Como é transformar o presente e construir o futuro da educação?
Conheça os 10 professores que serão homenageados na exposição "Encontro com o Porvir" e saiba quais são seus planos para apoiar a mudança dentro e fora da sala de aula
por Redação 14 de outubro de 2022
O papel fundamental dos professores na educação deve ser constantemente reconhecido, muito além do 15 de outubro, data que os homenageia nacionalmente (e oficialmente) desde 1963. Valorizá-los diariamente, com reportagens e registros de suas práticas, tem sido o foco do Porvir nestes 10 anos – e também é o grande tema da exposição “Encontro com o Porvir: trajetória de educadores que transformam o presente e constroem o futuro”, que celebra a primeira década do portal.
A mostra, que acontece entre 8 de novembro e 3 de fevereiro no Museu Catavento – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, localizado na região central de São Paulo (SP), contará experiências criativas e inovadoras de 10 professoras e professores brasileiros, que tiveram práticas publicadas na seção Diário de Inovações do Porvir.
Em homenagem a esses profissionais, além de conhecer um pouco mais da trajetória de cada um deles, você confere, no vídeo abaixo, o que eles consideram urgente para mudar o presente e criar o futuro da educação.
Conheça nossos homenageados:
Formado em geografia, em ciências sociais e em ciências políticas, Paulo Magalhães é mestre em arquitetura e urbanismo, pós-graduado em globalização e economia, além do curso em pedagogia, habilitação em administração e supervisão escolar.
Interessado em explorar a relação entre a cidade e a escola, o professor ocupa as ruas para ensinar geografia. Chamado de “Aula pública”, o projeto, que envolve visitas a museus, prédios históricos e outros espaços públicos, é desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Duque de Caxias, localizada no Glicério, região central de São Paulo (SP). Durante a pandemia, Paulo gravou vídeos em diferentes locais da cidade e usou histórias em quadrinhos para que as crianças pudessem continuar explorando o território, mesmo diante das restrições de distanciamento social.
Entre os principais prêmios que o professor ganhou, estão: o Global Teacher Award, o Prêmio de Educação em Direitos Humanos Oscar Arnulfo Romero, o Prêmio de Direitos Humanos da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo e o Prêmio Comunidade de Aprendizagem, do Instituto Natura.
Leia o relato completo do projeto, publicado em 2017: Professor transforma a cidade em sala de aula para ensinar geografia |
Indígena, a professora Eliane Boroponepa Monzilar pertence ao povo Balatiponé-Umutina. Mora na aldeia Boropo, no Território Indígena Umutina, no Mato Grosso. Licenciada em ciências sociais, tem especialização em educação escolar indígena. É mestre em desenvolvimento sustentável e doutora em antropologia social, ambos pela UNB (Universidade de Brasília). Foi a primeira educadora indígena a conquistar o título de doutora pela UNB. Atualmente, está à frente da gestão escolar da Escola Estadual Indígena Jula Paré, na aldeia Umutina, localizada em Barra do Bugres (MT).
A partir de visitas de campo, os estudantes aprendem com anciãos da comunidade, conhecem nascentes de rios, visitam pontos da demarcação de terras indígenas e descobrem histórias de lugares históricos. Todos os saberes tradicionais são conectados com conteúdos dos componentes curriculares para resgatar a tradição e a cultura do povo Balatiponé-Umutina.
Leia o relato completo do projeto, publicado em 2022: Com apoio de anciãos, escola indígena valoriza cultura e território no MT |
Pedagoga com experiência em psicopedagogia clínica e psicopedagogia institucional, Sandra Cristina da Silva Cassiano foi professora no Centro de Educação Integrada de Maracajaú, em Maxaranguape (RN), onde começou a aplicação do projeto “Caderno de elogios”, no qual os estudantes podem deixar recados positivos para colegas, professores e funcionários da escola. Atualmente, divide sua rotina entre as aulas como professora de educação especial na Escola Estadual Padre José Maria Biezinger (em São Gonçalo do Amarante) e no Colégio Pinheiros (em Natal).
Sandra segue com o “Caderno de elogios” por onde passa. Desde o início da atividade, busca despertar o que há de melhor em seus alunos com o trabalho interdisciplinar e com o uso de palavras de afirmação: todos os dias, suas turmas usam palavras positivas e frases afirmativas em um caderno construído pelos próprios alunos, com folhas de rascunho, decorados com recortes, colagens e desenhos criativos.
A atividade também é conhecida como “Correio da amizade”. “É um momento grandioso, que além de estimular a leitura e a escrita, ainda ajuda a melhorar o relacionamento na escola”, define a professora.
