Embalagens e rótulos aproximam aula do cotidiano dos alunos
Professora de Manaus (AM) relata como usou produtos enlatados para produzir jogos e trabalhar hábitos alimentares saudáveis com a turma
por Izabel Silva Bragança Pinheiro 9 de agosto de 2017
Sou professora na Escola Municipal Santo Agostinho, em Manaus (AM), e fui desafiada a fazer um projeto interdisciplinar com os meus alunos do segundo ano do ensino fundamental. Pensando em trabalhar com algo que estava presente no cotidiano deles, tive a ideia de usar rótulos e embalagens de alimentos para ensinar português, ciências e matemática.
Com a proposta de trabalhar conceitos das disciplinas e ainda valorizar uma alimentação saudável, começamos a juntar rótulos e embalagens para produzir jogos, competições, atividades de leitura, pesquisas e paródias. De maneira interdisciplinar e lúdica, o projeto “Aprendendo com Rótulos” usou produtos enlatados e embalados como um meio de demonstrar que o seu consumo em excesso pode ser prejudicial à saúde.
Quando eu apresentei a proposta aos alunos, eles começaram a refletir sobre a produção e o consumo de produtos enlatados. Procurando alguns materiais lúdicos que tratavam o assunto, eu encontrei a história de uma menina que colecionava rótulos. A partir daí, foi o início de uma série de atividades.
Além de analisar e classificar os rótulos de produtos enlatados, pensei em uma ação que também pudesse envolver as famílias nos conteúdos trabalhados em sala de aula. Chamei os pais para conversar e pedi que eles juntassem algumas embalagens consumidas em casa para produzir jogos com as crianças. Como resposta, surgiram ideias muito criativas de jogos.
Também construímos um jogo que funcionava como uma espécie de trilha para aprender a história dos alimentos enlatados. Os alunos puderam entender que esse tipo de comida surgiu durante a guerra, como um processo de conserva para evitar que os mantimentos estragassem. Para avançar na trilha, os alunos ainda tinham que ler instruções e soletrar palavras.
Até hoje o meu carro está cheio de rótulos e coisas que foram utilizadas durante o projeto. Os alunos começaram a trazer para a escola todas as embalagens de produtos que eles compravam ou consumiam em casa. A produção de jogos foi intensa durante todo o semestre. Para finalizar, ainda compartilhamos os itens confeccionados com as outras turmas do segundo ano.
Diante das dificuldades de aprendizagem na leitura e na matemática apresentadas, os alunos puderam assimilar melhor os conteúdos curriculares. Observei que com essa metodologia eles ficaram mais motivados e aprenderam a trabalhar em equipe, além de ampliarem o seu conhecimento de uma maneira mais prática e proveitosa.
Izabel Silva Bragança Pinheiro
Licenciada em ciências naturais pela UFAM (Universidade Federal do Amazonas). Especialista em psicopedagogia pela FSDB (Faculdade Salesiana Dom Bosco). Professora do ensino fundamental na Secretária Municipal de Manaus, e graduanda em fonoaudiologia na FAMETRO.