Mapas mentais mostram para professora como alunos aprendem em aulas remotas
Professora de ensino fundamental 2 desperta o interesse dos alunos ao trabalhar conteúdos de matemática de maneira mais criativa e engajadora.
por Liliane Anastácio 14 de abril de 2021
Por conta da suspensão das atividades presenciais pela pandemia, foi preciso criar estratégias para que os alunos tivessem engajamento e motivação. Uma das atividades que eu fazia com meus alunos do ensino fundamental em sala de aula presenciais era um resumo dos principais pontos de determinado conteúdo que estava sendo abordado. Essa era uma prática importante para que os alunos pudessem fixar o conteúdo e realizar um estudo sobre o que estavam aprendendo. Porém, devido ao distanciamento, essa ação ficou prejudicada.
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Era preciso desenvolver novas estratégias e, desta maneira, pensei na utilização de mapas mentais para o ensino da matemática. Foi um desafio e tanto, porque esses recursos não são tão comuns dentro da disciplina. Conheci essa estratégia por meio do programa de residência do Instituto iungo. As mediadoras dos encontros mostraram como era um mapa mental e sua diferença para o brainstorming (técnica de discussão em grupo que se vale da contribuição espontânea de ideias por parte de todos os participantes, no intuito de resolver algum problema ou de conceber um trabalho criativo).
Nesse programa de formação, fui apresentada também a algumas referências, como o psicólogo e escritor inglês Tony Buzan, e rapidamente relacionei aos temas da matemática, uma vez que o pensamento matemático também não é linear. O psicólogo mostra em seus materiais que a elaboração de um mapa mental utiliza as duas partes do cérebro. Segundo ele, qualquer pessoa pode construir um mapa mental, porque ele se assemelha muito ao funcionamento do próprio sistema neurológico, com as habilidades de imaginação e associação.
As dicas gerais que eu passo para os alunos são: começar sempre do centro da folha associando uma imagem, utilizar cores, conexões, elementos curvos e palavras-chave curtas. Os alunos podem utilizar a criatividade para fazer letterings (técnica de desenho de letras e mensagens que está em alta entre os estudantes) e ainda existe a possibilidade de adotar mapas virtuais ou manuscritos. No fim das contas, criar um mapa mental é uma maneira de esquematizar um conhecimento sem que nenhuma informação seja esquecida.
Após a apresentação da metodologia, o primeiro mapa mental que sugeri poderia envolver qualquer tema. Eles escolheram diversos, como homofobia, futebol, jogos de videogame e conteúdos de outras disciplinas. Muitos questionavam o que estava certo ou errado e eu sempre deixava claro que isso não existia e o que poderíamos fazer era colocar mais informações, associações e elementos para enriquecer o mapa.
Durante as aulas síncronas, eu projetava os mapas dos alunos (um por aula) e todos juntos faziam sugestões de melhorias nos mapas dos colegas, diziam o quanto as informações estavam claras e a importância de elementos gráficos e das cores.
Na turma que estava trabalhando, o 9º ano, o conteúdo acabou sendo sobre potenciação. Após a discussão do que era potenciação, suas propriedades e a realização de alguns exemplos práticos, pedi para os alunos criarem o seu mapa mental em um momento assíncrono e postassem no Google Sala de Aula.
Às vezes, eu percebia que um mapa mental não continha uma informação considerada importante e isso me dava maior certeza sobre a necessidade de um trabalho de retomada do conteúdo. Depois, os próprios alunos conseguiam fazer alterações e colocar pontos importantes que num primeiro momento tinham passado em branco.
O resultado foi incrível, porque eles puderam criar seus mapas mentais de maneira autônoma e ativa, ficaram interessados em fazer mapas coloridos, criativos e interessantes. O retorno foi tão positivo que eles resolveram inclusive elaborar mapas mentais sobre outros conteúdos, de português, de ciências e tinham o interesse em me mostrar.
A matemática causa esse estranhamento inicial em muitos estudantes e é preciso trabalhar de forma criativa e sair daquelas listas imensas de exercícios, que, apesar de importantes, devem abrir espaço a outras estratégias para despertar interesse em quem pensa que a disciplina é engessada. E com novos recursos para as aulas e mais interesse dos estudantes, todos saímos ganhando.
⭐ Infográfico: Referências para aprendizagem baseada em projetos
Liliane Anastácio
Doutoranda em educação pela Universidade Nacional de Rosario (Argentina). Mestre em matemática pela UFSJ (Universidade Federal de São João Del Rei). Possui graduação em matemática pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e graduação em pedagogia pelo Centro Universitário de Maringá. Atualmente é chefe do DCE e professora universitária no curso de Licenciatura Plena em Matemática da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais - Ibirité). É professora concursada na Prefeitura de Belo Horizonte e na rede privada. Atua com o ensino da matemática nos anos finais do Ensino Fundamental. Tem experiência no ensino de matemática para o ensino médio e EJA. Atua com linhas de pesquisa em geometria e educação matemática. Também atua em linhas de pesquisa sobre matemática nos anos iniciais do ensino fundamental.