Leia o relato completo do projeto, publicado em 2017: Professora cria caderno de elogios para valorizar autoestima dos alunos |
Professora há 27 anos, Maria Eliete Araújo de Oliveira Arce trabalha desde 2014 com educação infantil em Ariquemes, cidade distante 202 quilômetros de Porto Velho, capital de Rondônia. Pensando em como incentivar as crianças pequenas, de 4 e 5 anos, a lidar com as emoções no retorno às aulas presenciais depois da pandemia, reconhecendo-as em si mesmas e nos outros, a educadora criou uma sequência de atividades.
Entre elas, está a “Roleta das emoções”. À medida que a criança gira e cai em uma determinada representação visual, ela é incentivada a dar nome para aquela expressão e pensar sobre momentos em que já se sentiu assim.
“Ao final desta sequência, percebemos que as crianças ampliaram a maneira de expressar seus sentimentos. Notamos, também, que diminuiu consideravelmente o índice de crianças que batem nos colegas. Elas desenvolveram empatia pela turma, respeitando os momentos em que os amigos estão nervosos ou raivosos”, comenta Maria Eliete, sobre os resultados alcançados na EMEIEF Chapeuzinho Vermelho.
Leia o relato completo do projeto, publicado em 2022: Roleta das emoções incentiva turma da educação infantil a lidar com sentimentos |
Formada em letras e pedagogia, com especialização em língua portuguesa, Débora Garofalo é mestra em educação e professora da rede pública de São Paulo há 17 anos. Atualmente, é coordenadora do Centro de Inovação da Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo. Pelo trabalho realizado nestes anos de carreira, recebeu diversos prêmios importantes, entre eles: Professores do Brasil 2018, Desafio de Aprendizagem Criativa do MIT 2019, Medalha de Pacificadores da ONU 2019, Medalha MMDC Caetano de Campos. É, também, considerada uma das 10 melhores professoras do mundo pelo Global Teacher Prize 2019, Nobel da Educação.
Para driblar a falta de kits de robótica na escola, a educadora, em 2015 (quando atuava como professora de informática) criou o projeto “Robótica com Sucata” na EMEF Almirante Ary Parreiras. Nele, os alunos inventam objetos usando garrafas, tampinhas, canudos e outras sucatas. Hoje, a iniciativa desenvolvida por Débora se tornou uma política pública e é nacionalmente (e internacionalmente) conhecida.
Leia os relatos completos do projeto, publicados em 2016 e 2022, respectivamente: Professora ensina robótica a partir de sucata Robótica com sucata: da sala de aula à política pública |
Elineide Alves dos Santos Fernandes atuou na Escola de Referência em Ensino Médio Senador Paulo Guerra e foi coordenadora de ensino de língua portuguesa na Secretaria Municipal de Educação de Cabrobó (PE). É formada em pedagogia e em letras (português/inglês), com pós-graduação em língua inglesa e em português e literatura pelo Instituto Prominas,
Durante a pandemia da Covid-19, criou o projeto “Vamos escrever juntos?”. A proposta era que os estudantes produzissem textos para um diário coletivo com desabafos, relatos de sentimentos e suas rotinas durante a pandemia. O envolvimento foi tanto que a turma conseguiu até publicar um livro. Agora, um ano depois, os estudantes estão escrevendo o segundo livro com relatos e percepções do retorno presencial.
Atualmente, Elineide é coordenadora do Núcleo Conectando Saberes de Cabrobó e gestora da Escola Municipal Evandro Ferreira dos Santos, que concorre ao prêmio de melhor escola do mundo por oferecer suporte aos pais dos alunos que não tiveram oportunidade de aprender a ler e a escrever, alfabetizando-os por meio da EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Leia o relato completo do projeto, publicado em 2020: Diário online feito por alunos durante a quarentena vira livro impresso |
Professora da educação básica na Secretaria de Educação do Distrito Federal há mais de 30 anos, Gina Vieira Ponte é graduada em letras, mestra em mestra em linguística, especialista em EAD (Educação a Distância), desenvolvimento humano e inclusão escolar. É a única brasileira finalista do Prêmio Ibero-Americano de Educação em Direitos Humanos, de 2015, pelo Projeto Mulheres Inspiradoras, agraciado com outros 13 prêmios.
Defensora da educação para a igualdade étnico-racial e de gênero, a partir da sua inquietação sobre a forma como a mulher era retratada na mídia, a professora criou um projeto que estimulou os estudantes a expandirem o olhar para essas questões. “Descobri que temos um machismo institucionalizado e uma grande resistência em trabalhar questões de gênero. As pessoas temem as repercussões, existe uma estrutura muito conservadora. Precisamos levar esse debate para sala de aula. Mas ele tem que ser uma coisa permanente, não pode ser algo esporádico”, defende.
