Prêmio Educador Transformador reconhece práticas de 6 estados e do DF
Crédito: Bett Brasil/ Felipe Perazzolo

Inovações em Educação

Prêmio Educador Transformador reconhece práticas de 6 estados e do DF

Cerimônia na Bett Brasil contou com a presença de 35 professores finalistas e a entrega de troféus aos sete vencedores nacionais. As propostas premiadas abrangem desde educação antirracista até ressocialização

por Ana Luísa D'Maschio ilustração relógio 24 de abril de 2024

“Só se levanta para ensinar aquele que sentou para aprender.” No auditório 1 da Bett Brasil, na tarde desta quarta-feira, 24, um poema da poeta e professora Ryane Leão ecoava no alto falante, abrindo a cerimônia de entrega da segunda edição do Prêmio Educador Transformador

No palco, 35 finalistas carregavam as bandeiras de seus respectivos estados, à espera da revelação dos melhores projetos em cada uma das categorias: educação infantil, ensino fundamental (anos finais e anos iniciais), ensino médio, educação profissional, EJA (Educação de Jovens e Adultos) e ensino superior. Ao todo, o prêmio recebeu 3460 inscrições: dos 567 selecionados, 189 ganharam a categoria estadual, e os 35 finalistas regionais vieram a São Paulo para a etapa nacional – e final – da segunda edição. 

Assista à íntegra da premiação

“É um prazer estar no meio dessa gente transformadora. Nossa caminhada só tem sentido porque vocês dão sentido à educação”, afirmou Wellington Cruz, fundador e presidente do Instituto Significare, responsável pela realização do prêmio ao lado do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Bett Brasil. “Precisamos dar sentido à importância dos educadores no Brasil. Se não fizermos isso, fizemos muito pouco ou quase nada pelo futuro da educação”, disse. 

Voltada à educação empreendedora, ao reconhecer profissionais de todo o Brasil que criam respostas para problemas reais do cotidiano dos alunos, das escolas e suas comunidades, esta segunda edição do Prêmio Educador Transformador também homenageou o diálogo entre gerações que deve fomentar a educação. Para tanto, contou com a participação especial do professor José Moran, pesquisador e conferencista responsável por cunhar o termo “educação transformadora”. Espanhol naturalizado brasileiro, Moran é reconhecido pelos projetos de transformação que contemplam metodologias ativas e ensino híbrido

“É fundamental que cada um de vocês, como educadores, e eu, como aprendiz, gostemos de aprender sempre. A vida é um projeto de aprendizagem”, ressaltou. “Quando novo, aprendi a olhar para o futuro por meio de professores e a aprender até o final da vida a mudar, rever conceitos e práticas. É preciso aprender o tempo todo, em cada etapa, e gostar do aprender que transforma a vida e as pessoas em mais humanas, abertas e solidárias.” Moran subiu ao palco ao lado de Malu Lira, estudante de 14 anos que já é especialista em educação financeira para famílias e escolas. 

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Diretora de conteúdo da Bett Brasil, Adriana Martinelli reforçou o tema central do evento em 2024, que é “Inovação com propósito: Educação em Diálogo com as Transformações Sociais”. “Nós acreditamos no diálogo para que as pessoas se conectem. E esse prêmio vem ao encontro com a missão da Bett, que é promover o diálogo entre educadores. Desejo que ele continue e que vocês convidem cada vez mais pessoas para a conversa: o diálogo é a força que a gente tem na educação”, sugeriu. 

Ao compartilhar a afirmação, a gerente nacional de educação empreendedora do Sebrae, Ana Rodrigues, reforçou uma crença pessoal e institucional: um país sem educação não se transforma. “Esse prêmio é talvez mais importante para nós do que para vocês. Trazemos uma entrega de valor e um reconhecimento de fato no que acreditamos: na educação como poder de transformação. Sejam bem-vindos ao prêmio que transforma a vida de vocês e de muitos estudantes que estão fazendo o futuro acontecer”, declarou.  

Confira, abaixo, a lista dos vencedores, que receberam, além do troféu, um notebook cada. 


Educação infantil

Crédito: Bett Brasil/ Felipe Perazzolo

Flaviana Bárbara de Souza Machado, de Silvânia (GO)
​​Escola Aprendizado Marista Padre Lancísio
Projeto “Meu Corpo é Tesouro!”

A proposta da iniciativa é debater de uma forma lúdica, junto às crianças, o delicado tema da prevenção aos abusos sexuais na infância, bem como mostrar a importância do cuidado com o próprio corpo. Rodas de conversa e de escuta marcaram o projeto, que ainda resultou em um jogo a fim de alertá-los sobre os tipos de toque que não devem permitir em seus corpos.

