20 filmes que exploram o olhar das crianças sobre o mundo - PORVIR
Cena do filme Close (Divulgação)

Inovações em Educação

20 filmes que exploram o olhar das crianças sobre o mundo

Lista traz produções de diversos países com histórias protagonizadas por crianças

por Redação ilustração relógio 25 de janeiro de 2017

ilustração atualização Conteúdo atualizado em 11 de outubro de 2023 com correção de links e atualização da lista

Como as crianças vivem momentos de efervescência política? Como vivem o acirramento da luta de classes? Como elaboram o luto, as perdas e o abandono? Ou a separação de seus pais? Como elas experimentam a pobreza e as mazelas do mundo?

Quando pensamos em filmes com crianças, não vem à nossa cabeça realidades adversas e complexas, mas o cinema tem se dedicado bastante em construir um olhar infantil sobre situações permeadas pelo sofrimento.

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E se a realidade vivida é difícil de suportar, maior a necessidade de substituí-la por outra mais lúdica e poética, o que as crianças fazem melhor do que ninguém.

“O privilégio da infância é podermos transitar livremente entre a magia da vida e os mingaus de aveia, entre um medo desmesurado e uma alegria sem limites (…) Eu sentia dificuldade para distinguir entre o que era imaginado e o que era real”, escreveu o cineasta sueco Ingmar Bergman (1918-2007).

Confira, a seguir, uma lista com produções de diferentes países que registram histórias nas quais diversos acontecimentos – da separação dos pais a eventos históricos trágicos, passando por situações de vulnerabilidade social e o luto – são protagonizadas por crianças.

A disponibilidade dos filmes pode variar de acordo com as plataformas de streaming.

Leia mais:

#1. A culpa é do Fidel (Julie Gravas, França, 2007)

Classificação indicativa: livre

Anna, 9 anos, leva uma vida tranquila e de “princesa” ao lado dos pais e do irmãozinho, em Paris, na década de 1970. A vida da família é alterada pela chegada de uma tia, acompanhada de sua filha, exiladas da Espanha pela ditadura franquista após o desaparecimento de seu companheiro. Os pais de Anna decidem dedicar-se mais ativamente à militância e se mudam para um pequeno apartamento. A mãe passa a escrever um livro sobre o direito ao aborto, enquanto o pai busca apoio ao governo chileno de Salvador Allende, no Chile. Obrigada a deixar a casa e a rotina da qual tanto gostava, Anna se vê cercada de militantes, os “barbudos”, e busca entender e se a adaptar – a contragosto – à nova realidade.

Disponível para assinantes da Apple TV

#2. O Jeremias (Anwar Safa, México, 2015)

Classificação indicativa: 14 anos

Quando a família do pequeno Jeremias descobre que ele é um gênio, com QI acima do normal, tudo fica diferente. Apesar do contexto de pobreza da família e de todos não entenderem muito bem a genialidade da criança, Jeremias tenta ser bem-sucedido e, já aos 8 anos, precisa decidir o que será quando se tornar um adulto.

Disponível para assinantes da Netflix

#3. Minha vida de cachorro (Lasse Hallström, Suécia, 1985)

Classificação indicativa: livre

Ingemar é um menino inquieto de 12 anos que mora com o irmão mais velho, a mãe, e sua cachorrinha Sickan, sua grande companheira. Sozinha, cansada e doente, a mãe envia os filhos para uma temporada com os tios, para que ela possa tentar se recuperar. Ingemar é mandado ao interior da Suécia, onde é bem recebido pelo tio Gunnar. Ali, conhece novos amigos e se insere aos poucos na pequena comunidade, ao passo que precisa lidar com a morte iminente da mãe, com a ausência da cachorrinha e ainda entender o complexo mundo dos adultos. O filme ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e foi indicado ao Oscar de Direção e Roteiro.

