O que o Prêmio Professor Porvir representa para os vencedores? - PORVIR
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Inovações em Educação

O que o Prêmio Professor Porvir representa para os vencedores?

Descubra como foi o anúncio da premiação e conheça os relatos emocionantes dos vencedores sobre o impacto do Prêmio Professor Porvir em suas trajetórias

por Ana Luísa D'Maschio / Beatriz Cavallin / Ruam Oliveira ilustração relógio 14 de março de 2025

Nesta segunda edição do Prêmio Professor Porvir, a redação resolveu preparar uma surpresa para avisar quem eram os vencedores. Doze professores receberam um convite enigmático para uma reunião online, na segunda-feira, dia 10, sem saber o motivo do encontro. 

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Quando nossa equipe anunciou que ali estavam reunidos os ganhadores da premiação, as reações foram as mais variadas: das lágrimas ao susto, com alguns pedindo para que a notícia fosse repetida, tamanha a euforia. A emoção tomou conta de todos, refletindo a importância do reconhecimento.

“Não é pelo nosso nome, mas pelos nossos alunos. Todos nós, professores, falamos a mesma coisa, a mesma língua: é pelos alunos”, disse, sem esconder as lágrimas, a professora Ana Paula Belmino Duarte, vencedora da Categoria Educação Socioemocional. 

O que é – e o que vem por aí

🏆O Prêmio Professor Porvir é composto por dez categorias: votação popular, educação básica (infantil, anos finais e iniciais do ensino fundamental e ensino médio) e temas relacionados à cobertura do Porvir (educação socioemocional, antirracista, financeira, tecnologia e metodologias ativas). 

📅Todos os premiados participarão do “Encontro com o Porvir”, evento anual que acontece em maio (data a ser divulgada), e terão suas práticas publicadas em um e-book exclusivo, a ser lançado durante o evento, reunindo os relatos dos projetos vencedores. Clique aqui para ver como foi a primeira edição!

✈️🏅Além disso, cada vencedor receberá passagem e hospedagem em São Paulo, com todas as despesas pagas, e será agraciado com o Selo “Professor Porvir”, reconhecendo-o como influenciador da educação.

Conheça os projetos e leia os depoimentos dos premiados:

Tecnologia e preocupação social

A professora Willmara Marques Monteiro, vencedora da Categoria Tecnologia com a prática “Hackers da Caatinga”, destacou o quanto o seu “projeto do coração”, desenvolvido na Escola Municipal Paulo Freire, em Petrolina (PE), é especial. Ele reflete a vontade de incluir tecnologia nas aulas desde quando decidiu ser professora. 

Willmara Monteiro Alunos na aula da professora Willmara

Willmara iniciou o projeto de maneira desplugada, com papéis, tesouras, cartolinas. Paralelamente, buscou apoio e conseguiu não apenas equipamentos, mas também parceiros dispostos a revitalizar máquinas antigas, o que possibilitou a inauguração do primeiro laboratório de informática da escola.

“O Hackers da Caatinga foi um sonho que começou com canetinhas coloridas e cartolina, um um sonho que eu nunca pensei que fosse tornar tão gigante. Eu só queria mostrar para aquelas crianças que existia uma possibilidade, que eles poderiam, sim, ter acesso à tecnologia.”

Também em Pernambuco, na cidade de Paulista, outro educador encontrou na inovação a base do seu projeto. O professor Sebastião da Silva Vieira, da Escola Jaime Gonçalves Bold, foi o vencedor da Categoria Ensino Fundamental – Anos Iniciais com uma atividade que une robótica, materiais recicláveis e tecnologia para debater os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) (ODS) e estimular o protagonismo dos estudantes.

A iniciativa, desenvolvida com uma turma do 5º ano, utilizou o micro:bit para criar casas inteligentes, mostrando como a inovação pode transformar o aprendizado, mesmo em contextos com poucos recursos. “Foi muito legal participar do prêmio, especialmente por envolver a votação popular. Minha rede se engajou, , comunidade… Foi um processo motivador”, destacou Sebastião.

