponta o vídeo como um caminho para a personalização do ensino. “O vídeo facilita a individualização do conhecimento”, apontou. Segundo o empreendedor, em uma sala de aula lotada não existe a possiblidade do professor retomar os conteúdos constantemente para responder as dúvidas de todos os alunos. “Com o vídeo eu posso assistir novamente e ficar apertando o replay”, exemplificou, ao demostrar que essa ferramenta proporciona um aprendizado que respeita o tempo do estudante.
“Eles são mais engajadores para os estudantes”, destacou. Entre algumas aplicações com o uso dos vídeos, é possível expandir a aprendizagem para salas de aula invertidas, Moocs (massive open online course, cursos on-line gratuitos e massivos, em livre tradução) e a aprendizagem baseada em competências.
Os vídeos no mercado brasileiro de educação
Segundo David, o mercado brasileiro de educação tem um alto potencial para empreendedores. No início do ano, a Kaltura recebeu um aporte de US$ 47 milhões para acelerar o seu processo de crescimento em países emergentes como Brasil, Rússia, Índia e China. Com sede em Nova York e filiais em Israel, Londres e São Francisco, a empresa montou o seu quinto escritório em São Paulo. “Nós chegamos em um ponto na nossa empresa em que metade da nossa receita vem de fora dos EUA.”
Entre os clientes, brasileiros como Descomplica, Positivo e ESPM estão utilizando a plataforma Kaltura para oferecer os seus serviços educacionais. Segundo Shay David, a velocidade como a tecnologia está se transformando é um argumento utilizado para convencer as empresas de tecnologia em educação de que a terceirização desses serviços é um caminho viável. “Existe um custo de desenvolvimento, manutenção e atualização. O custo total da aquisição é mais barato do que desenvolver internamente”, ressaltou.