Disponível para assinantes do YouTube Filmes

#4. Machuca (Andrés Wood, Chile, 2004)

Classificação indicativa: 12 anos

A passagem da infância para a adolescência também se faz presente em Machuca, sobrenome de um dos dois personagens que protagonizam o filme chileno. Gonzalo, loiro, branco e de uma família abastada, torna-se amigo de Pedro, garoto pobre, de origem indígena e morador da periferia de Santiago. Os dois garotos se conhecem na escola, dirigida por um padre progressista que, no Chile do início da década de 1970, decide colocar estudantes de baixa renda dentro da instituição. Conforme a situação política do país se complexifica e a luta de classes se acirra, os diferentes universos de Gonzalo e Pedro começam a perder as pontes possíveis, em meio a transição violenta do governo de Salvador Allende para a ditadura de Augusto Pinochet.

Disponível para assinantes do MUBI

#5. Infância clandestina (Benjamín Ávila, Argentina, 2012)

Classificação indicativa: 14 anos

A temática da ditadura militar e de pais militantes aparece novamente na produção argentina, baseada na vida e na experiência do próprio diretor. Juan, um menino com cerca de 12 anos, vive na clandestinidade junto com os pais e o tio, militantes montoneros. Para fora de casa, Juan tem outra identidade, Ernesto, e precisa escondê-la de seus novos colegas da escola, incluindo a menina por quem se apaixona, assim como ocultar as atividades políticas de seus familiares. Outra produção argentina que também aborda o olhar infantil sobre a ditadura é Kamchatka, de 2002. No Brasil, O ano em que meus pais saíram de férias (2006) tem enredo semelhante.

Disponível para assinantes do Tamanduá TV

#6. Filhos do Paraíso (Majid Majidi, Irã, 1998)

Classificação indicativa: livre

Ali, um garoto de 9 anos de uma família pobre leva os sapatos de sua irmã para consertar, mas acaba por perdê-los no caminho de casa. Sabendo que os pais não têm dinheiro para comprar outro, ele e a irmã mais nova passam a compartilhar o tênis do menino, o que fazem escondido e com muitos sacrifícios e artimanhas. Para tentar resolver o problema, o garoto se inscreve em uma corrida infantil, cujo prêmio para o terceiro colocado é um novo par de sapatos. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Disponível para assinantes do Google Play

#7. O menino que descobriu o vento (Chiwetel Ejiofor, Reino Unido, 2019)

Classificação indicativa: 12 anos

Baseado em uma história real, este filme narra a história do engenheiro William Kamkwamba, interpretado por Maxwell Simba. Quando tinha 14 anos, construiu um moinho de vento na comunidade onde vivia, no Malawi, região oriental da África. A vila inteira sofria com falta de água, fome e pobreza extremas. Devido à falta de dinheiro, William precisou abandonar os estudos, mas acabou frequentando clandestinamente a biblioteca da escola onde leu muito sobre ciência, o que o impulsionou a começar projetos científicos, entre eles o de uma turbina eólica.

Disponível para assinantes da Netflix

#8. Cinema Paradiso (Giuseppe Tornatore, França/Itália, 1988)

Classificação indicativa: 10 anos

Uma história sobre cinema e infâncias. O pequeno Toto constrói uma amizade com Alfredo, projecionista do cinema local frequentado pelo garoto. O filme é contado pelo Toto já adulto, como uma memória, que agora é um cineasta de sucesso. Ele descobre que seu amigo de infância faleceu e daí parte o início da narrativa. O filme ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1990.

Disponível para assinantes do YouTube Filmes

#9. O menino e o mundo (Alê Abreu, Brasil, 2013)

Classificação indicativa: 16 anos

As questões do mundo moderno pelo olhar de uma criança são traduzidas de uma maneira sensível. Bastante premiada (concorreu ao Oscar de melhor animação em 2016), a animação já foi levada para mais de 80 países. A trilha reúne nomes como Emicida e Naná Vasconcelos. “Dizem que é um filme infantil, mas as pessoas de todas as idades se identificam de alguma maneira. Gosto de pensar que é um filme para as crianças que habitam os adultos”, diz o diretor Alê Abreu. “É um dos filmes brasileiros mais premiados em toda a história do cinema brasileiro. Trata-se de uma obra prima mundial, todo educador deve assistir”, reforça Claudia Mogadouro, formadora de professores em audiovisual, em entrevista ao Porvir.

Disponível gratuitamente no site Itaú Cultural Play, basta se cadastrar para assistir.

