Alunos entrevistam colegas e funcionários da escola para estudar gêneros textuais
Professora do Rio de Janeiro (RJ) relata como a educomunicação serviu para trabalhar o uso da língua com uma turma do 7º ano
por Luana Raquel da Silva Rezende 21 de março de 2018
Para possibilitar ao aluno trabalhar com a língua de forma a perceber as possibilidades que ela nos oferece, como apresentado no livro didático, trouxe o gênero textual entrevista como conteúdo para uma turma de 7º ano do ensino fundamental do Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais (GENTE) André Urani, situado na Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ).
Os alunos sugeriram fazer entrevistas, seguindo um roteiro e a definição prévia do público a ser entrevistado. No entanto, indiquei dois caminhos diferentes: no primeiro, teriam que entrevistar um funcionário da escola, já no segundo, seria a vez de um colega que não fosse da turma. Sem a necessidade de um roteiro pré-estabelecido, conversamos sobre a finalidade de uma entrevista. Elencamos aspectos principais, como despertar o interesse do leitor, conhecer um pouco sobre o entrevistado ou seu trabalho, atenção à adequação da linguagem entre outros.
Leia mais:
– Como iniciar práticas educomunicadoras na escola?
– Alunos-repórteres ganham autonomia com a comunicação
– Cinema e TV precisam refletir o olhar da criança. Mas como fazer isso?
– 10 dicas e 13 motivos para usar celular na aula
Com a intenção de trabalhar as diferenças do uso da língua de acordo com o veículo que utilizamos para manter a comunicação, também sugeri que a entrevista com os colegas da escola fosse feita pelo Facebook Messenger ou pelo WhatsApp. Uma das coisas mais interessantes dessa experiência foi ver que os alunos puderam conhecer melhor os funcionários da escola. Essas entrevistas foram editadas na plataforma canva.com, que oferece ferramentas de design com acesso gratuito. Com essa ferramenta foi possível colocar foto do entrevistado, criar um leiaute e utilizar a criatividade para apresentar aos demais alunos da escola um pouco sobre os funcionários com quais convivem. Já para apresentar as entrevistas realizadas pelo Messenger e WhatsApp, imprimimos as telas e criamos um grande mural digital.
Com essas atividades, não conseguimos apenas trabalhar o gênero textual. De forma prática, os alunos perceberam a necessidade de utilizar um vocabulário mais específico, pontuação, coerência e coesão, além de entender que poderiam trabalhar com seus celulares e contar com a ajuda de seus colegas e funcionários da escola.
Além disso, para elaborar as entrevistas, os alunos utilizaram seus conhecimentos de mundo e conhecimento linguístico. Eles também acionaram as ferramentas que a língua possui para criar um texto, afinal estavam produzindo textos em suportes diferentes. Ao analisar a atividade realizada, acionamos habilidades cognitivas, tais como: implicações de suporte, adequação da linguagem e criação de acordo com o meio em que a entrevista foi realizada.
O interessante foi que para realizar essa atividade, trabalhamos uma série de competências de leitura e escrita: seleção, inferência e predição de forma leve. Uma atividade sugerida pelos alunos possibilitou operar com muitos recursos da língua portuguesa que já eles sabiam e entrar em contato com novos conhecimentos. Eu aprendi muito com os meus alunos.
– Faça como a professora Luana e envie seu relato para a seção Diário de Inovações
– Baixe o ebook dos professores finalistas do Desafio Diário de Inovações
Luana Raquel da Silva Rezende
Professora há 15 anos. Trabalhou nas séries iniciais. Após formar-se em letras pela PUC- Rio, passou a trabalhar com os anos finais do ensino fundamental. Mestre em estudos de literatura. Atualmente trabalha no Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais (GENTE) André Urani, situado na Rocinha.