Matemática contextualizada impulsiona bons resultados em olimpíada - PORVIR
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Inovações em Educação

Matemática contextualizada impulsiona bons resultados em olimpíada

Engajar é um desafio e, nesses casos, competições como a OBMEP podem servir como ferramenta para gerar interesse nos alunos

por Ruam Oliveira ilustração relógio 9 de março de 2022

Ser bom em matemática não é necessariamente uma realidade que a ciência confirma. Pelo contrário, existem diversos estudos que garantem: todos podem aprender matemática. E a depender de quantos anos o estudante tenha, a maneira como a matemática lhe é apresentada se torna determinante. Pode fazê-lo amá-la ou detestá-la.

Luis Felipe Lins, professor de matemática na Escola Municipal Francis Hime, no Rio de Janeiro (RJ), afirma que a graduação não necessariamente prepara o educador para uma aula de matemática que seja mais divertida. O graduando sai muito mais como um matemático do que como professor de matemática, o que também pode influenciar na maneira como ensina o assunto.

Desde que começou a lecionar, ele e um grupo de amigos se dedica ao que chama de “ressignificar” a matemática. Luiz Felipe, que conquistou o Prêmio Educador do Ano de 2020 (pelo Prêmio Educador Nota 10), aponta que a ideia era acrescentar alguns elementos e retirar outros que poderiam não fazer tanto sentido para os estudantes, como, por exemplo, “as contas com muitas letras”.


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Nesta busca por encontrar uma forma de engajar o pensamento crítico dos estudantes, ele chegou à OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), da qual participa desde a primeira edição, em 2005.

“Eu vou dizer que a Olimpíada é um pretexto e não o meu fim. O meu fim é fazer com que a matemática faça sentido e desenvolva um raciocínio aprimorado nas crianças, e isso acaba vindo ao encontro do que a Olimpíada propõe aos alunos que gostam de enfrentar desafios, que gostam de ser desafiados a resolver problemas”, disse Felipe.

Encontrar formas de engajar a turma pode sempre ser desafiador. Nesse sentido, competições como a OBMEP podem servir como ferramenta para o processo de gerar interesse nos estudantes. É assim que Felipe lida com a atividade. Das 16 edições, seus alunos saíram com prêmios em 13.

O meu fim é fazer com que a matemática faça sentido e desenvolva um raciocínio aprimorado nas crianças

Crítico do uso excessivo das equações de segundo grau, o professor reforça que não se pode esquecer que a missão é formar seres humanos capazes de compreender a função da matemática na vida cotidiana.

A professora Paula Crocoli Sonza, que dá aulas na Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Cruz, em Farroupilha (RS), teve o primeiro estudante premiado na Olimpíada em 2015. Desde então, sempre algum aluno de suas turmas recebe a honraria. Em 2021, foram seis medalhas.

De acordo com Paula, o melhor de participar de eventos como esse é que os participantes convencem os colegas a também se engajar. Pouco a pouco, a disciplina deixa de ter um perfil individual e os estudantes começam a discutir problemas em grupo, criando uma sintonia e interesse comum pela aprendizagem.

Eu sempre digo para eles que, embora a gente goste de alunos com notas boas, eu quero que eles sempre se comparem com eles mesmos

“Eu sempre digo para eles que, embora a gente goste de alunos com notas boas, eu quero que eles sempre se comparem com eles mesmos. Tem que, a cada dia, ser o melhor deles mesmos. Isso não significa que todo aluno vai atingir uma nota nove, uma nota dez, mas aquela nota seis tem que ser o melhor dele naquele momento”, pontua.

Para Claudio Landim, coordenador geral da OBMEP, a prova usada na Olimpíada é completamente diferente da matemática abordada em sala de aula e, por isso, exige uma postura diferente dos estudantes. Não se trata de medir conhecimentos, mas de trabalhar criatividade, lógica e raciocínio por meio das perguntas. Ele afirma que participar da prova é uma maneira de descobrir a matemática por outro ângulo.

Claudio reforça, ainda, que todas e todos devem ser incentivados, não apenas quem é considerado bom em matemática. “Esse ano, por exemplo, nós tivemos a melhor nota no nível 2 de um aluno vindo de uma escola estadual de Alagoas. Esse menino no nível 2 conseguiu notas superiores aos alunos do Pedro II (tradicional escola do Rio de Janeiro) e dos colégios de aplicação dos militares. Tenho certeza de que, em uma prova tradicional, esses outros alunos de escolas tradicionais de elite teriam se saído melhor, mas a Olimpíada apresenta problemas que exigem ideias”, afirma o coordenador.

A OBMEP está com inscrições abertas até o próximo dia 17 de março. Para se inscrever, clique aqui


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competências para o século 21, ensino fundamental, ensino médio

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