Conheça os 10 professores finalistas do ‘Nobel da Educação’
Final do Global Teacher Prize reúne educadores que se destacam por aulas e projetos inovadores mesmo quando tudo parece dificultar o ensino e a aprendizagem
por Vinícius de Oliveira 16 de fevereiro de 2018
No próximo dia 18 de março, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, será conhecido o professor vencedor do Global Teacher Prize, premiação organizada pela Varkey Foundation conhecida como “Nobel da Educação”. Abaixo, resumimos a biografia dos 10 finalistas que concorrem ao prêmio de US$ 1 milhão (R$ 3,3 milhões).
Diego Mahfouz Faria Lima – Brasil
Escola Municipal Darcy Ribeiro
Eleito Educador do Ano na edição de 2015 do Prêmio Educador Nota 10, Diego Mahfouz Faria Lima transformou uma escola que era noticiada nos jornais locais e televisivos como a mais violenta e com as maiores taxas de evasão. Quando assumiu o cargo de diretor em 2014, adotou uma estratégia centrada na recuperação do espaço físico e no engajamento dos alunos e da comunidade, por meio da promoção da gestão democrática.
Em entrevista ao jornal O Globo, Diego contou que, quase como um aluno novo, seu primeiro dia na Darcy Ribeiro não foi fácil. Os estudantes do turno da tarde se rebelaram contra sua presença, fizeram cartazes de protesto, colocaram fogo no banheiro e chegaram até a jogar maçãs em sua direção. À BBC Brasil, Diego lembrou ainda que a escola chegou a registrar 60 suspensões por semana.
Nurten Akkus – Turquia
Escola de educação infantil Ayvacık
Nurten Akkus criou uma escola de educação infantil em Samsun, uma cidade pobre da Turquia na qual as crianças não tinham acesso à educação. Ela teve que buscar materiais, pintar e limpar para garantir que crianças que mal conseguiam se apresentar a estranhos fossem alfabetizadas. Para resolver o baixo nível de participação da família na educação infantil, ela foi pioneira no projeto “Daddy, tell me a Story” (“Papai, conte-me uma história”), que teve impacto na sua cidade e em outras partes do país. Os índices de retenção de conhecimento e de habilidades aumentaram de 20% para 90%. Os distúrbios de comportamento diminuíram. A participação em eventos sociais aumentou 95%. E 100% das famílias ficaram satisfeitas com o seu progresso.
Nurten foi eleita “Professora do Ano na Turquia” por votação popular em 2015 e 2016. Em 2017, foi escolhida para a lista “30 mulheres da Turquia deixando uma marca no futuro”.
Marjorie Brown – África do Sul
Roedean School
Marjorie é uma ex-ativista de direitos humanos, que ensina história para meninas na África do Sul e incentiva o pensamento crítico e a cidadania global. Seus alunos passaram a representar a África do Sul em fóruns juvenis, na Conferência do Clima de Paris e em várias universidades da Ivy League (grupo das universidades de elite dos EUA).
Ela popularizou o programa de alfabetização Kids Lit Quiz na África do Sul, que funciona de forma equivalente às olimpíadas feitas por alunos brasileiros. Os alunos recebem livros como prêmios e as bibliotecas escolares conseguem ficar com os livros usados do programa.
Luis Miguel Bermudez Gutierrez – Colômbia
Colégio Gerardo Paredes IED
Luis é professor, desde 2010, do Colégio Gerardo Paredes, que fica em uma das áreas mais pobres de Bogotá, que convive com problemas como violência armada e abuso sexual. O grande número de adolescentes grávidas e os casos constantes de bullying chamaram sua atenção desde o início e, por isso, ele atuou em três eixos: educação para a sexualidade, direitos humanos sexuais; e o próprio currículo. Em 2014, começou a mudar o currículo escolar, integrando o ensino da cidadania sexual e diversidade de acordo com interesses e necessidades dos alunos. Naquele ano, a escola registrou 70 casos de gravidez na adolescência. No terceiro trimestre de 2017, o número caiu para zero. Por seu trabalho, Luis foi reconhecido como o Melhor Professor da Colômbia de 2017.
Jesus Insilada – Filipinas
Alcarde Gustilo Memorial National High School
Jesus é um integrante da comunidade indígena Panay Bukidnon. Foi o primeiro a obter qualificação profissional em sua família e agora é gestor e professor de uma escola em que 90% dos alunos tem origem indígena. Em seu trabalho de incidência política, ele atua pelos direitos e o bem-estar dos povos indígenas e usa sua própria história para inspirar outros a superar dificuldades e alcançar seus sonhos.
