Ambiente virtual resolve burocracia da escola e leva novas metodologias aos alunos
Apaixonados pela tecnologia e pelo ensino a distância, professores desenvolvem projeto de Ambiente Virtual de Aprendendizagem em escola estadual de MG que atualmente é replicado pela rede
por Roseli da Costa Silva / Saulo Augusto Andrade Biavati 10 de julho de 2019
O projeto, elaborado e coordenado por mim, que sou professora de Língua Portuguesa, e pelo professor de língua inglesa, Saulo Augusto Biavati, teve início no ano de 2018, por iniciativa dos autores e efetiva participação de todos os funcionários e alunos da Escola Estadual Professor Fábregas, em Luminárias (MG). Somos dois professores apaixonados pela educação a distância, que após muitas pesquisas e estudos, chegamos à conclusão de que a plataforma Google Classroom seria a ideal para o sucesso do projeto, visto que a mesma é de fácil manejo e supera as expectativas tanto dos discentes quanto docentes. Inicialmente, tínhamos o objetivo principal promover a interação de alunos e professores em um ambiente virtual de aprendizagem, visto que os alunos já dominavam grande parte dos meios tecnológicos pelos celulares.
O projeto tem como objetivos específicos: incentivar a utilização das tecnologias digitais de informação e comunicação pelos professores; envolver a comunidade escolar veiculando as informações e acontecimentos mais importantes ocorridos tanto na comunidade quanto no mundo; promover a interação entre professores e alunos em um espaço compartilhado adequado às necessidades de cada educando, utilizando a ferramenta como um facilitador da aprendizagem e do compartilhamento de conhecimento em formato digital; promover a interdisciplinaridade e a aprendizagem colaborativa; fomentar a inclusão digital; facilitar a disseminação de conteúdos digitais pelos professores e pelos próprios alunos em um espaço próprio; Incentivar a aplicação de atividades avaliativas através do AVA como forma de desburocratização das atribuições dos docentes.
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No entanto, logo no início do projeto, observou-se que, além do aproveitamento das habilidades tecnológicas dos alunos, haveria grandes ganhos, pois as avaliações e tarefas realizadas no AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem), aumentou o interesse dos alunos em realizar tarefas “para casa”, agilizou a aplicação de avaliações, reduziu custos com materiais impressos e conectou todos os alunos, que anteriormente, não tinham acesso à internet. Para que todos tivessem acesso à internet, a escola disponibilizou o laboratório de informática e a senha do Wi-Fi.
Um fator muito importante neste projeto foi a capacitação de alunos e professores. Embora a maioria dos professores tivessem facilidade com tecnologias, e os alunos com seus celulares, eu e Saulo realizamos reuniões semanais para a capacitação de todos os professores e alunos da escola. Em dois meses todas as turmas e professores já estavam utilizando o AVA. Os alunos da zona rural, em média 30%, também foram inseridos na plataforma, onde criamos e-mails para todos. Como alguns não possuem internet em casa, utilizam o AVA na escola, durante as aulas. E os alunos da Educação Especial, estão também inseridos juntamente com suas professoras de apoio, no qual os professores adaptam as atividades. O projeto é acompanhado pelas supervisoras, pela superintendência e pela Secretaria de Educação de Minas Gerais, além de estar inserido no PPPE (Projeto Político-Pedagógico Estadual).
Antes, quando nossos alunos saiam do ensino básico, embora dominassem as redes sociais, desconheciam a interação de aprendizagem que as redes proporcionavam. O professor também conhecia em algum momento um ambiente virtual de aprendizagem, porém, desconhecia o processo de formatação de uma sala de aula virtual. Hoje, todas as universidades já utilizam o ambiente virtual em suas disciplinas e os alunos já estão preparados para acompanhar qualquer ambiente virtual das universidades, porque o AVA é utilizado para avaliações, trocas de experiências, capacitações, materiais selecionados pelos professores, seminários online, vídeos e materiais produzidos pelas turmas, de maneira interdisciplinar e diversas atividades.