Ensino fundamental – anos iniciais

Crédito: Bett Brasil/ Felipe Perazzolo

Luana Alves, de Teresópolis (RJ)
Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida
Projeto: “Empreendedores da Terra”

Os empreendedores rurais locais foram convidados a conversar com os estudantes sobre suas trajetórias de vida e os desafios presentes no dia a dia dos seus negócios. A iniciativa contribuiu para o sentimento de pertencimento à comunidade, valorizando moradores e os trabalhos da cidade localizada na região serrana do Rio de Janeiro. “A educação empreendedora é capaz de fortalecer potencialidades e de promover o futuro com mais habilidade e igualdade”, diz Luana.

Ensino fundamental – anos finais

Crédito: Bett Brasil/ Felipe Perazzolo

Francisco Celso Leitão Freitas, de Brasília (DF)
Unidade de Internação de Santa Maria – Sistema Socioeducativo do DF, vinculada à Secretaria de Justiça e Cidadania
Projeto: “RAP (Ressocialização, Autonomia e Protagonismo)”

A fim de oferecer novas perspectivas para adolescentes que cumprem medida socioeducativa em uma instituição do Distrito Federal, o professor Francisco Celso se baseou em diferentes expressões culturais, sobretudo no apelo reflexivo e social do rap. “Precisamos de mais direitos e menos grades. Como diria o poeta Sergio Vaz, muitas vezes o resultado de ensino de qualidade mínima é igual a presídio de segurança máxima”, afirma o professor, que também ficou entre os 50 finalistas do Global Teacher Prize em 2020 pelo projeto.

Ensino médio

Crédito: Bett Brasil/ Felipe Perazzolo

Daniele Andressa Bassanesi, de Naviraí (MS)
Escola Estadual Antônio Fernandes
Projeto: “Tony Bank: Ferramenta de Educação Financeira Aliada à Construção de Competências e Valores Socioemocionais” 

Prevista pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a educação financeira deve ser assunto da escola e estar aliada ao desenvolvimento de habilidades como responsabilidade e organização. A professora Daniele criou um banco na escola, no qual estudantes acumulavam pontos de acordo com suas entregas acadêmicas e pontualidade, entre outros critérios. A cada bimestre, a bonificação acumulada era revertida para a “compra” de itens obtidos junto à comunidade escolar. “Acredito que o futuro da educação seja por mais jovens agentes da mudança na sociedade, que transformem, de forma empreendedora, suas realidades pelos coletivos no qual estão inseridos”, comenta Daniele. 

Educação profissional

Crédito: Bett Brasil/ Felipe Perazzolo

Leila Cristina Nunes Ribeiro, de Macapá (AP)
IFAP (Instituto Federal do Amapá) – Campus Macapá
Projeto: “Mulheres de Fibra”

Proposta focada na sustentabilidade criou perspectivas de atividade profissional para alunas do Curso Técnico em Edificações, no Instituto Federal do Amapá. O foco está no reuso de fibras que seriam descartadas de forma inadequada na natureza para a composição de materiais cerâmicos, reaproveitados em diversos procedimentos na construção civil. 


EJA (Educação de Jovens e Adultos)

Crédito: Bett Brasil/ Felipe Perazzolo

João Luiz Pereira da Costa Ferreira, de Feira de Santana (BA)
Colégio Estadual Edith Machado Boaventura
Projeto “Pretitude em Foco”

Para valorizar o povo negro e os alunos da escola, que se declaram, em sua maioria, pretos ou pardos, os estudantes protagonizaram um ensaio fotográfico. Nele, utilizaram joias e pedras preciosas em alusão àquelas que foram roubadas do continente africano durante a colonização europeia. 

A ideia surgiu em 2021, a partir de uma crítica feita à cantora Beyoncé, por ter sido a primeira pessoa negra a usar o diamante Tiffany. As fotos dos alunos ganharam uma exposição que já circulou por 15 escolas e dois shoppings centers em Feira de Santana. “Esse projeto ajudou a elevar a autoestima dos meus alunos, que foram modelos, maquiadores, estilistas e produtores do trabalho”, comentou à Agência Sebrae. “Esse prêmio é uma oportunidade de valorizar a dedicação de todos os professores do país que fazem uma educação que transforma vidas, porque esse é o papel da educação, transformar a sociedade”.

Educação superior

Crédito: Bett Brasil/ Felipe Perazzolo

Fabricio Pelloso Piurcosky, de Campo Mourão (PR)
Centro Universitário Integrado de Campo Mourão
Projeto: “Integrow – Ecossistema de Inovação do Integrado” 

A partir de uma demanda dos próprios estudantes para uma formação acadêmica que contemplasse habilidades como empreendedorismo e inovação, o projeto estabeleceu parcerias com startups e outras instituições. “A educação transformadora me trouxe uma nova visão, do aluno que é um empregador, e não um empregado. Isso possibilita que ele esteja muito mais empoderado e muito mais próximo de auxiliar o desenvolvimento da sua cidade e da sua região”, comenta Fabrício.


TAGS

aprendizagem baseada em projetos, empreendedorismo, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior, prêmios

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