A abordagem de Jesus para o ensino é conhecida como educação baseada na cultura, que norteia as ações de todo o currículo de sua escola. Com ela, os alunos aprendem através de danças tradicionais, músicas, épicos, jogos locais e artesanatos que dão contexto aos seus estudos. Ao menos 87% dos alunos alcançaram o nível de proficiência adequado para sua idade. Jesus recebeu muitos prêmios nacionais e internacionais pela sua filosofia de ensino e pela promoção e apoio à cultura indígena.
Glenn Lee – Estados Unidos
Waialua High & Intermediate School
Com formação de engenheiro elétrico, Glenn Lee mudou de carreira há 24 anos para se tornar um professor de ciências capaz de ensinar alunos experiências do mundo real. Foi um dos pioneiros de um movimento de robótica no Havaí.
Em 1999 fez parcerias e arrecadou US$ 5 milhões para iniciar um programa de robótica dentro de uma comunidade rural isolada. Desde 2007, 87% dos estudantes do professor Lee batem as metas de aprendizado para leitura e matemática. Mais recentemente, o professor tem atuado com legisladores para a elaboração de um projeto de lei para a criação de um Centro de Inovação de STEM (sigla para ciências, tecnologia, engenharias e matemática).
Koen Timmers – Bélgica
CVO De Verdieping
Em 2015, depois de um emocionante telefonema a um funcionário de um campo de refugiados de Kakuma, no Quênia, Koen Timmers decidiu criar uma campanha de financiamento coletivo. A iniciativa permitiu que ele enviasse seu próprio laptop, e outros 20 dispositivos, painéis solares e infraestrutura de internet para o país africano. Hoje, 100 educadores pelo mundo e o próprio Koen oferecem educação gratuita aos refugiados africanos via Skype.
Além disso, Koen lançou três outros projetos que tiveram a participação de 250 escolas em 66 países, que criaram um grande impacto e foram apresentados a formuladores de políticas públicas. O projeto Climate Action, por exemplo, foi apoiado pelo líder espiritual Dalai Lama, a antropóloga Jane Goodall, o Greenpeace, a UNESCO, a National Geographic e o Discovery Channel.
Eddie Woo – Austrália
Cherrybrook Technology High School
Eddie é um professor de matemática e diretor escolar que busca integrar disciplinas e conhecimento prático. Seu programa MathsPASS, baseado na instrução entre pares, prevê que alunos do 11º ano orientem os do 7º na construção de confiança, desenvolvimento de compreensão e das habilidades em matemática.
Em 2012, ele começou a filmar suas aulas de sala de aula para um estudante doente, e colocá-las em seu canal do YouTube chamado WooTube. Isso se tornou um meio poderoso para que alunos começassem a aprender de acordo com o próprio ritmo e serviu como fonte para outros professores.
Andria Zafirakou – Reino Unido
Alperton Community School
Andria ensina na Alperton Community School, escola de ensino médio no distrito de Brent, em Londres, que é um dos lugares mais etnicamente diversos do país. Em sua escola, são faladas 130 línguas. Seus alunos vêm de famílias pobres e expostas à violência de gangues.
Como professora de arte e têxteis e integrante da equipe de gestão, teve a tarefa de conquistar a confiança de seus alunos e das famílias para entender o contexto de onde eles vivem e, a partir disso, redesenhar o currículo. Ela ajudou o professor de música a lançar um coral para crianças da Somália e criou horários alternativos para permitir que os esportes para meninas não ofendessem as comunidades mais conservadoras.
Ao aprender conceitos básicos de muitas das 35 línguas na população de alunos de Alperton, Andria conseguiu se aproximar deles e estabelecer relações com seus pais. Graças aos seus esforços, Alperton está entre as melhores escolas da Inglaterra.
Barbara Anna Zielonka – Noruega
Nannestad High School
Barbara é professora de inglês em uma escola de ensino médio com uma população estudantil multicultural. Entre seus alunos estão tanto os que são altamente motivados quanto os que têm mais dificuldade com o inglês e gostariam de deixar a escola o mais rápido possível. O seu maior interesse é o uso de tecnologia em sala de aula. Seus alunos têm dispositivos próprios e conseguem editar vídeo, criar podcasts, mapas mentais e usar plataformas de aprendizagem.
Um dos projetos mais importantes que ela criou em sua escola é chamado de “Genius Hour” (“Hora do Gênio”). Nele, alunos sugerem um tópico, coletam dados, contatam especialistas via Facebook ou Twitter, elaboram questionários online e compartilham seus resultados com um público internacional. Em maio de 2017, Barbara recebeu um prêmio nacional pelo uso eficiente da tecnologia em sala de aula. No mês seguinte, faturou outro prêmio, europeu, pelo projeto “O Universo é feito de pequenas histórias”.