#10. Indomável Sonhadora (Benh Zeitlin, EUA, 2013)

Classificação indicativa: 10 anos

O filme mostra uma realidade diferente da que estamos acostumados a ver em produções norte-americanas: a vulnerabilidade social presente nos estados do sul do país. Hushpuppy é uma menina que vive com seu pai doente em uma comunidade pobre do estado da Louisiana, em meio a um lugar pantanoso, afetado por enchentes e desastres naturais – em uma alusão aos impactos do Katrina nessa região do país. Quando uma forte tempestade atinge o povoado, a menina recorre à fantasia e busca encontrar a sua mãe desaparecida e curar o pai.

Disponível em DVD e Blu-Ray no Mercado Livre

#11. Close (Lukas Dhont, Bélgica, 2022)

Classificação indicativa: 12 anos

O filme que representou a Bélgica na corrida ao Oscar de 2023 apresenta a história de dois amigos: Léo e Remi, ambos com 13 anos. Muito íntimos, ao ingressarem na escola os dois sofreram ataques e bullying pela proximidade que têm, que é confundida com um romance. Esses ataques acabam tendo um impacto muito negativo em um deles, levando-o a uma decisão ruim que impacta toda a escola e as famílias de ambos.

Disponível para assinantes do MUBI

#12. A menina e o mar (Gabriel Mellin, Brasil, 2022)

Classificação indicativa: indisponível

O filme conta a história de duas crianças, um menino e uma menina, que possuem formas completamente diferentes de enxergar o mundo. E o mar, que abraça este encontro.
Ele, com medo do que as águas podem trazer, e ela, que encontra poesia em cada grão de areia, aprendem juntos, que para apreciar a vida, basta se entregar aos sentidos. É nessa conexão que nasce uma experiência transformadora.

Disponível para assinantes do SP Cine Play

#13. Os Incompreendidos (François Truffaut, França, 1959)

Classificação indicativa: 14 anos

Inspirado na infância do próprio diretor, “Os Incompreendidos” traz a história de Antoine Doinel, garoto de 12 anos que convive com uma série de problemas: a crise conjugal dos pais e as exigências de um professor severo. Pelos problemas que causa na escola, passa os dias com seu melhor amigo, Rene, fazendo planos arriscados para melhorar de vida, mas acaba tendo problemas com a lei.

Disponível para assinantes do Amazon Prime Video

#14. Valentin (Alejandro Agresti, Argentina, 2002)

Classificação indicativa: 12 anos

Valentin, um menino de 9 anos que mora com a avó na Buenos Aires do final dos anos 1960, acredita que sua família tem problemas que só ele pode resolver. O jovem, que quer ser astronauta, sonha em reencontrar a mãe, separada do pai abusivo de Valentin.

Disponível para assinantes do site JustWatch

#15. Onde vivem os monstros (Spike Jonze, EUA, 2009)

Classificação indicativa: 10 anos

Em 1963, Maurice Sendak lança um livro de 338 palavras sobre um menino chamado Max, que ao ser repreendido pela mãe, vê seu quarto transformado numa floresta mágica. Ao chegar lá, domina os monstros e se torna rei. Sentindo-se sozinho, volta para casa onde uma janta o espera. O livro, rejeitado por professores e livreiros, causava enorme fascinação nas crianças e acabou por vender quase 20 milhões de cópias ao redor do mundo. Não à toa: nele estão representados diversas fases e emoções do desenvolvimento infantil, da raiva ao luto, da imaginação à tirania. Essas mesmas 383 palavras viraram um longa-metragem – muito mais indicado para adultos – que olha mais detidamente sobre a jornada de Max neste lugar assustador, escondido, próximo e familiar no qual vivem os – nossos, de todos – monstros.

Disponível para assinantes do Google Play

#16. Bom dia (Yasujiro Ozu, Japão, 1959)

Classificação indicativa: indisponível

Um dos maiores cineastas do Japão, Ozu ficou marcado por usar um ponto de vista do nível do chão (tatame) ao filmar planos internos. A escolha estética faz ainda mais sentido quando em um filme como Bom dia, um dos últimos do diretor, que retrata a batalha de duas crianças – que fazem uma greve de silêncio – para conseguir um televisor em um Japão em franca industrialização e ocidentalização no pós-Guerra. O enredo, aparentemente trivial, revela os choques entre tradição-modernidade, mundo adulto-infância e ocidente-oriente. Um especialista em extrair tudo que há de mais humano e universal na rotina, Ozu traz neste filme um retrato bem-humorado da rebeldia infantil, da vida escolar e dos desafios de um país em reconstrução.