Com reflexões e trajetórias de referência, seus alunos escreveram um livro com histórias de mulheres inspiradoras; o projeto, que conquistou prêmios e se tornou política pública, atualmente está presente em 41 escolas no Distrito Federal.
Leia o relato completo do projeto, publicado em 2015: ‘Temos resistência em trabalhar questões de gênero na escola’ |
Professora quilombola, Gonçalina Eva Almeida de Santana é moradora do quilombo Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento (MT) desde que nasceu. Em 2019, defendeu tese de mestrado em educação sobre a sua comunidade. É professora e gestora na Escola Estadual Quilombola Tereza Conceição Arruda, que recebeu esse nome em homenagem à professora Tereza, primeira educadora quilombola da comunidade, e uma das precursoras da educação formal em Mata Cavalo.
Gonçalina desenvolve práticas pedagógicas que reforçam os etnossaberes e a valorização da cultura quilombola. Na escola, participou com os alunos da construção de uma Casa da Cultura, nos moldes de uma casa tradicional de uma família quilombola. Com essa atividade, os estudantes foram incentivados a estudar matemática, história, ciências e uma série de disciplinas enquanto faziam cálculos de área, produziam barro e aprendiam mais sobre a história local.
O projeto “Historinhas do Quilombo”, que transforma Chapeuzinho Vermelho em Chapeuzinho Afro e reescreve outras histórias clássicas valorizando as crianças e os jovens do território, foi destaque no Porvir.
Leia o relato completo do projeto, publicado em 2022: Escola quilombola recria clássicos infantis a partir da identidade da comunidade |
Técnico em eletrônica, pedagogo, professor, palestrante, Doug Alvoroçado é mestre em ensino de educação básica, pós-graduado em AEE (Atendimento Educacional Especializado), com experiência em surdez, TEA (Transtorno do Espectro Autista) e outras deficiências.
Na rede municipal do Rio de Janeiro, o professor desenvolveu uma série de projetos que utilizam a tecnologia para promover a inclusão dos estudantes. Entre as iniciativas, Doug já ensinou interpretação de texto com realidade aumentada, elaborou jogos e quizzes acessíveis e criou um emocionômetro para medir a animação e as emoções da turma. As atividades foram realizadas para trabalhar diferentes componentes curriculares e ao mesmo tempo despertar a empatia nos estudantes.
“Eu continuo usando e incentivando o uso da realidade virtual e ampliada na aprendizagem de todas as idades, com todos os tipos de alunas e alunos. Trazer esta tecnologia para a sala de aula engaja na diversão e na imersão da aprendizagem”, afirma o educador.
Leia o relato completo do projeto, publicado em 2022: Realidade virtual como ponto de partida para a inclusão de estudantes |
Professora de duas escolas públicas em Pinhal da Serra, município com pouco mais de 2 mil habitantes no interior do Rio Grande do Sul, Giovana cria jogos para ensinar português, espanhol, inglês e artes. Na Escola Estadual de Ensino Médio São Paulo de Tarso e na Escola Municipal de Educação Básica Professor Tadeu Silveira, Giovana trabalha com jogos de perguntas e respostas, scapes e quizzes em suas aulas.
Formada em letras, com pós-graduação em práticas pedagógicas interdisciplinares e supervisão escolar, criou um site para compartilhar as experiências dos projetos que desenvolve com outros professores.
“O jogo é muito importante dentro do espaço escolar. E, quando falo isso, não quero dizer que é importante apenas para as turmas de alunos menores. Todos nós gostamos de jogar! O jogo estimula o raciocínio, faz com que se trabalhe em conjunto e não de maneira isolada. E isso é muito bom dentro de qualquer sala de aula, bem como a colaboração”, garante Giovana.
Leia o relato completo do projeto, publicado em 2022: Parceria entre professora e estudantes leva jogos às aulas de ensino médio |
Como parte das atividades de celebração aos 10 anos do Porvir, a mostra interativa e multimídia “Encontro com o Porvir: trajetória de educadores que transformam o presente e constroem o futuro” é realizada até 3 de fevereiro, no Museu Catavento – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, localizado na região central de São Paulo (SP). Além das 148 contribuições recebidas em uma campanha de financiamento coletivo, somam-se aos parceiros e apoiadores oficiais do projeto: Camino School, Faber-Castell, FTD Educação, Fundação Educar, Instituto Ayrton Senna e Red Balloon.