Detalhes das casas inteligentes construídas pelos estudantes com uso de Micro:bit
Sebastião Vieira Detalhes das casas inteligentes construídas pelos estudantes com uso de Micro:bit

Olhar histórico 

Os vencedores destacaram em suas falas o quanto o Prêmio Professor Porvir oferece visibilidade a causas importantes, assim como às escolas nas quais atuam. Zilda Alves, do Centro de Educação Infantil Professora Teresa Sabel de Araújo, que fica em Blumenau (SC), desenvolveu um projeto de educação infantil que valoriza os saberes dos povos originários da etnia Xokleng, próxima à comunidade escolar.

Projeto de campo da professora Zilda Alves

“A gente precisa se inspirar muito neles porque a natureza está pedindo socorro. É bom saber que vamos dar mais visibilidade à comunidade e aos descendentes dos povos originários”, comemorou a vencedora da Categoria Educação Infantil.

Os educadores Gisele Andrade da Silva e Luiz Carlos Silva Júnior dividem o sentimento de valorização e respeito à história brasileira. Eles venceram a Categoria Ensino Fundamental – Anos Finais com o projeto “Xadrez quilombola”, que adapta o jogo à história dos quilombos, e foi aplicado na Escola Municipal Canabrava, em Flores de Goiás, localizada a 434 quilômetros da capital do estado, Goiânia. 

“A gente sofreu muita retaliação, muito preconceito, muita discriminação. E sempre foi esse sangue quilombola na veia que inspirou a luta”, comentou o professor Luiz, que dá aulas em Goiânia e apoiou a professora Gisele e sua comunidade a implementar o projeto. “Graças ao Porvir, a comunidade quilombola Canabrava será vista e reconhecida”, afirmou.

“Eu sou a criança que começou a estudar com 7 anos de idade e que andava 15 quilômetros e meio a pé, todos os dias, para ir à escola. Continuo acreditando na educação do Brasil”, acrescentou Gisele.

A imagem mostra um grupo de estudantes uniformizados ao redor de uma mesa, onde estão dispostas figuras do xadrez quilombola em miniatura. Todos estão observando atentamente as peças, que lembram personagens históricos, sugerindo que estejam envolvidos em uma atividade educativa relacionada ao projeto "Xadrez Quilombola". A atividade parece focar na valorização da história e da cultura quilombola.
Divulgação Xadrez Quilombola na comunidade Canabrava, em Flores de Goiás (GO)

Memória e cidadania

Carolina Piccarone Ellmann e Malu Vieira, da Escola Lumiar, em São Paulo, desenvolveram com a turma do 8º ano o projeto “Onde estão?”, que aborda uma longa pesquisa sobre desaparecidos políticos durante a ditadura militar, um dos períodos mais sombrios da história do Brasil. São vencedoras da Categoria Metodologias Ativas.

Assista ao trecho do documentário “Onde Estão?”

Realizado antes mesmo da estreia do filme “Ainda Estou Aqui”, que trouxe o tema à tona para o mundo inteiro com a história de Rubens Paiva, o projeto integrou oficinas e produção audiovisual, proporcionando aos estudantes a reflexão sobre memória e justiça. 

Para Carolina, a premiação reforça a importância de discutir esses temas em sala de aula. “É muito bom receber a notícia. Ficamos muito felizes em saber que a memória, a justiça e a verdade podem, merecem e devem estar na nossa sala de aula. Temos que falar disso, dar nome às pessoas, contar suas histórias. A educação é feita de histórias, e elas são fundamentais para o nosso país.”

Malu destaca ainda que a iniciativa fortalece a compreensão dos alunos sobre o valor da democracia. “É importante tanto para nós, educadores, quanto para nossos estudantes, entenderem que a democracia é frágil e que precisamos lutar por ela a todo instante.”

Turma do professor Danilo Daniel dos Santos

A preocupação com a memória e a participação cidadã também está presente no trabalho do professor Danilo Daniel dos Santos, da EMEF Philó Gonçalves dos Santos, em São Paulo (SP). Ele venceu a Categoria Educação Antirracista com um projeto que leva os estudantes para conhecer o bairro, conectando-os à história de Perus e ao conceito de racismo ambiental.