Devido à abrangência do projeto, que inseriu virtualmente toda a comunidade escolar e apoio total dos pais, teve repercussão estadual, primeiramente, tornando-se projeto piloto da SRE (Superintendência Regional de Ensino de Varginha). O projeto está sendo implantando em todas as unidades da superintendência, conforme os materiais de treinamento que disponibilizamos. A Secretaria de Educação de Minas Gerais realizou um documentário pela Escola de Formação, que classifica o projeto como inovador e inédito, e também está promovendo um trabalho de multiplicação por outras do estado.
Após a implantação, adequação e utilização do AVA, o projeto teve reconhecimento local, regional, no Grupo Educacional UNIS-MG, classificou-se em segundo lugar no estado de Minas Gerais no Prêmio Professores do Brasil e em primeiro lugar nacional no Prêmio Professores do Brasil, temática especial: educação mediada pelas tecnologias, promovido pelo parceiro do prêmio CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira). Além dos prêmios e destaques, o projeto foi apresentado no Congresso Internacional TICEDUCA, Lisboa, no dia 07/09/2018 e teve publicação no livro de Atas do Congresso nas páginas 2043 a 2052.
Para este ano de 2019, demos continuidade ao projeto conforme mencionado, com a adesão de escolas de Minas Gerais e parceria com universidade. O Grupo UNIS-MG, aderiu ao projeto ofertando curso pré-vestibular através da plataforma, não somente para os alunos da escola Professor Fábregas, mas à todas as escolas da SRE de Varginha. Além do cursinho, ganhamos também do grupo UNIS uma sala de metodologias ativas e cursos para os professores. Da secretaria de educação, ganhamos 30 computadores novos, notebooks e projetores, modernizando nosso laboratório de informática.
No entanto, os maiores ganhos neste projeto relacionam-se ao protagonismo dos jovens, pois a adesão da universidade aconteceu em razão da reivindicação dos alunos e o AVA está sendo um grande aliado nas tarefas e estudos aprofundados.
Observamos nitidamente, em algumas atividades postadas e elaboradas pelos professores o modelo sala de aula invertida, onde alunos estudam autonomamente as disciplinas em casa, otimizando o tempo em sala de aula para esclarecimentos e aprofundamento dos estudos.
Embora não se tenha discutido com os professores a adesão a este modelo de ensino, adotado em 2007 pelos professores norte-americanos Jonathan Bergman e Aaron Sams, utilizado apenas em universidades, tem-se mais uma vez na escola Professor Fábregas a inovação no ensino, visto que pela plataforma AVA, os professores foram inserindo gradualmente atividades, vídeos, com o intuito de liberar as aulas presenciais para atividades dinâmicas e aprofundamento dos estudos.
Além de todos os benefícios observados em sala de aula ao longo do ano de 2018, o desenvolvimento do AVA ainda ajudou a promover a adoção da sala de aula invertida, e espera-se que, cada vez mais, professores e alunos otimizem seu tempo dentro da escola, desenvolvendo a integração e a efetivação da aprendizagem.
* O CIEB (Centro de Inovação para Educação Brasileira) é parceiro do Porvir e apoiador do Prêmio Professores do Brasil
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Roseli da Costa Silva
Professora efetiva de língua portuguesa da Secretaria de Educação de Minas Gerais, na E.E. Professor Fábregas, em Luminárias. Graduada em Língua Portuguesa e Língua Espanhola pelo UNIS-MG. Pós-graduada em docência no ensino superior (UNIS-MG) e especialista em administração e supervisão (FAVENI). Tutora do curso de Letras/Português (EaD-UFLA). Tem experiência no trabalho com projetos pedagógicos, didáticos e tecnológicos, com artigos publicados no Brasil e no exterior.
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Saulo Augusto Andrade Biavati
Graduado em Letras Português/Inglês pela Universidade Federal de Lavras. Atualmente leciona língua inglesa na E. E. Professor Fábregas, na cidade de Luminárias (MG). Possui experiência docente nas áreas de língua portuguesa, literatura e ensino de línguas e cultura – sua linha de pesquisa acadêmica. Cocriador do Projeto AVA, trabalha com seus estudantes a partir da abordagem mediada pela tecnologia e intitula-se o profissional que “ama cada dia mais aquilo que faz”.