Disponível para assinantes do MUBI

#17. A viagem de Chihiro (Hayao Miyazaki, Japão, 2001)

Classificação indicativa: livre

Vencedor do Oscar de melhor animação em 2003 (o qual Miyazaki não foi receber em protesto à Guerra do Iraque), o filme retrata a jornada de Chihiro, uma menina de dez anos, em um mundo fantástico, no qual ela se vê presa após os pais serem transformados em porcos enquanto mudavam de cidade, deixando seus amigos e rotina para trás. Lá, ela deve vencer as artimanhas de uma bruxa para voltar ao seu mundo. Maravilhosamente ilustrado pelos animadores do Estúdio Ghibli, A Viagem de Chihiro é também o testamento do percurso sensível da protagonista por um universo estranho e pouco familiar, que todos somos forçados a encarar: o fim da infância.

Disponível para assinantes do Netflix

#18. Kes (Ken Loach, 1969)

Classificação indicativa: indisponível

Morando com a mãe e com um irmão abusivo, o garoto Billy Kasper é estigmatizado pela escola e pelo mundo em que vive, nos arredores da região mineira de York, um local característico da classe operária inglesa em declínio. Desinteressado pelas matérias da escola, Billy descobre um interesse pela falcoaria, começa a estudar o tema e logo captura e domestica um falcão. Um dos primeiros filmes de Ken Loach, um diretor consagrado por retratar as lutas sociais e os desafios das populações mais vulneráveis, Kes apresenta um enfoque próximo e afetivo da vida de um menino remando contra o mundo, movido pela curiosidade, pela inventividade e pela simples necessidade de sobreviver e dar sentido à sua vida, em meio a tudo que lhe agride.

Disponível para assinantes da Apple TV

#19. O Contador de histórias (Luiz Villaça, Brasil, 2006)

Classificação indicativa: 10 anos

O filme é uma biografia de Roberto Carlos Ramos. O filme se passa na década de 1970, na cidade de Belo Horizonte. Então um garoto, Roberto vive com a mãe e nove irmãos em uma favela e acaba indo para a Febem, antiga Fundação Casa. Entre a rua a instituição, o menino vai sobrevivendo de pequenos delitos e se torna usuário de drogas. Na rua, conhece a pedagoga francesa Margherit Duvas que decide adotar Roberto, o alfabetiza e o leva à França, onde tem a oportunidade de continuar os estudos. Anos depois, Roberto retorna à Febem, mas como professor, para educar aos internos.

Disponível para assinantes do portal JustWatch

#20. Meu pé de laranja lima (Marcos Bernstein, Brasil, 2012)

Classificação indicativa: 10 anos

Baseado no livro de mesmo nome que atravessa gerações de brasileiros, o filme conta a história de Zezé, um menino inquieto, que vive em uma família muito pobre no interior de MG, com um pai desempregado e alcoólatra e uma mãe que se esforça para manter a casa. Por conta de suas travessuras, Zezé é constantemente submetido a castigos e privações. Solitário, Zezé brinca no quintal e encontra companhia em um pé de laranja lima, o qual apelida de Minguinho. Em uma de suas confusões, acaba brigando com o Portuga, um senhor que vive nas redondezas. Aos poucos, o menino e o velho vão deixando a rivalidade de lado, tornam-se amigos e compartilham histórias do mundo de fantasias de Zezé. 

Disponível para assinantes do YouTube Filmes


Conteúdo original de Dafne Melo, do Portal Aprendiz – Colaborou Pedro Nogueira, do Portal Aprendiz. 

As classificações indicativas foram verificadas na página do Ministério da Justiça.

ilustração atualização Conteúdo atualizado em 11 de outubro de 2023 com correção de links e atualização da lista


TAGS

cinema, educação infantil, educação integral, ensino fundamental, ensino médio, inclusão, socioemocionais

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