Para Danilo, o reconhecimento com o Prêmio Professor Porvir reforça a importância do trabalho coletivo na educação. “A educação, apesar de todos os problemas, tem um caminho. Muitos projetos vivos, pessoas trabalhando, engajadas… Vamos em frente, as nossas lutas continuam”, celebrou.

Intencionalidade pedagógica

Com a Lei 15.100, que restringe o uso de celulares nas escolas, a mediação do professor e a intencionalidade pedagógica são fundamentais para garantir a tecnologia nas atividades em sala de aula. O professor João Paulo dos Santos Silva, da ECIT Jornalista José Itamar da Rocha Cândido, em Cuité (PB), demonstra como o uso orientado de dispositivos digitais pode enriquecer a aprendizagem. Seus alunos desenvolveram um guia de identificação de aves da caatinga utilizando celulares.

rês jovens seguram mudas de plantas em sacos pretos enquanto conversam entre si. Uma pessoa de costas parece orientar a atividade. O ambiente é aberto, com grama, árvores e um muro ao fundo.
João Paulo dos Santos Silva / Arquivo Pessoal Estudantes da turma do professor João Paulo

“Ganhar o Prêmio Professor Porvir é uma felicidade muito grande, principalmente neste ano em que o celular está tão polêmico nas escolas. O projeto mostra uma possibilidade de utilização com fins pedagógicos e didáticos”, diz o vencedor da Categoria Ensino Médio.

João Paulo também destaca o impacto da conquista para a sua escola e alunos. “Somos uma escola da zona rural, longe da cidade grande, temos muitos alunos super talentosos. A premiação vem para provar isso: independentemente de onde a nossa escola esteja, a gente pode fazer a diferença.”

Educação financeira em alta

A nova categoria do Prêmio Professor Porvir, educação financeira, premiou dois projetos que destacam a importância de desenvolver essa competência essencial entre os estudantes.

A professora Sônia Alexandre Ribeiro, vencedora na Categoria Votação Popular, com 34,25% dos votos, criou um projeto no CEPI Francisco Maria Dantas, em Goiânia (GO), no qual alunos do 6º e 7º ano planejaram a construção de uma cidade fictícia, assumindo profissões e exercitando o gerenciamento do dinheiro. “Eu sempre tive muita dificuldade em gerenciar o meu dinheiro. Ver a rede pública aprendendo a administrar e investir é um sonho. Estou muito emocionada”, disse.

Aluna da professora Sônia Alexandre

Já o professor Sérgio Castanheira de Freitas, com seu projeto no 9º ano na Escola Municipal Maestro Pixinguinha, no Rio de Janeiro (RJ), integrou a matemática às aulas de música, explorando a relação entre a sociedade e o dinheiro por meio da arte. A proposta interdisciplinar vencedora da Categoria Educação Financeira, que inclui audiovisual, dança e rodas de conversa, foi destacada pelo júri pela autonomia que proporcionou aos estudantes, além da colaboração entre os professores e a qualidade da música e gravação.

“Amanhã eu vou chegar na escola e sei que vai ser uma festa! Esse é um projeto que envolveu muito o professor de matemática, Flávio Custódio, que é uma pessoa que se doa muito para a escola. E, claro, todos os outros professores, porque, como professor de música, sabemos que nossos projetos movimentam o ambiente escolar…  Sempre dependemos da boa vontade dos colegas para lidar com a barulheira no dia a dia. Por isso, esse é um prêmio coletivo.”

Clipe do projeto “Dinheiro pra quê?”

Empatia e respeito

A professora Ana Paula Belmino Duarte, da EMEF Prof. Tibério Justo da Silva, em São Roque (SP), ficou emocionada durante toda a conversa com a equipe do Porvir. “Ai, meu Deus, não  vou conseguir falar. Eu até sonhei que não tinha ganho e que teria que contar para as crianças. Foi um pesadelo horroroso, porque o projeto é construído coletivamente. Todas as decisões, tudo o que é publicado, passa pelas crianças, para que tenham criticidade e ajudem a construir”, relatou a vencedora da Categoria Educação Socioemocional.

Seu projeto, que utiliza o teatro como ferramenta para debater bullying e outros temas difíceis, envolve alunos do ensino fundamental e conta com o apoio do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente.



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